A Taça Brasil de Ciclismo de Pista, realizada no Velódromo do Jardim Botânico, até este domingo (30/7) é uma disputa nacional, mas que transcende as fronteiras brasileiras: vale pontos para os rankings mundial e olímpico, atraindo cem atletas de sete países da América Latina, entre eles o campeão mundial de 2018 na modalidade Keirin, o colombiano Fabian Puerta.
O desempenho dos ciclistas de Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e Equador tem transmissão ao vivo para vários países. Uma equipe da Rádio Nacional do Uruguai, comandada por ciclistas veteranos, está na borda da pista e narra as disputas em “la ciudad de Curitiba, la linda”.
Entre os locutores, Luiz Alberto Bertorelli, 70 anos, conta que, em sua terceira vinda a Curitiba, está impressionado com a cidade e com a estrutura para a competição.
“Em nosso país, há muita gente interessada em acompanhar o ciclismo ao vivo. Sabemos que no Brasil ainda não é assim. Mas com incentivos como esta Taça Brasil em Curitiba, isso tem tudo para mudar. Curitiba é uma cidade de uma infraestrutura imponente e que impressiona”, disse.
A competição conta com o apoio da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude de Curitiba e está em sua terceira edição, crescendo ano a ano. Em 2019, foram 42 ciclistas nacionais. Depois da suspensão nos anos de 2020 e 2021, por causa da pandemia, retornou em 2022 com 60 atletas, de quatro países.
Pedalar por Paris 2024
Na manhã deste sábado (29/07), os ciclistas enfrentaram as baixas temperaturas na cidade e seguiram nas disputas pelo pódio na segunda etapa da competição.
A Taça Brasil em Curitiba dá chances em dobro para os ciclistas pontuarem: em três días (de 28 a 30/7) em cinco modalidades: Velocidade Individual, Keirin, Omnium, Madison e Eliminação.
Amanhã, as provas ocorrem das 9h às 14h. O acesso do público é gratuito.
Para os competidores, os resultados em Curitiba podem fazer a diferença para carimbar o passaporte para os Jogos Olímpicos de Paris, entre julho e agosto de 2024. Natural de Mossoró (RN) e competindo por Rio Claro (SP), a ciclista Alice Mello, 28 anos, encarou o frio da capital paranaense com este objetivo: ser a primeira brasileira a conquistar uma vaga no ciclismo de pista em Jogos Olímpicos.
“O nível da competição está bem alto e ter um evento como esse no nosso país é um grande presente para todos nós. Estou trabalhando firme nos últimos três anos para tentar a vaga olímpica, em um caminho árduo e quero aproveitar a oportunidade da melhor forma possível”, disse Alice.
Valorizar o ciclismo na cidade
Para Curitiba, a Taça Brasil é a oportunidade de apresentar ao público o formato das disputas, valorizar o próprio local das competições – o velódromo com a vista da estufa do Jardim Botânico ao fundo, é uma das melhores estruturas da modalidade no país a fomentar uma nova geração de ciclistas.
“Houve um período em que Curitiba teve uma tradição de atletas de referência internacional, como o Hernandes Quadri Junior, o Mauro Ribeiro, seguido de uma safra baixa. Nosso propósito é, a partir do fomento dessas competições, fazer com que novos nomes surjam Curitiba e o Paraná voltem a brilhar no celeiro desportivo”, afirma o árbitro da modalidade e um dos responsáveis pela organização da competição, Thiago Soares.
Ele se referiu a grandes nomes do ciclismo nacional: Hernandes Quadri Junior é nascido em Palotina e radicado em Curitiba representou o Brasil nas Olimpíadas de Barcelona (1992) e Atlanta (1996). O curitibano Mauro Ribeiro é o único brasileiro a vencer uma etapa do Tour de France.
Boas lembranças
Campeão mundial da modalidade Keirin em 2018, o ciclista colombiano Fabian Puerta corre a Taça Brasil na capital paranaense a convite da organização do evento. Ele diz ter por Curitiba um carinho especial e boas lembranças: foi na Taça Brasil de 2022 que ele retomou a carreira após cumprir suspensão por doping.
“É muito importante para os ciclistas da América Latina terem provas de rankeamento internacional sem precisar ir para a Europa, além de ampliar a cultura ciclística no nosso continente”, destacou.
Entre seus concorrentes, o maringaense João Vitor da Silva, 26 anos, campeão brasileiro de provas de velocidade, celebrou a competição internacional dentro de seu estado. “É importantíssimo poder competir no nosso país em disputas internacionais. Curitiba tem um grande velódromo, uma das melhores pistas do Brasil”, destacou.
Incentivo de Curitiba
A Prefeitura de Curitiba vem promovendo ações que fomentam diversas modalidades para se tornar a Capital do Esporte. Em 2023, o município já apoiou 70 eventos esportivos e deve passar de 100 até o fim do ano,
Para se adequar a competições internacionais, a Prefeitura promoveu obras no Velódromo no último ano, com reparos no piso e a nova pintura ao espaço. Recentemente, a iluminação da pista também teve melhorias, permitindo corridas noturnas.
Em parceria com o Instituto Municipal de Turismo (IMT) de Curitiba, na noite da sexta-feira (28/7), os atletas foram convidados a fazer um tour pela cidade, que incluiu a visita ao Parque Tanguá e à Torre Panorâmica.