Ir para o conteúdo
Prefeitura Municipal de Curitiba Acessibilidade Curitiba-Ouve 156 Acesso à informação
Centro de Apoio à Fauna Silvestre

Tucano com bico quebrado é salvo em Curitiba com prótese feita em impressora 3D

Tucano-de-bico-verde que teve o bico reconstruido com uma prótese feita por impressora 3D no Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS). Na imagem equipe de biólogos que fez a reconstrução do bico do tucano - Curitiba, 07/11/2024. - Foto: Daniel Castellano / SMCS

A equipe do Centro de Apoio à Fauna Silvestre (Cafs), do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba, salvou a vida de um tucano. Ele foi entregue ao Cafs com o bico inferior quebrado e a solução encontrada pela equipe para salvá-lo envolveu a tecnologia, pesquisa e sensibilidade. 

Para o tucano voltar a vida normal, os profissionais fizeram uma prótese em impressora 3D e a cirurgia, que aconteceu na segunda-feira (4/11), foi um sucesso. O tucano se adaptou bem e já está se alimentando normalmente com o novo bico, agora completo novamente.

Segundo a chefe do Serviço de Monitoramento de Animais Selvagens, a médica veterinária Oneida Lacerda, a ave foi entregue ao Cafs por uma moradora do bairro Augusta, que a encontrou machucada perto do Parque Passaúna. O tucano chegou ao Cafs no dia 22 de outubro.

“Não dá para saber o que aconteceu com ele, como se machucou e como quebrou a parte inferior do bico. Apesar do ferimento, ele estava relativamente bem, pesando cerca de 300 gramas e conseguindo se alimentar. Pela aparência do ferimento, ele já estava há algum tempo assim”, explicou Oneida.

Solução inovadora

Durante a busca por alternativas em outras instituições para determinar o melhor tratamento, a recomendação recebida foi a de eutanásia para o tucano.

“Nós não aceitamos e resolvemos analisar mais profundamente as possibilidades no Cafs. Nosso estagiário de biologia Mário Retondo disse que tinha uma impressora 3D e que podia tentar fazer uma prótese para o bico quebrado”, explicou Oneida.

A equipe foi até o Museu de História Natural Capão da Imbuia, no mesmo complexo onde fica o Cafs, e pegou as medidas do bico de um tucano empalhado que faz parte do acervo do local. “Nosso outro estudante de medicina veterinária pesquisou como a reconstituição de bicos pode ser feita e viu que dava certo”, explicou Oneida. 

Foram feitos sete modelos de prótese para ver qual melhor se adaptava ao tucano resgatado. A cirurgia demorou cerca de uma hora, foram feitos furos no bico e na prótese, depois as duas partes foram presas. A prótese também foi fixada com resina odontológica para ficar bem firme. 

“O tucano está superbem e se alimentando. Logo após a cirurgia, enchemos um pote com alimentos e ele foi direto na comida”, contou Oneida.

“Cerca de 25 minutos depois da cirurgia, o tucano já pegou o alimento e se adaptou ao novo bico. Antes, com o bico quebrado, ele perdia cerca de 50% do alimento ofertado. O nosso objetivo com a cirurgia era melhorar a qualidade de vida do animal e conseguimos isso”, contou o biólogo residente do Cafs Samuel Kluck, que também é estudante de veterinária.

A prótese foi feita com plástico PLA (ácido polilático), que é um termoplástico biodegradável, de origem natural e renovável. “Foi uma solução bem barata e o material é mais leve e resistente, bem próximo do que seria o bico natural”, disse Retondo.

Segundo o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna, Edson Evaristo, apesar do sucesso da intervenção, o tucano não será solto na natureza e vai ser levado para o Zoológico de Curitiba.

“Pela natureza da lesão e pela complexidade da solução encontrada pela nossa equipe técnica, é uma ave que não terá mais condições de viver sozinha na natureza. Por este motivo, decidimos acolhê-la junto ao grupo de animais do Zoo de Curitiba, que tem cada vez mais conseguido demonstrar o seu papel como instituição de apoio à fauna selvagem vitimada”, explicou Evaristo.

O que fazer ao encontrar um animal silvestre

Não é qualquer animal silvestre que pode, ou deve, ser resgatado pelos cidadãos. Retirar animais de seus habitats e transportá-los para outros lugares pode causar desequilíbrio ambiental. 

O biólogo Samuel Kluck também explica que animais perigosos não devem ser tocados. “A gente não indica o resgate de animais que representem risco às pessoas. No caso de aves, outros fatores também precisam ser observados antes do resgate”, explicou.

A maioria dos pássaros encaminhados ao Cafs são órfãos ou sofreram alguma lesão e foram resgatados pela baixa chance de sobrevivência na natureza. As orientações, no caso de filhotes, é deixá-lo em um espaço seguro e acessível para que os pais realizem o cuidado. 

Serviço

Centro de Apoio à Fauna Silvestre de Curitiba
Endereço: R. Prof. Nivaldo Braga, 1.395, bosque do Capão da Imbuia
Horário: todos os dias, das 9h às 11h e das 13h às 15h.
Telefone: (41) 3313-5626

Em alta