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Cada vez mais real

Urbanismo de Curitiba acha “mapa do tesouro” que contribui para reforçar existência do Pirata Zulmiro

Encontro com servidora que descobriu documento da área pertencente ao pirata Zulmiro. Na foto Secretário Almir Bonatto, Elza Kruchelski e Marcos Juliano Ofenbock. Curitiba, 24/01/2025. FOTO: Valquir Aureliano/SMCS

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Pesquisador Marcos Juliano Ofenbock fala sobre o Pirata Zulmiro.

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A história de Zulmiro, o pirata britânico que teria morado em Curitiba, mexe com o imaginário popular e até inspirou a Prefeitura a criar um parquinho temático. Agora, ganhou um novo capítulo. Isso porque servidores da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU) encontraram mais uma importante peça dessa história. 

Trata-se do croqui do Lote 614, um documento oficial do município com mais de 100 anos. A peça virou um verdadeiro “mapa do tesouro” para quem pesquisa pistas e provas de que a história do ex-marinheiro britânico que virou um ladrão dos mares não é apenas uma lenda. 

O Lote 614 foi encontrado pela equipe do Departamento de Cadastro Técnico (UCT) da SMU em seus arquivos, que ficam no Alto da Glória. A pesquisa, análise, catalogação, requalificação e digitalização dos documentos antigos do Urbanismo em Curitiba é uma das ações realizadas pela secretaria. Além de permitir tirar dúvidas técnicas sobre os lotes da cidade ao longo de 331 anos, o trabalho tem importante papel na preservação da história do município.

A servidora e engenheira cartógrafa Elza Kruchelski fez uma cópia do croqui resgatado e entregou ao pesquisador e escritor Marcos Juliano Ofenbock. Há 21 anos, ele busca provas concretas da existência do Pirata Zulmiro e de seu tesouro escondido. 

“A Secretaria do Urbanismo se envolveu em uma caça ao tesouro de verdade e achou uma parte dele: a História, colaborando para enraizar na realidade o que já foi apenas uma lenda. A gentileza de me presentear com uma cópia do Lote 614 gerou um outro processo de descobertas. A partir do croqui, eu e outros pesquisadores encontramos outros documentos e mais respostas”, contou Ofenbock.

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Curiosidade e História

A busca pelo documento nasceu da curiosidade da servidora Elza. Após ouvir um podcast sobre o pirata, em que o pesquisador Ofenbock comentou sobre o lote, a engenheira decidiu procurar o documento. Com apoio da equipe do UCT, ela encontrou o mapa que, posteriormente, ajudou na localização do Lote 614. 

Feito em um material que lembra um tecido fino, o mapa tem o tamanho similar a uma folha A0 (84cm x 118cm). Através dele, foi possível chegar ao croqui. Este, em papel manteiga e redigido com nanquim, traz, em traços vermelhos, o que seriam os limites das terras que pertenciam a João Francisco Inglez, o pirata Zulmiro. O documento, referente a uma área de 49,8 mil m² no bairro Pilarzinho foi registrado na Prefeitura em novembro de 1923. Mas, estima-se, é uma transcrição de um documento mais antigo. 

“É uma área grande, envolve muitos lotes atuais e é difícil confirmar com exatidão o local em que ele morou”, explicou a servidora.

João Francisco Inglez foi o nome que o Pirata Zulmiro teria adotado ao chegar no Brasil. É uma versão meio aportuguesada do nome inglês de batismo: John Francis Hodder.

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Engenheira cartógrafa Elza Kruchelski.

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Novos capítulos

O pesquisador Marcos Juliano Ofenbock conta que suas pesquisas ganharam fôlego a partir do croqui. E a história do João Inglez, novos capítulos.

“Mandei tudo o que tinha encontrado, inclusive o mapa, para outro pesquisador, o Paulo Henrique Colombo, e encontramos outros documentos, anteriores a 1871. Um deles era a solicitação do ex-pirata de um terreno para lavoura, onde hoje é um conjunto habitacional construído na década de 1950”, exemplificou.

A partir daí, as descobertas só foram aumentando. Entre os novos papéis encontrados está uma certidão em que Zulmiro renuncia à religião anglicana para se casar na igreja católica com uma menina de 14 anos, chamada Rita. O documento, datado de janeiro de 1829 e assinado com o nome de “John Francisco” é, até hoje, o mais antigo já encontrado com a assinatura do pirata. 

Em seus trabalhos, os pesquisadores descobriram ainda que João Francisco foi jornaleiro e teve dois filhos. No Censo de 1836, consta que ele ainda estava na região do Pilarzinho, plantando milho e feijão. As novas informações se juntaram a achados anteriores, como o registro da morte de um “João Francisco Inglez”, em 1889, aos 90 anos. 

Ilha do tesouro

A magia em torno da história do Pirata Zulmiro e seu tesouro escondido no litoral brasileiro movimenta profissionais de várias áreas. Ofenbock segue em busca de ajuda para tentar resgatar as riquezas que teriam sido saqueadas de um navio espanhol e enterradas na Ilha da Trindade, no Espírito Santo. 

Diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGPR), ele já arregimentou instituições como a Marinha do Brasil, o Consulado Britânico e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para uma expedição de caça ao tesouro na ilha, o ponto mais a leste do território brasileiro, a mil quilômetros do litoral capixaba.  

Após visitas de reconhecimento feitas no local – que tem acesso exclusivo a pesquisadores e jornalistas – Ofenbock lidera um processo de pedido de autorização ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a caça ao tesouro, prevista para 2027.