A Prefeitura de Curitiba entregou nesta segunda-feira (23) as primeiras residências do programa habitacional do Município que contam com sistema de aquecimento solar da água. O prefeito Gustavo Fruet entregou as 66 casas do conjunto Moradias Nilo, no Alto Boqueirão, destinadas a famílias que viviam na Vila Nova, no mesmo bairro, na beira de um córrego e em condições de risco.
A entrega fez parte das festividades pelos aniversário de Curitiba, que completa 322 anos dia 29 de março.
“A prefeitura e a Cohab têm um compromisso social com a população que mais necessita. Estas famílias vão sair de uma situação precária na qual enfrentam inúmeros problemas e passarão a morar em casas de ótima qualidade, onde viverão de forma mais digna”, disse o prefeito.
O Moradias Nilo foi construído com investimento de R$ 4 milhões, recursos do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Além do aquecimento solar da água, o conjunto apresenta outra novidade: foi construído através de um sistema inovador chamado wood frame (painéis de madeira).
“Este sistema conta com uma tecnologia mais sustentável, pois gera pouco resíduo, além de acelerar o processo de construção. As casas têm um excelente conforto térmico e acústico e fácil manutenção”, explica o presidente da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), Ubiraci Rodrigues.
A partir desta terça-feira (24) as famílias beneficiadas serão transferidas para as casas novas, que contam com dois quartos cada. O conjunto possui ruas pavimentadas, meio-fio, calçadas, redes de água e esgoto, e grama nos jardins.
Aquecimento solar
A instalação do aquecimento solar representa menos de 5% do custo de cada unidade e reduz em até 50% o consumo residencial de energia elétrica. O equipamento consiste em uma placa de vidro instalada no telhado da residência e conectada a um reservatório térmico de inox, que por sua vez também se liga à caixa d'água.
No interior da placa de vidro existe uma serpentina de condutores de energia feitos de cobre e alumínio. A função da placa é captar a radiação solar e aquecer a água que passa pela serpentina. O reservatório acondiciona e mantém a água aquecida, com possibilidade de utilização eficaz mesmo depois que o sol já se pôs. Para dias nublados, o equipamento conta com um sistema auxiliar que utiliza energia elétrica para garantir a água quente mesmo em dias em que o sol não aparece.
Sistema construtivo
A única semelhança com o modelo convencional é a fundação radier (laje de concreto armado) onde são instaladas as paredes - formadas por painéis que vêm prontos de fábrica. Além de madeira, os painéis contém malha de garrafa pet, que garante isolamento térmico e acústico e também levam uma manta asfáltica para evitar infiltrações. As tubulações hidráulica e elétrica vem embutidas no interior das peças.
O método de construção permite que uma casa, sem a cobertura, seja erguida em menos de três horas. Contando a execução do telhado e dos acabamentos, em uma semana a moradia está pronta para ser habitada. O novo sistema contribui com o conceito de sustentabilidade, pois causa menor impacto ambiental ao gerar menos resíduos.
Longe de enchentes
A dona de casa Cecília Bezerra, de 41 anos, mora na Vila Nova há duas décadas. Ela conta que nesse período enfrentou mais de 30 enchentes. “A minha casa fica abaixo do nível da rua, então basta chover um pouco mais para a água invadir tudo. Nem dava gosto de comprar móveis, pois eu já sabia que logo ia perder”, afirma. Na casa nova ela vai morar com o marido Cícero, de 34 anos, e o filho Eduardo, de 13. “É um sonho poder morar em um lugar melhor, longe do perigo de alagar. As casas ficaram lindas, estamos muito contentes”, diz.
A metalúrgica Elisângela Martins, de 24 anos, morou a vida toda na Vila Nova. A casa para onde será transferida foi visitada pelo prefeito Gustavo Fruet, para orgulho da nova moradora. “Já comecei bem, com o prefeito visitando minha humilde residência”, brincou a beneficiada. “A casa onde eu estou morando é de madeira, muito antiga e em área irregular. Agora finalmente eu e minha família vamos ser donas da nossa própria casa e isto ninguém mais vai nos tirar”, afirma.