A Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Esperança do Parolin (Arepar) é uma entre as 40 associadas ao programa Eco Cidadão. Os integrantes da Arepar trabalham no barracão localizado no bairro Parolin (Rua Eugênio Parolin). Lá recebem o material da coleta feita pelos caminhões do Lixo Que Não É Lixo, além daquele entregue diretamente pela população ou por empresas e condomínios do entorno. Em seguida, é feita a separação, triagem e venda para reciclagem e reaproveitamento.
São oito as mulheres, associadas à Arepar, que se envolvem em todas as etapas do processo. Todo dia elas separam cerca de 1,8 tonelada de resíduos recicláveis e orgânicos. “Tudo que os homens daqui fazem, nós também fazemos. Talvez até melhor”, brinca a presidente da associação, Vânia Aparecida Gonçalves, de 43 anos.
Após anos trabalhando como diarista e cobradora de ônibus, o emprego na Associação trouxe estabilidade para Vânia e sua família, desde que começou há dez anos. É o mesmo para Zenaide Alves Pinagé, de 44 anos, que começou com Vânia. Zenaide é responsável por grande parte da renda familiar e pela gestão da casa onde mora com os dois filhos e o marido. Há quatro meses, também se tornou a guardiã da neta, filha do primogênito que faleceu.
Em casa, Zenaide já tinha o hábito de reciclar, limpar e separar o lixo.Ter consciência da importância da separação de resíduos, e levar esse comprometimento ao seu local de trabalho é o diferencial do trabalho de uma mulher, segundo ela.
“Aqui no Eco Cidadão, sem nós, eles não fazem nada. Trabalhamos coletivamente, sem patrão, mas nossa autoridade é uma mulher que é bem respeitada. E também somos nós que temos mais cuidado com a limpeza e a organização das mesas de triagem dos resíduos”, elogia.
Iva Pierroti, presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Unidos do Bairro (Acuba), na CIC, é mãe de três filhos e também se orgulha de ter sustentado a família com o dinheiro da reciclagem. Há oito anos no barracão da Acuba, ela ocupa a presidência da associação há quatro.
"Nós somos mais 'sacudidas', o trabalho funciona melhor", diz, sobre a presença feminina na cadeia da reciclagem. Apenas por lá, dos 24 integrantes, 20 são mulheres. "E a maioria é como eu, mulher sozinha, trabalhando para sustentar a família sem reclamar", conta.
Iva começou a trabalhar no barracão para ajudar a cuidar de um dos netos, que tinha quatro anos na época e é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA). O menino, hoje com 13 anos, é filho do seu filho mais velho e também trabalha com reciclagem. Ela tem outros oito netos e quatro bisnetos.
Ecocidadão
Lançado em 2007, o programa Ecocidadão visa melhorar a qualidade de vida dos catadores de material reciclável da cidade, além de fortalecer a rede de coleta e separação de materiais recicláveis e reutilizáveis. Hoje, são 40 associações que beneficiam cerca de mil catadores e pouco mais da metade são mulheres.
Os associados são remunerados conforme a quantidade de material recebido, valor que é utilizado para suprir as despesas. O lucro vem da venda dos materiais separados nos barracões.
Assim como outras ações da Prefeitura, como o Curitiba Mais Energia, os Ecopontos, Hortas e a Fazenda Urbana, e a campanha da Família Folhas, que inspira a população a separar corretamente os resíduos domésticos, o EcoCidadão é um exemplo de sustentabilidade. À frente desse comprometimento, estão as mulheres.
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