Ainda é muito comum uma pessoa com deficiência ser chamada surda-muda, portadora de deficiência ou especial. No entanto, essas terminologias podem denotar preconceito e falta de informação, na avaliação da assessora de Políticas para Pessoas com Deficiência de Curitiba, Denise Moraes.
Denise não está sozinha. Há um esforço de determinados setores da sociedade civil para tratar — e fazer com que o Estado e a sociedade como um todo trate — as pessoas com diferentes tipos de deficiência de uma maneira que permita uma inclusão cada vez maior na sociedade.
O próprio Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei Nacional Nº13.146), sancionado em 2015, é exemplo do resultado da pressão da sociedade. A lei assegura uma série de medidas que garantem os direitos das pessoas com deficiência.
Segundo Denise, ainda que o Estado assegure direitos, há uma série de ações no dia a dia que podem reforçar a igualdade – e que estão ao alcance de todos. É o caso, por exemplo, de usar termos corretos – o que, segundo ela, ainda é um desafio a ser vencido. “É um processo histórico. Hoje vemos que alguns termos usados décadas atrás podem denotar exclusão”, afirma.
Precisão
Uma pessoa com deficiência auditiva, por exemplo, não deveria ser chamada de muda. “Mudez é reflexo de um problema nas cordas vocais, uma deficiência física”, explica ela.
Para Denise, outro exemplo de terminologia inadequada é chamar uma pessoa com deficiência de “especial” – o que passa uma ideia de ligação afetiva que na maior parte dos casos não existe. Ou ainda falar que alguém é “portador” de deficiência. “Quem porta, literalmente carrega alguma coisa”, diz ela.
Símbolo
De acordo com Denise, a desinformação sobre o assunto chega até ao símbolo de acessibilidade.
O perfil de uma cadeia de rodas com um fundo azul, reconhecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), vale para identificar a acessibilidade a todos os tipos de deficiência – seja ela motora, visual ou cerebral. “Mas muita gente tem um entendimento literal do símbolo, como se ele fosse só para pessoas com deficiência física”, explica.
Essa falta de informação pode resultar em situações no mínimo constrangedoras, como uma pessoa com surdez ser abordada por alguém que acredita que ela não deveria utilizar um serviço por não ser deficiente físico.
Este tema foi alvo de campanha do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoas com Deficiência em 2017.
Em 2015 o Departamento de Informações Públicas da Organização das Nações Unidas (ONU) até criou um símbolo mais amplo. Uma figura simétrica conectada por quatro pontos a um círculo e com os braços abertos. No entanto, o símbolo ainda não foi adotado pela ABNT.
O país, de acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), tem 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência — cerca de 24% da população brasileira.
Termos
Use
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Evite
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“Pessoa com deficiência”
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“Especial” ou “Portador de deficiência”
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“Pessoa sem deficiência”
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“Normal”
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Categorias de deficiência
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- Auditiva (surdez e baixa audição)
- Visual (cegueira e baixa visão)
- Física
- Intelectual
- Transtorno do espectro autista
- Múltipla deficiência
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Clique aqui e saiba mais sobre terminologia para pessoas com deficiência.
Serviço
Mais informações: Assessoria de Políticas para Pessoas com Deficiência
(41) 3262-1330
contatosedpcd@pmc.curitiba.pr.gov.br