O auditório da Rua da Cidadania Cajuru ficou pequeno na tarde desta quarta-feira (19/10) para uma das últimas capacitações em 2022 do programa “Assédio sexual não pode fazer parte do trabalho”. Com a apresentação ao grupo de cerca de 180 servidores, a iniciativa lançada em novembro de 2021 pelo prefeito Rafael Greca chega a quase 1.000 servidores municipais preparados para a divulgação do tema.
“Hoje não é admissível que as chefias afirmem que não sabem como agir diante de situações de assédio e importunação sexual no ambiente de trabalho”, alertou o presidente da Comissão Permanente de Sindicância da Procuradoria-Geral do Município (PGM), José Carlos do Nascimento, que comanda as capacitações realizadas desde o lançamento do programa.
Além das apresentações periódicas, as unidades municipais têm cartazes do programa, a cartilha com as principais informações foi encaminhada de forma eletrônica aos servidores e pode ser conferida por meio do uso do código QR nos cartazes da campanha. Há material de divulgação disponível para fixação nos banheiros dos servidores (woblers). No Portal do Servidor há informações nos serviços relacionados ao assédio. Existem canais de comunicação para denúncias e orientações (confira abaixo).
“A Prefeitura de Curitiba enfrenta de frente as questões de assédio sexual no trabalho”, resumiu o procurador. “E a Procuradoria-Geral do Município está de portas abertas para buscarmos meios de lidar com essas situações”, salientou.
Acolhimento e escuta
A assistente social Marisa Mendes sensibilizou o grupo, apresentando notícias que mostram a gravidade do problema do assédio sexual no Brasil e no mundo, e destacou que cada um dos participantes das capacitações tem o compromisso de multiplicar a informação para outros agentes públicos – servidores, empregados públicos, profissionais contratados pelo processo seletivo simplificado (PSS) e empregados terceirizados presentes nas unidades municipais.
Ela destacou ainda os estagiários. “Eles são vítimas vulneráveis, estão na sua primeira experiência de trabalho e precisam estar protegidos”, alertou Marisa ao destacar que é preciso acolher e escutar aqueles que passem por essa experiência.
O procurador compartilhou algumas constatações resultantes do contato com servidores assediados e assediadores.
“Raramente essas situações acontecem às escondidas. Geralmente há colegas que viram, ouviram, mas eles minimizam a gravidade da situação e se omitem. A vítima precisa de apoio dos colegas”, enfatizou.
O procurador disse que é preciso reconhecer quando uma situação pode ser assédio e é essencial buscar ajuda. “Servidoras assediadas têm vergonha de estar nesta situação e quando elas chegam a nós, na Procuradoria, a situação emocional é a pior possível”, detalha Nascimento.
Integrante da equipe da Assessoria de Direitos Humanos, a servidora Gléri Mangger falou das diferentes formas de assédio sexual e sobre a dificuldade de muitos em procurar auxílio. “Queremos que as vítimas não tenham medo de denunciar. Temos casos de servidoras que não querem prejudicar o colega que assediou, elas se sentem culpadas”, comenta.
Gléri observa que após as apresentações nas regionais ao longo desse ano, é comum que os servidores a procurem para relatar situações que já viram acontecer.
Servidora da Prefeitura de Curitiba há 30 anos, Aurea Brustulin considerou importante trazer o tema para o debate. “A palestra mostra que o assunto precisa ser falado para ser combatido”, opina ela, que trabalha no Núcleo da Educação na Regional Cajuru.
Além de servidores da Regional Cajuru e Matriz, participaram da capacitação representantes de diversas secretarias e órgãos. Os administradores da Regional Cajuru, Narciso Doro Júnior, e Matriz, Rafaela Marchiorato Lupion, também estavam presentes.
Como procurar ajuda
Quem quiser relatar situações de assédio (sexual ou moral) conta com o apoio da equipe do Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação (Smap), parceira no programa. O e-mail é assediofaleconosco@curitiba.pr.gov.br . Quem preferir conversar com a equipe de psicólogos por whatsapp, deve entrar em contato pelo número 41 99597-5610.
A última capacitação do programa neste ano será dia 25/10, na Regional Portão.
O programa “Assédio sexual não pode fazer parte do trabalho” é resultado da parceria entre a PGM, a Smap, o Instituto de Administração Pública (Imap) e a Secretaria Municipal da Comunicação Social.