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Representatividade

Primeiro prefeito negro nascido em Curitiba, Herivelto Oliveira recebe representantes negros, indígenas e ciganos

Prefeito em exercício Herivelto Oliveira, recebe representantes do segmento étnico-racial. Curitiba, 03/06/2024. Foto: Pedro Ribas/SMCS

Representantes das comunidades negra (preta e parda), indígena, cigana e de religiões de matriz africana se reuniram com o prefeito em exercício, vereador Herivelto Oliveira, na manhã desta segunda-feira (dia 3/6), para celebrar a presença de um negro no mais alto posto da administração da cidade. Ele permanece no cargo até sábado (dia 8/6), quando o prefeito Rafael Greca retorna de uma missão técnico-cultural na Argentina.

“Para nós, isso um símbolo. Minha presença nesse cargo significa que os negros – assim como pessoas de outras etnias que lutam pela igualdade étnico-racial – podem chegar onde quiserem”, disse o prefeito em exercício, que foi aplaudido de pé ao entrar no Salão Nobre do Palácio Solar 29 de Março, local do encontro. Ele também destacou a atuação de Greca que, com a instalação da Assessoria de Promoção da Igualdade Racial junto à Secretaria de Governo Municipal, “colocou os negros no radar”.

É a segunda vez que um negro se torna prefeito de Curitiba. A primeira foi em meados de 1948. Naquele ano, o vereador negro baiano Antenor Pamphilo dos Santos – que era médico e professor na Universidade Federal do Paraná (UFPR) - ocupou interinamente o cargo. Quase 80 anos depois, é a vez do jornalista Herivelto Oliveira, diplomado pela mesma instituição, tornar-se o primeiro curitibano negro a se sentar na cadeira.

Visibilidade negra

Aos presentes, o prefeito em exercício contou sobre sua origem humilde e os primeiros anos de vida partilhados com pessoas brancas, do ramo familiar materno. “Houve uma época em que não se viam negros em Curitiba, mesmo nas pautas e entrevistas que eu fazia como repórter”, disse.

Isso inspirou sua pesquisa de mestrado, baseada no acompanhamento das entrevistas veiculadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, durante oito meses. A análise mostrou que apenas 14% das fontes ouvidas em mais de 8 mil entrevistas eram pessoas negras.

Atento a esse descompasso – os negros são cerca de 400 mil dos 1,8 milhão de habitantes de Curitiba, segundo observação da defensora pública Olenka Lins da Silva Martins –, Herivelto faz questão de ter pelo menos metade de sua equipe no gabinete da Câmara Municipal formada por negros.

Atuação parceira

Para a assessora de Promoção da Igualdade Étnico-racial da Prefeitura de Curitiba, Marli Teixeira Leite, o olhar sensível de Herivelto o levou a participar do Conselho Municipal de Política Étnico-racial (Comper) como membro titular e, na Câmara Municipal, a atuar pelo segmento.

Entre suas ações, observou, destacam-se o apoio ao projeto Caravana Étnico-cultural, que visa ao combate ao racismo e à promoção das culturas negra, indígena e cigana; a defesa e votação da lei que instituiu o Plano Municipal de Promoção da Igualdade Étnico-racial (Plamupir) e do Projeto-de-lei de Cotas, que criou cotas para negros e indígenas no serviço público municipal.

Herivelto também é um dos autores da proposta pela criação do Parque da África, no Pinheirinho, além de ter participado das articulações para a retomada da celebração local do Dia Nacional do Samba (2/12).

Participaram do evento o presidente da Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Paraná, Cássio Leite, e o presidente do Comper, Allan Coimbra. Também prestigiaram o ato os representantes das comunidades de religiões de matriz africana, Mãe Regiane Sacerdote; cigana, Neuralice Maina; e indígena, Silas Ubirajara; entre outras autoridades.

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