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Dia da Mulher: Eu sou Curitiba

Servidora da Pousada de Maria ajuda mulheres a vencer o ciclo de agressão masculina

A servidora Paula Feitosa Ferreira, de 39 anos, resume o estado em que as vítimas de violência ingressam na Pousada de Maria. Curitiba, 25/02/2025. Foto: José Fernando Ogura/SECOM

“As mulheres que chegam aqui, chegam devastadas, machucadas, com amor próprio esgotado.” É assim que a servidora Paula Feitosa Ferreira, de 39 anos, resume o estado em que as vítimas de violência ingressam na Pousada de Maria, unidade de acolhimento mantida pela Fundação de Ação Social (FAS) que funciona 24 horas e é referência nacional no atendimento a mulheres em situação de violência dos 18 aos 59 anos de idade.

Educadora social da Prefeitura de Curitiba há quase 15 anos, dos quais 13 foram dedicados ao acolhimento institucional, Paula passou pela Casa das Meninas Madre Antônia, antes de iniciar na Pousada de Maria, há quatro anos.

“Nosso papel aqui é retirar as mulheres do ciclo da violência, ajudá-las a organizar a sua vida. A gente faz a reconstrução”, resume a servidora que é formada em Serviço Social. Ela explica que essa organização é complexa e adequada às necessidades de cada mulher. Passa pelos documentos, quando necessários, atendimentos de saúde física e mental, acolhimento das crianças, que vêm junto com as mães, e encaminhamento para unidades educacionais.

De acordo com a servidora, as conquistas das mulheres acolhidas afetam as demais. “Nossas lutas são coletivas. A rede feminina funciona na prática porque uma apoia a outra”, explica. “E mesmo feridas, as mulheres são resilientes”, acentua.

Autogestão da mulher

Paula argumenta que o principal objetivo da equipe é que as mulheres acolhidas alcancem a autogestão, ganhando independência para conduzir suas vidas. “É o empoderamento no sentido prático. A gente dá o suporte para que elas se reconheçam, desenvolvam autoestima, resgatem o amor próprio, conquistem autonomia”, aponta.

“A última coisa é o mercado de trabalho, para que elas tenham independência financeira”, completa.

A servidora observa que o ciclo da violência é um processo bastante arraigado em muitas mulheres. Situações que elas presenciaram na infância e adolescência eventualmente podem se repetir na vida adulta. E ela avisa que não é sobre classe ou etnia. “É uma questão estrutural que pode afetar qualquer mulher na nossa sociedade. O ciclo da violência atinge a todas. As relações abusivas são sutis”, assegura.

Paixão pelo ofício

Paula Feitosa diz que é uma apaixonada pelo trabalho na Prefeitura de Curitiba. “O trabalho me vinculou definitivamente à questão das mulheres, que já era um tema importante para mim desde a faculdade. E o meu trabalho é a extensão da minha vida real. Esse é um assunto sobre o qual precisamos falar. Eu falo até mesmo quando estou na fila da panificadora”, comenta.

Ela diz que procura levar para a vida pessoal o que defende para as mulheres que atende. “Eu tenho uma rede de apoio formada por mulheres. Essa rede de apoio é importante para todas nós e pode fazer toda a diferença”, recomenda.