Sob as árvores do bosque do Hospital do Idoso Zilda Arns, Joaquim Barbosa Santos, 86 anos, reuniu a família, na última semana, para tirar música de sua bandola, instrumento que aprendeu a tocar ainda na infância. A atividade faz parte da filosofia de humanização do atendimento da Fundação Estatal de Atenção Especializada em Saúde de Curitiba (Feaes), que administra o Hospital do Idoso.
Internado durante 16 dias na UTI do hospital, por insuficiência respiratória, seu Joaquim teve um tarde de alegria que o fez esquecer o estado debilitado. “Hoje vou dormir melhor”, disse risonho, de volta ao leito que ocupou por mais poucos dias: na sexta-feira (28/04), ele recebeu alta e voltou para casa.
Esta foi a segunda vez que o hospital é cenário para a música de Joaquim, a primeira foi na inauguração do prédio, há cinco anos. “Naquele dia, viemos todos do coral. Meu marido com a bandola e outros, com violão e sanfona, e os cantores”, contou Terezinha Cândido Costa Santos, há 62 anos casada com Joaquim. Os dois participam do grupo musical Raiz do Passado, no Bairro Novo, há 25 anos.
O casal teve oito filhos e seis deles participaram da seresta improvisada no meio da tarde.
Emoção
Depois de cantar e dedilhar a bandola, com os filhos, mulher e noras, Joaquim percorreu os corredores das enfermarias e a UTI, tirando sorrisos com sua música. “Animei a turma. Eles podem ver que estou tocando mesmo doente. A cabeça não perde o tino. O coração está cansado de viver, mas o velho aqui é teimoso”, brincou.
A reunião foi solicitada pelo paciente, que estava com muita saudade de tocar o instrumento e dos familiares. “Vai ajudar o enfrentamento da doença. É extremamente importante ter essa atividade. Ele é um paciente muito emotivo”, disse Tayna Nayara Nunes, psicóloga do hospital.
A alegria não estava só no olhar concentrado de Joaquim para as cordas da bandola, comprada em 1977, mas no rosto de todos os familiares que puderam compartilhar os minutos de convivência, juntos. “É muito bom estar aqui e ver meu pai alegre”, disse Manoel, o filho mais velho.
Para tirar o paciente do leito e levá-lo de cadeira de rodas até o bosque, Tayna precisou de ajuda. Acompanharam Joaquim, as fisioterapeutas Ana Cláudia Albini Barbosa e Priscila Wischneski Matiskei. “Ações como esta só podemos fazer com a ajuda de todos que trabalham na UTI e todos ficam satisfeitos em ver a alegria do paciente”, explicou Tayna. “É o que faz nosso trabalho valer a pena”, comentou de passagem um enfermeiro.
Atividades semelhantes são feitas com outros pacientes, seguindo os cuidados para ajudar na recuperação.