O prefeito Rafael Greca e o arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, inauguraram, na noite desta quarta-feira (15/8), o restauro da Capela Nossa Senhora da Glória, na Avenida João Gualberto, no bairro Alto da Glória. A edificação que integra o patrimônio histórico de Curitiba foi totalmente reformada.
Fechada por aproximadamente seis anos, segundo a Arquidiocese, a capela ficou tomada pelos convidados e moradores da região na reabertura. A cerimônia teve muita música e emoção. Além da Banda Lyra, a Camerata Antiqua de Curitiba preparou um concerto especial para celebrar a reabertura da capela, sob a regência de Mara Campos.
O prefeito Rafael Greca foi um dos que se emocionaram ao ver a capela reconstituída. “Esta Capela de Nossa Senhora da Glória é uma joia da arquitetura curitibana, de 1895. É um tesouro. Ela é um resumo da nossa história, da história da erva-mate”, disse o prefeito, que citou imagens e outros elementos da igreja que foram doadas por importantes curitibanos.
Greca também lembrou de fotos e outras referências próximas à capela que remontam à história da cidade. A capela foi doada pela família Leão para a Mitra em 2000.
“A nossa história está aqui. Quando entrei na Prefeitura, o prédio estava caindo. Tivemos que recolher as imagens na Cúria. Um pedaço do afresco chegou a cair e foi guardado por uma pessoa que teve pena que se perdesse”, contou o prefeito.
O afresco original citado pelo prefeito foi devolvido e está exposto para os visitantes na parede lateral esquerda, perto da entrada da capela. “Esta joia rara é um oratório cultural e religioso. As igrejas precisam permanecer para preservar a memória”, disse Greca, que participou de toda a cerimônia ao lado da primeira-dama Margarita Sansone.
Vizinhos
Moradores da região também se emocionaram ao ver a capela reaberta. A professora Creusa Borges Abdala acompanhou as obras da janela do 8º andar onde mora, no prédio vizinho. “Cheguei há pouco do trabalho, vi que estavam reabrindo a capela, decidi entrar. Está maravilhosa”, elogiou eufórica. “É um resgate da nossa história”, disse ela.
A aposentada Maria de Lourdes Coelho começou a frequentar a capela em 1958, quando chegou a Curitiba vindo de Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro). “Vim a muitas e muitas novenas aqui. Quando fecharam fiquei triste demais. Hoje me emocionei de felicidade de ver ela aberta de novo”, disse Maria de Lourdes, que também mora na Avenida João Gualberto.
O arcebispo Dom José Antônio Peruzzo revelou que estava na Capela da Glória pela primeira vez. “Nunca tinha estado aqui desde que cheguei a Curitiba. Hoje, vejo tão grande afeto da comunidade por este lugar. O prefeito Greca viu a urgência de restaurar a capela”, disse. “Há muitos sonhos aqui dentro que serão resgatados agora. Somos parceiros da Prefeitura de Curitiba. Tanto a arquidiocese quanto a Prefeitura têm corresponsabilidade sobre a cidade”, disse o arcebispo, que abençoou a capela.
Preservação do patrimônio
A restauração só foi possível porque a Prefeitura de Curitiba utilizou a Lei Municipal do Potencial Construtivo, transferindo para a Mitra o valor da venda de cotas do potencial arrecadadas especificamente para este restauro.
Pela legislação, a lei pode ser aplicada para unidades históricas como a Capela da Glória, que é cadastrada pela Prefeitura de Curitiba como Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP).
O restauro custou R$ 1,27 milhão e as obras civis foram executadas em um ano pela empresa contratada pela Mitra, a G Arquitetura, a mesma que fez o restauro da Catedral Basílica de Curitiba.
A restauração da edificação de 182 metros quadrados e da área externa (jardins e passeios) de 238 metros quadrados foi acompanhada pela Mitra e pela Comissão de Avaliação do Patrimônio Cultural (CAPC), que reúne uma equipe de arquitetos e historiadores da Secretaria Municipal do Urbanismo, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Fundação Cultural de Curitiba.
A CAPC também foi responsável pela aprovação do projeto de restauro, analisando os aspectos técnicos e artísticos. O projeto de restauro foi desenvolvido pela Soczeck e Bandil Arquitetura.
Com o restauro, a construção passa a atender a legislação de acessibilidade. Agora a capela tem rampas de acesso e elevador junto ao portão principal.
A presidente da Fundação Cultural de Curitiba e do Conselho Municipal de Patrimônio, Ana Cristina de Castro, destaca a importância da recuperação de um dos símbolos arquitetônicos da cidade. “Conservar a memória, a história e preservar o patrimônio cultural dos curitibanos faz parte da missão da Fundação Cultural de Curitiba”, disse ela.
O ecônomo da Arquidiocese de Curitiba e capelão responsável pelas capelas do Centro Cívico, Padre José Aparecido Pinto, informou que as atividades religiosas da capela, como missas, batizados e casamentos, terão início em outubro.
Presenças
Também participaram da cerimônia de entrega da capela o vice-prefeito e secretário de Obras Públicas, Eduardo Pimentel, o secretário do Governo Municipal e presidente do Ippuc, Luiz Fernando Jamur, a secretária da Educação, Maria Silvia Bacila, o secretário de Administração e Recursos Humanos, Heraldo Alves das Neves, o administrador regional da Matriz, José Dirceu de Matos, servidores da Prefeitura de Curitiba de diversas áreas, a assessora administrativa da Mitra, Maria Helena Eyng, o diretor-presidente do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Orlando Pessuti, membros da família Leão e vereadores.