A capacitação dos teleatendentes da Central 156 de Atendimento ao Cidadão em situações de campo tem sido um importante reforço ao trabalho de abordagem e acolhimento de pessoas que vivem nas ruas da cidade. O serviço hoje representa a maior demanda de protocolos encaminhados pelo 156 à Fundação de Ação Social (FAS).
Dos 3.711 encaminhamentos feitos à FAS pela Central 156 no mês de abril, 2.965 foram para a abordagem social de rua, o equivalente a 79,8% do total. Com a chegada do inverno e o aumento da demanda por albergagem, o treinamento foi reforçado como forma de ampliar a efetividade do serviço. No mês de maio, mais frio, as demandas de abordagem social encaminhadas à FAS pela Central aumentaram para 3.495.
“A capacitação foi para entendermos o trabalho da FAS, que é uma ação de convencimento, porque nem todo mundo que está na rua passando frio quer ir para um abrigo ou para uma casa de passagem", conta Carla Milena dos Santos Clemente, Teleatendente do 156.
"O trabalho da Central é encaminhar esses pedidos. Então, é importante para a gente saber como o serviço é realizado e até para orientação, porque recebemos tanto os pedidos de abordagem para a FAS ir até o local, como também solicitações de informações de como o atendimento funciona”, explica Carla.
Após o pedido da população ao 156, a FAS precisa saber qual é o perfil da pessoa a ser abordada. "É um pedido de urgência que não acontece de imediato, porque tem o tempo de deslocamento da equipe até o local. Então, se não houver o detalhamento, se a pessoa está sozinha ou não e onde ela está, isso prejudica o resultado”, reforça Carla.
Para a coordenadora de Atendimento ao Cidadão, Marilise Gois, o importante da parceria com a FAS no treinamento dos teleatendentes sobre as ações de resgate social está no entendimento do trabalho de campo.
“Muitas vezes o cidadão liga ao 156 querendo que a pessoa seja retirada a força das ruas, o que não é possível, porque as pessoas são livres para circular nas vias públicas. O trabalho da FAS é de convencimento, de ajuda às pessoas sobre os cuidados que precisam ter, uma ação pela dignidade de todos”, diz Marilise.
Capacitação
A capacitação com as equipes do 156 foi realizada no fim de maio e integrou 75 pessoas, divididas em quatro turmas.
De acordo com a diretora de Atenção à População de Rua da FAS, Grace Kelly Pochetti, é o segundo ano do treinamento com as equipes 156. “Foi bem produtivo, porque quem nos dá o balizador do atendimento na Ação Inverno é o sistema 156. Tem dado um resultado muito positivo para nós, porque ajuda na assertividade e na celeridade da ação. Eles podem nos passar o perfil da pessoa a ser atendida, a localização, a real situação”, destaca.
Segundo Grace Kelly, a interface com o 156 também contribui para reduzir o envio de demandas que não pertencem à ação social.
“Nem todo mundo que está na rua é uma pessoa em situação de rua. Pelo fato de a equipe da FAS ser volante, recebemos outras solicitações que não são da área da ação social, como a retirada de lixo ou de animais mortos das ruas, situações de agressões em espaço público, que são demandas de outros órgãos”, observa Grace Kelly.
No portal de serviços da Central 156, que estão dispostos em ordem alfabética, há um link direcionado ao atendimento à população de rua. Os protocolos são enviados à Central de Encaminhamento Social que atende 24 horas por dia, todos os dias da semana.
Marilise lembra que as solicitações ao 156 podem ser encaminhadas também pelo telefone ou pelo aplicativo Curitiba 156, disponível para smartphones nos sistemas Android, pelo Google Play e IOS pela Apple Store .
Em paralelo aos encaminhamentos por protocolos do 156, o trabalho de acolhimento da FAS é feito por busca ativa, bem como as pessoas em situação de rua podem procurar espontaneamente os centros de atendimento.
“Mais que encaminhar para os serviços da rede socioassistencial, o trabalho da abordagem que acontece 24h todos os dias, com o apoio do sistema 156 , salva vidas”, afirma Grace Kelly, da FAS.
Encaminhamentos
As pessoas em situação de rua atendidas pela FAS são encaminhadas, conforme cada caso, a casas de passagem (vagas transitórias em que as pessoas vão para dormir); unidades de acolhimento 24 horas; hotéis sociais para homens, ou ao primeiro hotel social para mulheres Trans e Travestis do Paraná.
Também há unidades de acolhimento de execução indireta, contratadas por meio de licitação (cerca de 150 vagas); as unidades de longa permanência para idosos em situação de rua; a república para famílias migrantes (pessoas não em situação de rua, mas em desabrigo); e espaços de acolhimento emergenciais para o período noturno para posterior encaminhamento.