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Direitos da Pessoa com Deficiência

Teodhoro veio ao mundo, com um exemplo de inclusão

Teodhoro veio ao mundo, com um exemplo de inclusão. - Na imagem, Intérprete de Libras, Sandra Mara; a mãe Rosilene Gregório e seu filho Teodhoro Gregório. Curitiba, 04/10/2022. Foto: Hully Paiva/SMCS



Teodhoro Gregório nasceu nesta segunda-feira (03/10), às 10h12, com robustos 3,498 quilos e 51 centímetros. Um meninão saudável, como se costuma dizer.

A chegada do bebê foi uma das dez que ocorreram no primeiro dia da semana na movimentada maternidade do Complexo Hospital do Trabalhador, em Curitiba.

A diferença com os demais coleguinhas de berçário – e que Teodhoro vai descobrir com o passar dos anos na convivência familiar – é que seu nascimento foi um exemplo da inclusão das pessoas com deficiência nos serviços públicos promovida pela Prefeitura de Curitiba.

O parto de cesárea não teve intercorrências. Mas foi feito antes do previsto (a data agendada era o dia 20 deste mês). A mãe, Rosilene Gregório, 32 anos, marcara consulta pré-natal para esta segunda-feira (3/10). Não se sentia bem, as dores a estavam deixando nervosa.

“Parece que ele queria sair logo”, conta ela, surda desde os 2 anos de idade.

Rosilene se expressa por meio de Libras, a língua dos surdos, que Sandra Mara Mathias, intérprete da Central de Libras do município, domina há 20 anos.

Sandra marcara o atendimento de rotina para auxiliar virtualmente a consulta de Rosilene.

Logo cedo, ela já traduzia as informações para o médico, que, ciente de que como a mãe se sentia, sugeriu a antecipação da cesárea. Rosilene aceitou. E o que era rotina se transformou rapidamente num caso especial.

Sandra se encaminhou, então, para a maternidade. Ao chegar, os procedimentos do parto já estavam em andamento. Sem a presença dela, apesar do bom atendimento de toda a equipe do hospital, a comunicação estava um pouco truncada.

“Eu estava nervosa. Não estava entendendo direito o que acontecia”, conta Rosilene.

Sandra chegou e passou o restante do procedimento ao lado e da mãe. Ajudava no diálogo com as orientações da equipe. Relatava os procedimentos descritos pelos médicos e o que ela poderia sentir de efeito no corpo. Devolvia as considerações de Rosilene... A comunicação passou a fluir. Rosilene se acalmou.

 “Sou muito grata. Com Sandra do meu lado, tudo melhorou muito. Meu filho nasceu bem, é lindo. Estou muito feliz”, contou.

Para a intérprete, restou a sensação de dever cumprido, além da emoção envolvida em todo o episódio.

“Isso é muito gratificante”, disse Sandra, intérprete de Libras do Departamento dos Direitos das Pessoas com Deficiência há oito anos.

As duas se conhecem há tempos, já que Rosilene frequenta e se utiliza da Central com regularidade, para auxílio em outros procedimentos do dia a dia.

Casada com Jaime Gregório, também surdo, o casal tem outros dois filhos, Alexandre (12 anos) e Caterine (7), ambos ouvintes.

Mãe e filho devem sair do hospital nesta terça – após o teste do pezinho no bebê, como manda o protocolo.

“Agora é vida que segue, muita festa com os irmãos”, diz Rosilene.

Como funciona a Central

A Central atua com três intérpretes – além de Sandra, Lidiane Rozendo e Sônia Franco de Paula, que juntas fazem cerca de 1.000 atendimentos por mês a pessoas surdas.

Como a presença de intérpretes de Libras ainda é baixa na maioria dos lugares, o apoio faz muita diferença no cotidiano dos surdos, como consultas médicas, jurídicas, reuniões, entrevistas de emprego, entre outros.

“A comunicação acessível em Libras é parte importante para inclusão efetiva na sociedade”, diz Denise Moraes, diretora do departamento municipal.

Pouco frequente

Os casos de acompanhamento de partos de mães surdas já ocorreram antes na Central, mas não são muito comuns. O mais habitual é acompanhar as consultas.

O Hospital do Trabalhador, que é um complexo administrado pelo Governo do Estado e atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), registrou apenas dois nascimentos de mães surdas no ano passado – Teodhoro foi o primeiro deste ano.

Com base nos dados do IBGE, o departamento estima que Curitiba tem cerca de 20 mil pessoas surdas, entre homens e mulheres.

Serviço

Para usufruir do serviço da Central de Libras – que pode ser agendado ou feito na hora (caso a pessoa sinta necessidade de auxílio para qualquer episódio) – não é necessário cadastramento, basta entrar em contato.

Os telefones de Whatsapp (para videochamadas) da Central são: (41) 98534-2258, 999974-2594 e 99255-8206.

O telefone fixo: (41) 3221-2262.

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