Uma parceria entre a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) e a iniciativa privada está promovendo a produção de cinco casas por meio de um novo sistema construtivo, que promete dar mais agilidade à construção de moradias populares. Nesta quinta-feira (05), a montagem de uma das unidades foi acompanhada pelo corpo de engenheiros da Cohab. Em menos de uma hora todas as paredes estavam erguidas.
O presidente da companhia, Ubiraci Rodrigues, ressalta a importância da busca por novas soluções no setor de habitação. “Temos uma grande demanda por moradia popular na cidade, por isso é muito importante a busca de novas alternativas para agilizar o atendimento. Este novo sistema pode ter uma contribuição relevante neste sentido”, afirma.
Estas cinco casas serão destinadas para atendimento de situações emergenciais detectadas pelo serviço social da Cohab. Quatro delas estão sendo construídas no Moradias Diadema, na CIC, em terrenos que estavam vagos. Ainda não foi definido em que local será erguida a quinta casa. As unidades servirão como uma amostra da aplicação do novo método no setor de habitação de interesse social.
As moradias estão sendo doadas pela empresa Inepar Triunfo, que é a detentora da patente do novo sistema construtivo, denomindado inovatec. A empresa ficará responsável por acompanhar de perto a situação das casas após a mudança das famílias. Em contrapartida, os moradores aceitaram participar de avaliações periódicas sobre as condições de uso das moradias.
Rapidez
Sem utilizar tijolos nem cimento, as casas erguidas pelo novo sistema são compostas por painéis feitos de fibra de vidro, resinas epóxicas e polisocianurato, confeccionados na indústria e levados prontos para o canteiro de obras. De acordo com a empresa, a combinação dos materiais foi amplamente testada, com aprovação da sua eficiência. A tecnologia, inédita no Brasil, é utilizada há muitos anos nos Estados Unidos.
Além de mais veloz, o método reduz consideravelmente a perda de materiais. Enquanto o modelo convencional apresenta perdas em torno de 30%, o novo método reduz este percentual para entre 2% e 3%. Além de evitar o desperdício, o canteiro de obras fica mais limpo e organizado.
A única estrutura que se assemelha ao método convencional é a fundação radier, que é uma laje de concreto armado sobre a qual são instaladas as placas que compõe a moradia. Com a fundação já implantada no terreno, nesta quinta-feira, uma equipe de seis pessoas iniciou a montagem de uma das casas.
Canaletas de fibra de vidro e resina são instaladas na fundação e nelas são encaixados os painéis que formam as paredes da casa. A fixação dos painéis é feita com uma cola especial, de grande resistência. Em 50 minutos todas as paredes da casa de 45 metros quadrados estavam erguidas.
As instalações elétricas e hidráulicas já vêm embutidas nos painéis que formam as paredes da casa. Os materiais utilizados no sistema novo não apresentam problemas como fissuras, infiltrações, emboloramento, descascamento da pintura ou deterioração precoce.
A empresa importou as placas de fibra de vidro para a montagem das casas doadas, mas em breve irá produzir as peças para as unidades em sua fábrica, localizada na Cidade Industrial. No terreno da indústria, existe um protótipo com uma casa semelhante àquelas que estão sendo montadas no Moradias Diadema.
Erguido há dois anos, o protótipo passou por testes de avaliação dos técnicos da empresa para verificação da adaptação da tecnologia às condições locais, principalmente no quesito clima. Agora, com a doação das unidades ao programa habitacional do Município, a Inepar Triunfo pretende acompanhar o uso das unidades pelos moradores, avaliando itens como conforto térmico e acústico e resistência dos materiais.
A intenção da empresa é inserir a tecnologia no programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, produzindo unidades destinadas à chamada faixa 1, formada por famílias com renda até R$ 1,6 mil.
O custo da unidade habitacional pelo sistema inovatec é um pouco maior do que na alvenaria tradicional, mas, segundo os técnicos da empresa, ainda assim ficará compatível com o valor teto fixado pelo Minha Casa Minha Vida, que é de R$ 64 mil. A principal vantagem da tecnologia é a rapidez na construção em larga escala. A empresa calcula que, com o novo método, é possível construir mil casas em um mês.