Com a diminuição dos efeitos da pandemia de covid-19, o Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de Curitiba registrou em 2022 um acentuado crescimento nos serviços prestados, o que demonstra o retorno dessa população às atividades fora de casa.
Essas atividades tiveram neste ano um importante marco de melhoria na área de cultura e lazer, com o Cine Passeio passando a oferecer nas suas sessões regulares a tradução de Libras para surdos e audiodescrição para cegos – trabalho implementado pela Fundação Cultural de Curitiba com apoio do Departamento.
Os serviços oferecidos às pessoas com deficiência incluem transporte, atendimento psicossocial, assessoria jurídica, capacitação, tradução de Libras e apoio à empregabilidade. São ações que registraram volumes até 111% maiores que em 2021 – chegando, portanto, a mais gente – e são fundamentais para melhorar a inclusão na cidade.
“Curitiba zela pelo bem estar de todos os seus moradores e promove a inclusão de forma continuada”, diz o prefeito Rafael Greca. “Quanto mais pudermos, mais faremos pelas pessoas que necessitam de auxílio e buscam cada vez mais autonomia.”
Para a diretora do Departamento, Denise Moraes, o aumento do volume de serviços prestados é resultado da volta à normalidade no período pós-pandemia.
“É gratificante auxiliar as pessoas e promover a inclusão num período em que esse apoio é ainda mais importante para elas se sentirem mais seguras para realizar suas atividades”, afirma Denise.
Vinculado à Secretaria do Governo Municipal (SGM), o Departamento atua de maneira transversal, interagindo com vários outros setores e secretarias municipais, como a FAS (Fundação de Ação Social), a FCC (Fundação Cultural de Curitiba), Smelj (Secretaria Municipal de Esporte e Lazer) e Instituto Municipal do Turismo. Dessa forma, viabiliza projetos e assegura que os requisitos de acessibilidade estejam cada vez mais presentes nos vários projetos e programas do município.
Libras em alta
Um dos serviços mais demandados do setor, a Central de Libras mais que dobrou seus atendimentos em 2022 – alta de 111% em relação ao ano anterior.
Foram cerca de 9.500 atendimentos a pessoas surdas, de forma on-line ou presencial, para os mais variados casos do dia a dia dos usuários: de apoio num atendimento no banco ao fechamento de um negócio imobiliário, de uma consulta médica a uma conversa com advogado ou outro profissional.
Entre esses milhares de atendimentos, um chamou atenção por ser incomum e especial: o apoio ao nascimento de Teodhoro. A tradutora de Libras Sandra Mara Mathias foi fundamental para que os procedimentos de uma cesárea decidida em cima da hora transcorressem de forma tranquila para a mãe surda. O tema ganhou destaque nacional, em reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo. (Clique aqui e saiba mais)
Além disso, foram feitas 82 traduções em eventos, número 4% maior do que o registrado no ano passado.
Central, destaque internacional
Num ano cheio, a Central ganhou projeção internacional ainda no começo do ano. Graças ao prêmio obtido em 2021 pelo programa de conversação em Libras, o trabalho foi apresentado na conferência Zero Project, realizada em Viena (Áustria).
Idas e vindas garantidas
O Transporte Acesso, por sua vez, teve um crescimento de 77%, fechando o ano com 18,7 mil atendimentos realizados. Além disso, o número de beneficiados cadastrados aumentou 23%, para 1.471 pessoas.
O serviço funciona porta-a-porta, levando os usuários às mais diversas atividades (consultas médicas, sessões, reuniões, comércio, banco etc).
Inclusão pelo emprego
Com três ações realizadas (incluindo uma semana inteira de atividades e mutirões de emprego), o apoio à empregabilidade também teve um forte incremento em 2022.
O número de atendimentos realizados chegou a 1.696, 78% a mais dos registrados em 2021.
Além de promover inclusão efetiva, esse trabalho faz uma ponte importante entre quem procura um trabalho e as empresas que buscam preencher suas vagas com Pessoas com Deficiência (uma obrigação legal).
Participaram da Semana da Empregabilidade, realizada em setembro, 30 empresas que disponibilizaram mais de 500 vagas. O apoio prestado pelo Departamento facilita todo o processo até a efetivação do emprego.
Os auxílios incluem desde reunir empresas e interessados num só espaço até fazer a tradução de Libras, dar orientações diversas (para confecção de currículo ou procedimentos de entrevista, por exemplo), acompanhamentos e encaminhamentos personalizados quando isso é necessário.
“Quero muito me desenvolver e também dar retorno para empresa”, disse Andreia Grober, deficiente visual que participou das ações.
Capacitações
Outro serviço cujo volume mais que dobrou foi o de capacitações feitas pelo Departamento, que leva uma série de informações e vivências para as mais variadas instituições (públicas ou privadas) e órgãos.
As capacitações foram realizadas em 40 repartições, como o Tribunal Regional Eleitoral, o Memorial Paranista, clubes e vários setores da administração municipal. O volume é 110% maior que as 19 capacitações realizadas no ano passado.
O trabalho contribui para melhorar a inclusão ao levar para pessoas que lidam com público diversos temas ligados às pessoas com deficiência, como terminologia e comportamentos apropriados, categorias de deficiência e formas de acessibilidade.
Além disso, é feita uma vivência relacionada a diferentes tipos de deficiência.
“É muito importante perceber de que forma podemos ser mais receptivos e acolher pessoas com deficiência”, diz Camile Liege Naves, estagiária do Icac que participou da capacitação no Memorial Paranista.
Garantia de direitos
Já o atendimento psicossocial registrou em média 320 atendimentos por mês, totalizando quase 4.000 em todo o ano. Trata-se de um serviço que contribui na garantia de direitos na medida em que há casos que podem envolver negligência com cuidados, abusos ou outras situações.
Em outra frente de auxílio, a assessoria jurídica somou 1.780 atendimentos no ano, informando, orientando ou encaminhando serviços para questões envolvendo pensões alimentícias, isenções, benefícios e legislação em geral.
Cine inclusivo
Marco da inclusão no lazer e cultura da cidade, o Cine Passeio, espaço da Fundação Cultural de Curitiba que é referência na capital, implantou este ano com apoio do Departamento a tecnologia necessária para que todas as sessões regulares tenham tradução de Libras para surdos e audiodescrição para cegos.
No Cine Passeio pessoas com deficiência podem escolher que sessão e filme assistir, não ficando mais limitadas a eventuais sessões especiais inclusivas em algum cinema da cidade.
O serviço agradou aos usuários.
“A gente ouve os diálogos [entre os personagens] e com a audiodescrição entra na cena do filme”, diz Veronice Ferreira, cega há oito anos. “Eu sei o que assisti.”
O novo serviço ampliou a estrutura de acessibilidade do cinema, que já contava com rampas, banheiros, espaços para cadeirantes e elevadores.
Lazer inclusivo
Em outubro, em parceria com a Smelj, foi lançado o Lazer para Todos, voltado à inclusão das Pessoas com Deficiência e com doenças raras. As atividades são abertas a toda comunidade e disponibilizam uma série de brinquedos e recreações, entre eles vários acessíveis.
A iniciativa faz parte do Curitiba Viva Bem, um conjunto de políticas públicas da Prefeitura que promove a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida da população.
Turismo
Outra ação importante foi a implementação de audiodescrição na Torre Panorâmica, dentro do programa Destino Turístico Inteligente, de que Curitiba participa.
Além disso, capacitações foram realizadas em pontos turísticos da cidade.
O departamento ainda subsidiou os projetos de reforma do Jardim Botânico para questões de acessibilidade, além do de implementação de vaga de estacionamento preferencial no Parque Tanguá.
Jovens defensores
Já o projeto Jovens Defensores, que promove protagonismo e cidadania, teve continuidade em 2022 com ação na Câmara Municipal chamada Ação Legislativo.
O grupo de oito participantes, com idades entre 14 e 24 anos, aprendeu sobre os procedimentos e trâmites da Casa Legislativa, relataram suas experiências e apresentaram reivindicações.
O projeto faz parte de um movimento chamado autodefensoria (self-advocacy), que busca melhorar a autonomia de pessoas com deficiência, desenvolvendo habilidades para que possam representar a si mesmas, conhecendo seus direitos e responsabilidades.