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Consciência negra

Que tal conhecer locais e personagens ligados à presença negra em Curitiba?

Locais e personagens afrobrasileiros são tema de percurso urbano oferecido pelo Creafro. Foto: Divulgação

Apresentar ao público locais e personagens ligados à presença negra em Curitiba. Essa foi a proposta do Centro de Referência Afro Enedina Alves Marques (Creafro) com o percurso oferecido aos participantes do quarto e último encontro de Letramento Racial deste ano, nesta terça-feira (26/11).

O grupo percorreu a Rua XV de Novembro até a Avenida Luiz Xavier, onde parou para apreciar a escultura e ouvir informações sobre Enedina. “Foi a primeira engenheira negra do Brasil e também professora, mas muita gente ainda não sabe. Letramento racial é isso: educação e conscientização contra o racismo e pela igualdade”, destacou a guia da atividade, Daniele Purcino. Ela atua na equipe do Creafro, que faz parte da Assessoria de Promoção da Igualdade Étnico-racial da Prefeitura.

Na extensão da rua mais famosa de Curitiba, o grupo ganhou um participante. Foi o servidor público aposentado Luís Carlos Nienkotter, da cidade catarinense de Rio do Sul, em visita à cidade e interessado em saber sobre a escultura da mulher sentada em um banco de praça, provisoriamente instalado em frente ao Edifício Moreira Garcez. “Estou aproveitando para aprender sobre essa pessoa importante para Curitiba”, disse. Depois dos eventos natalinos, que modificaram a paisagem da via, a obra de arte volta para o antigo local, a poucos metros de onde está agora.

Inter-religiosidade   

A segunda parada foi diante da Igreja do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, o templo católico construído exclusivamente para receber pessoas escravizadas. E descendo a Rua Doutor Claudino dos Santos, virando à direita no Bebedouro, o grupo chegou à Praça Tiradentes. É lá que está outro forte símbolo de religiosidade: as cinco gameleiras sagradas para o Candomblé, as Irôkos, recentemente tornadas patrimônio imaterial da cidade.

Atravessando a rua, na Praça Borges de Macedo, os participantes do percurso identificaram o Pelourinho – o espaço aberto onde, no passado, pessoas escravizadas eram compradas e vendidas, além de submetidas a castigos públicos.

O passeio terminou com a visita à escultura “Água pro morro”, do artista plástico curitibano Erbo Stenzel – o mesmo que esculpiu “Homem nu” e “Mulher nua”, instaladas na Praça 19 de Dezembro. O rosto da mulher, que carrega sobre a cabeça um recipiente com água, seria o da multiartista negra carioca Emerenciana Cardoso Neves, conhecida no meio artístico como Anita Cardoso Neves e colega do artista na Escola Nacional de Belas Artes. Além de artista plástica, ela também foi poeta e compositora.  

O percurso negro se repetirá nesta sexta-feira (29/11), a partir das 9h, véspera do encerramento da programação cultural dedicada ao Mês da Consciência Negra. O público-alvo são professores da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude (Smelj), mas quem chegar para ouvir as explicações da guia Daniele será bem-vindo. A saída será no prédio onde funciona o Creafro (Rua Barão do Rio Branco, 45).