Sessões das Rodas de Leitura, promovidas pela Fundação de Ação Social (FAS) e pela Fundação Cultural de Curitiba com grupos de convivência de idosos, têm permitido a essas pessoas o exercício da imaginação, da memória, da fantasia, e novas formas de se perceber e entender o mundo.
Para quem já acumulou muitas histórias próprias, compartilhar essas experiências e conhecer outras novas é também uma forma de ganhar vivência e de se entender como parte de um universo maior e mais complexo, ainda a ser explorado, mesmo que a idade do corpo já tenha avançado.
Essas sessões estão sendo realizadas nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) da cidade, como parte do serviço de fortalecimento de vínculos ofertado no âmbito da Proteção Social Básica da Assistência Social, que prevê ações de convivência e socialização com grupos de cidadãos seniores de toda a cidade.
“O objetivo dessas sessões é apresentar autores e devolver o prazer da leitura a idosos que muitas vezes nunca leram ou perderam o hábito de ler, através de histórias e do resgate de memórias”, afirma o mediador de leitura Lucas Buchile, da Fundação Cultural de Curitiba. Em uma Roda de Leitura promovida na última quarta-feira (25), Lucas levou até um grupo de idosos frequentador do Cras Vila Sandra, na CIC, um conto do escritor pernambucano Osman Lins, A Partida.
O conto traz a história da última noite de um rapaz que vive com a avó antes de sair de casa: “Estava farto de chegar a horas certas, de ouvir reclamações; de ser vigiado, contemplado, querido. Sim, também a afeição de minha avó incomodava-me”, diz um trecho do texto, selecionado especialmente para o grupo. Em seguida à leitura, os participantes puderam comentar alguns trechos específicos e partilhar experiências vividas relacionadas às passagens da obra. “Quem aqui já viveu uma experiência de partida?”, perguntou Lucas ao grupo. “Quando tinha 17 anos, casei e saí de perto da minha mãe. Mudei de Telêmaco Borba para Antonina. Tinha medo que minha mãe morresse e não a visse mais. Naquele tempo a gente era muito apegado à família”, relatou dona Maria Conceição.
“O objeto de arte aqui é o texto. Nos interessa menos o relato pessoal e mais a alteridade. Muitos têm o livro como uma ideia distante. Nosso papel é trazer isso para o cotidiano. E essa aproximação dá autoridade ao leitor”, explicou Lucas.
Além dos CRAS, as Rodas de Leitura também são realizadas nas Casas e Espaços da Leitura de Curitiba, em escolas da rede municipal e outros equipamentos da Fundação.