Para manter as cerca de 300 mil árvores localizadas em vias públicas da cidade, a Prefeitura de Curitiba investe no Plano de Arborização Pública, que consiste em ações preventivas que vem substituindo árvores desvitalizadas por espécies nativas e mais adequadas às áreas urbanas, e também na manutenção permanente.
A diretora do departamento de Produção Vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), Erica Mielke, explica que a remoção de uma árvore em via pública ocorre quando há necessidade. “Isso pode ser indicado por comprometimento sanitário, ou outro risco de queda evidente, como, por exemplo, uma inclinação excessiva”, explica.
Em seguida à remoção, sempre ocorre a substituição por uma espécie prioritariamente nativa, mas sobretudo adequada a arborização. “A Araucária [Araucaria angustifolia] nunca é utilizada neste caso, apenas em Unidades de Conservação do Município”, explica Erica.
“Estamos reavaliando programas e projetos, buscando encontrar harmonia entre a natureza e o homem no meio urbano”, afirma o secretário municipal do Meio Ambiente, Renato Lima. “A meta desta gestão é caminhar para o desenvolvimento sustentável”, diz.
Desafios
Um dos maiores desafios encontrados pela SMMA são as mudanças climáticas. “Os atendimentos emergenciais, aqueles não previstos no plano diretor nem tampouco na manutenção, vem aumentando ano a ano”, informa a diretora.
Estes casos, na sua grande maioria, ocorrem entre os meses de novembro e março, período característico por elevadas temperaturas que favorecem a incidências de tempestades e ventos fortes. “No último fim semana, Curitiba teve ventos com velocidade superior a 65 km/h. Segundo o Simepar, ventos de 62 km/h já seriam capazes de provocar queda de árvores e mesmo arrancá-las”, comenta Erica.
Plano de Arborização
O Plano de Arborização Pública de Curitiba, resultado de um planejamento que teve início há sete anos, consiste em ações preventivas que vem substituindo árvores desvitalizadas por espécies nativas e mais adequadas às áreas urbanas, e também podas de manutenção.
Entre 2007 e 2012 foram plantadas 15.580 mudas de árvores nativas e realizadas 5.698 remoções de árvores dentro dos bairros relacionados no plano diretor. A diretora do setor esclarece que o objetivo do Plano Diretor não é o de substituir todas as árvores existentes na cidade.
O Plano de Arborização é implantado gradativamente pela SMMA na cidade e conta com ações de remoção de árvores com risco de queda, podas, destoca de raízes, plantio de espécies nativas, respeitando as características urbanas de cada setor da cidade.
Os trabalhos começaram em 2006 pelo Alto Boqueirão e Sítio Cercado. Depois chegaram aos bairros Vila Izabel, Água Verde, Bacacheri, Boa Vista, Centro, Guaíra, Juvevê e Bigorrilho, Portão, Seminário, Batel e Jardim Social.
O Plano também já passou pelos bairros Alto da Glória, Jardim Botânico, Pinheirinho, Capão Raso, Vila Hauer, Novo Mundo, Fazendinha e Cabral. Atualmente, percorre as ruas do Alto da XV.
Mapeamento
O Plano de Arborização partiu de um diagnóstico feito em 2006 pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente que avaliou a situação de cada árvore das ruas de 23 bairros da cidade.
Os técnicos verificaram parâmetros como espécie de cada árvore vistoriada, diâmetro, altura, ramificações, ponto atingido pela copa (como linhas de alta tensão e baixa tensão, sinalização, postes, iluminação, semáforos), condições das calçadas e estado fitossanitário, que está relacionado à saúde da árvore (se está morta ou comprometida, boa, com danos físicos, pragas).
As espécies selecionadas para compor a nova arborização são nativas, como Ipê, Pau-ferro, Quaresmeira, Dedaleiro, Sibipiruna e outras. Além do aspecto ambiental e paisagístico, as espécies plantadas têm características mais compatíveis com os equipamentos urbanos, evitando danos em calçadas e tubulações subterrâneas, devido às raízes projetadas para dentro do solo, que não se espalham pelas laterais.
Outra vantagem é que essas espécies são mais resistentes a ataques de pragas e exigem menos manutenção.
O papel das árvores
Em todas as grandes cidades do mundo, o desenvolvimento urbano e o contínuo processo de ocupação substituíram a cobertura natural do solo por edificações e pavimentação. Investir na arborização pública é um dos melhores caminhos para amenizar as consequências.
Elas amenizam o efeito estufa, ajudam a diminuir a poluição atmosférica, sonora e visual e ainda agem sobre a saúde física e mental do ser humano contribuindo para sua qualidade de vida.
Além de todas as funções climáticas a arborização urbana também ajuda a organizar o ambiente urbano, embeleza e perfuma ruas, praças e jardins melhorando também a paisagem do ambiente.