Seis dos dez projetos sociais que se destacaram no 2º Prêmio Viva Inclusão, entregue pelo Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD) da Prefeitura no começo de dezembro, baseiam-se na oferta de atividades grátis sobre arte e cultura para as chamadas pessoas atípicas.
Nesse segmento, foram premiados os projetos “A Gibiteca e suas ações voltadas ao autismo”, “Casa Consultoria”, “Coletivo Inclusão”, “Fluindo Libras”, “MON para Todos/Pessoas Autistas” e “Profissional de Apoio em Espaço Museológico (Museu do Holocausto)”.
“São iniciativas excelentes e que são oportunidades para as pessoas com deficiência se expressarem e serem admiradas por quem não tem deficiência – um público que, na maioria das vezes, não imagina do que quem tem é capaz de fazer de belo e criativo”, enfatiza a diretora do DPCD, Denise Moraes.
Inclusão pela arte
Para a psicóloga e professora associada do Departamento de Teoria e Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná Fátima Minetto, o número de iniciativas que se destacaram nessas áreas reflete, além da qualidade, a importância de cada uma delas para a efetiva inclusão do público a que de destina. “Como todas as pessoas, quem tem deficiência possui múltiplas inteligências e um rico acervo de competências a serem exploradas e incentivadas. Arte e cultura são ferramentas eficientes para promover o seu desenvolvimento global”, diz.
Segundo a educadora, atividades como fazer teatro, dança, canto ou visitar uma exposição estimulam a autoestima, o senso de pertencimento e de autoeficácia, assim como a disposição de buscar o cumprimento dos seus direitos. Foi o que aconteceu com os alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Fazenda Rio Grande que participaram das primeiras oficinas de teatro do Coletivo Inclusão. A organização também foi destaque no prêmio.
“O dia mais esperado da semana passou a ser a quinta-feira da aula de teatro. Os familiares ficavam emocionados ao testemunhar a transformação dos alunos. Aos poucos, os profissionais que trabalhavam com eles passaram a relatar a melhora terapêutica e de aprendizado”, conta sobre a experiência a assistente social Marcia Miranda, uma das idealizadoras do Coletivo Inclusão. Onze anos depois, a organização não-governamental oferece também aulas de balé, pintura, coral, musicalização e a introdução do esporte com a capoeira, o judô e um pioneiro projeto de equoterapia.
Espaço inclusivo
Para o coordenador da Gibiteca de Curitiba, Fúlvio Pacheco, o contato com a arte e suas linguagens é necessário à inclusão porque sua mensagem chega às pessoas atípicas com mais eficiência do que por meios convencionais, como o texto. “Para muitos, é mais fácil compreender uma imagem ou uma música do que uma narrativa, uma palestra”, argumenta.
É o caso do público autista. Esse grupo é o foco de algumas ações do espaço cultural, que pertence à Fundação Cultural de Curitiba e também ficou com um dos troféus do Viva Inclusão. Uma delas foi a exposição de arte “Autistas”, produzida pelos alunos e artistas autistas da Gibiteca. Apresentada em Curitiba, ela também foi levada ao Seminário Internacional “Autismo e educação inclusiva”, em setembro, em Brasília. Trabalhos como desenhos, fotos, quadrinhos, pintura, fotomontagem e instalação fizeram parte da mostra.