Como os servidores públicos podem, com o seu trabalho, ajudar no enfrentamento à discriminação, ao preconceito e à violência contra o público LGBTI+ foi o assunto do seminário Dialogando Sobre a Diversidade nas Políticas Públicas, promovido pela Assessoria de Políticas da Diversidade Sexual nesta quinta-feira (10/8), no Salão de Atos do Parque Barigui.
O psicólogo Leonardo Bastos, especialista em Políticas Públicas LGBT+ e ex-subsecretário de Políticas Públicas LGBT+ do Mato Grosso do Sul, abriu o evento. “A criminalização da LGTBIfobia foi a virada de chave para o avanço dos direitos da nossa população, e agora a preocupação que se impõe ao poder público é respeitá-los”, disse.
Visibilidade e inclusão
Para uma plateia formada por servidores de todas as áreas da Prefeitura, Bastos lembrou a importância de os formulários dos diferentes serviços terem espaços para identificação do público LGBTI+. Em Curitiba, é o caso da rede municipal de saúde, que dá espaço ao nome social dos pacientes que assim preferem se identificar, e a plataforma Conecta Curitiba, cuja base de dados pede o registro da orientação sexual e identidade de gênero do público em geral.
“Se as informações sobre o universo LGBTI+ não emergem, não é possível enxergá-lo adequadamente. Então, ficamos sem indicadores para o planejamento das políticas públicas, além de continuar aberto o espaço para a discriminação e a violência, que não podem ser toleradas”, frisou Bastos, que chama a atenção para mais um desafio: a empregabilidade do segmento.
“Precisamos continuar vivos e saudáveis, como qualquer pessoa, mas não só isso. Precisamos trabalhar e as políticas públicas podem e precisam ser eficientes ao oferecer cursos e capacitações visando ao emprego e empreendedorismo”, disse.
Especialistas
À tarde, durante a mesa de debates aberta aos participantes e mediada por Leonardo Bastos, compareceram a especialista em Direitos Constitucionais e em Gestão Pública Ana Raggio; e o coordenador nacional do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades da Aliança Nacional LGBTI+) e membro do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania Fabian Algarte.
Também debateram com o público a coordenadora nacional do LesboCenso e vice-presidenta do Conselho Municipal de Diversidade Sexual, Grazielle Tagliamento; a ouvidora-geral da Defensoria Pública do Paraná, Karollyne Nascimento; e a fundadora e coordenadora da ONG Mães pela Diversidade no Paraná, Marise Felix.
Conhecimento para a prática
A educadora social Roseli Gonçalves e a psicóloga Cristina Yuasa trabalham na FAS (Fundação de Ação Social) e elogiaram o seminário. “É necessário entender a diversidade sexual para podermos atender melhor o público, seja LGBTI+ ou familiares de LGBTI+”, disse Roseli.
Para Cristina, a oportunidade de aprendizagem é importante para a reflexão sobre o acolhimento da população. “A partir disso, somos estimulados a pensar e propor soluções para problemas típicos desse público, como o isolamento”, disse. Segundo ela, a oferta de grupos – como rodas de conversa – ajudaria as pessoas a se fortalecerem. “Seria importante para sair da caminhada solitária, que pode ser perigosa, ampliar riscos e a vulnerabilidade”, argumentou.
O professor de Educação Física Carlos Marchiotti, da Assessoria da Juventude da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) e suplente no Conselho Municipal da Diversidade Sexual, contou que os conhecimentos adquiridos no seminário serão replicados por mensagem para as equipes regionais.
“O preconceito é um assunto que emerge com frequência nas atividades físicas, em especial nas escolas, e os professores precisam estar preparados para orientar adequadamente a garotada”, disse.
Segurança humanizada
A Secretaria Municipal da Defesa Social e Trânsito destacou para o evento os guardas municipais Carlos Oliveira e Marcos Araújo. A escolha não foi aleatória. Os dois atuam em uma área sensível para a corporação: a instrução sobre Direitos Humanos, repassada em cursos obrigatórios oferecidos no Centro de Formação da Guarda.
“É muito bom para enriquecermos a abordagem do tema Diversidade Sexual as aulas de qualificação profissional”, disse Araújo. O assunto, observou Oliveira, também é tratado de forma lúdica pelo teatro de fantoches da Guarda. “O combate ao preconceito entra em cena quando o assunto dos bonecos é o bullying”, lembrou.
Participaram do evento o assessor de Políticas da Diversidade Sexual, Fernando Ruthes; a assessora de Direitos Humanos e de Políticas para Mulheres, Elenice Malzoni; a secretária municipal da Saúde, Beatriz Nadas; a presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Maria Alice Erthal; o coordenador do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania da Defensoria Pública do Paraná, Antônio Vítor Barbosa de Almeida; o delegado da Mulher, Emanuel Almeida: e a assessora de Planejamento da Secretaria Municipal da Defesa Social e Trânsito, Suzana Lins Affonso da Costa.