O servidor municipal Luis Fernando Rückel, de 49 anos, abraçou um desafio de todos e apostou numa nova rotina dentro de casa para reduzir a produção de lixo orgânico e contribuir para uma mudança essencial ao enfrentamento às mudanças climáticas. Depois de fazer o curso de técnicas de compostagem oferecido pela Prefeitura de Curitiba na Fazenda Urbana, ele decidiu aplicar seus conhecimentos no dia a dia com a família, separando e destinando corretamente esse tipo de resíduo.
“O que me motiva a fazer isso é pensar o quanto de material orgânico eu deixei de encaminhar para o aterro sanitário e ainda transformei em algo positivo”, conta Luis Fernando, que trabalha na UPA Sítio Cercado. Usando a composteira em vez de depositar os restos de alimentos numa lixeira a ser levada depois pela coleta de lixo da cidade, ele conta que deixa de produzir quase 300 litros de lixo orgânico ao ano. “Se cada casa fizesse isso, quanto de lixo não deixaria de acumular nos aterros sanitários?”, indaga.
Para a engenheira sanitarista do Departamento de Limpeza Pública da Prefeitura de Curitiba, Alice Santana, as ações individuais, como a composteira de Rückel, geram impacto no planeta.
“Se cada um fizer um pouco na sua casa, podemos ter mudanças significativas. Com a compostagem, podemos reduzir a emissão de gases do efeito estufa, retornar nutrientes ao solo e ainda melhorar a alimentação”, afirma Alice, que foi membro da equipe técnica do COM-POS-TE Curitiba desde o início do programa até recentemente.
Em um cenário em que todas as pessoas de Curitiba fizessem o mesmo por um ano e a produção de lixo semanal fosse igual à da família de Rückel, seria possível evitar o volume de mais de 126,8 milhões de litros de lixo no aterro sanitário, considerada a população calculada pelo IBGE no censo de 2022, de 1.773.718 pessoas. Esta quantidade equivale a mais de 50 piscinas olímpicas.
De acordo com dados do Departamento de Limpeza Pública da Prefeitura, em Curitiba, com as composteiras do COM-POS-TE que estão sendo mantidas pela população, cinco toneladas de lixo orgânico, em média, deixam de ser destinadas ao aterro por mês, o que representa cerca de 10 mil litros mensais.
Cheiro de terra molhada
O curso oferecido pela Prefeitura de Curitiba foi fundamental para Rückel aprender a fazer a compostagem como deve ser. “Passei a ter um composto excelente, desde que aprendi a fazer da forma correta”, revela. Antes do curso, o servidor, que já tinha interesse no tema, usava um balde para a prática. “Eu fazia errado, tinha mau cheiro”, explica.
Luis Fernando usa uma composteira cedida pela Prefeitura de Curitiba, recurso que foi fornecido aos que se inscreveram no programa COM-POS-TE Curitiba. “Tem só cheiro de terra molhada, não tem fedor nenhum”, afirma Rückel, ao mostrar um punhado do composto nas mãos.
“A compostagem gera o adubo e o biofertilizante líquido, que são bons para as plantas”, conta. O servidor costuma doar o composto para conhecidos, familiares e colegas de trabalho. “Também coloco no jardim do condomínio, as plantas adoram”, comenta.
Alice Santana diz que o caso do servidor não é único. “A entrega de composteiras foi um sucesso. A comunidade é envolvida, as pessoas mandam fotos e vídeos, o interesse se mantém”, conta.
O COM-POS-TE Curitiba disponibiliza o manual de compostagem doméstica, que explica o básico para começar a usar uma composteira em casa. No material, é possível conferir os resíduos que podem ser utilizados, a maneira de montar e operar a composteira, como saber se o composto está pronto e como usá-lo.
É fácil
Para Rückel, manter uma composteira no apartamento é uma tarefa fácil. “Em casa, todos ajudam a encher a composteira com lixo orgânico, como cascas de banana e borra de café”, conta. Ele alerta que é necessário revolver o material e usar matéria seca, como serragem, grama cortada ou folhas secas, da maneira correta. “O segredo é saber fazer. Uma dedicação de uns 30 minutos por semana já é o suficiente”, assegura.
“O processo é um ciclo, cada caixa da composteira está em uma etapa diferente e comporta o lixo de duas semanas da minha residência em que moram quatro pessoas”, diz. E mostra: “essa aqui está mais verde, ainda dá para ver os resíduos orgânicos”.
Compostagem levada a sério
O servidor aprofunda o conhecimento sobre compostagem com o Trabalho de Conclusão de Curso na pós-graduação de Gestão de Cidades Inteligentes do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap), para servidores e a comunidade em geral.
Rückel quer entender qual tipo de matéria seca usada tem a maturação mais rápida e o quanto isso interfere no tempo final. “Já comprei uma nova caixa de compostagem e um medidor de pH, umidade e temperatura para me ajudar nesse processo”, finaliza.