O aposentado Dorival Aparecido Silva é deficiente visual e mora na comunidade conhecida como Vila dos Cegos, no bairro Santa Quitéria, área doada em 1956 pelo então prefeito Ney Braga ao Instituto Paranaense de Cegos. No local, foram construídas dez casas destinadas às famílias dos deficientes visuais atendidos pelo Instituto. O conjunto habitacional ganhou o nome de Via Benjamin Constant na inauguração, em 1959, mas até hoje é conhecido no bairro como Vila dos Cegos.
Para atender as 22 famílias que moram atualmente no local, a Prefeitura construiu calçadas acessíveis e planas nas ruas Divina Providência, Eleusina Plaisant e João Scuissiato. O aposentado Dorival Silva e a esposa Wilma Bassi vivem na comunidade há mais de 26 anos e enfrentavam dificuldades no dia a dia devido à falta de acessibilidade.
“Antes, eu caminhava na rua e batia com a bengala no meio-fio para me orientar e ter uma referência para chegar ao supermercado, à unidade de saúde. Agora, com a pista tátil, melhorou bastante, podemos caminhar com segurança e sem obstáculos”, contou Silva.
A arquiteta da Secretaria do Governo Municipal Tatiana Marcassa explica que a obra era um pedido das famílias que vivem na comunidade Vila dos Cegos e que o trabalho seguiu as especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT 16537/2024).
“O município percebeu a necessidade da comunidade e executou o passeio em concreto usinado, com a implantação do piso tátil direcional e de alerta, para fazer a ligação da casa deles com os equipamentos públicos da região e com os pontos de ônibus. Retiramos todos os obstáculos da calçada e os desníveis para que os moradores possam se deslocar com autonomia”, ressaltou Tatiana.
O trecho com calçadas tem 700 metros e se estende por uma área de 1.100 metros quadrados que dá acesso à escola municipal, à unidade de saúde e a dois pontos de ônibus, localizados nas ruas Major França Gomes e na Reinaldo Pazzelo. A obra está na fase final de execução, com a conclusão prevista para o final de março.
A aposentada Ana Cavalcanti conta que nem havia passeio ao longo dessas ruas e os moradores tinham que enfrentar os buracos e os obstáculos ao longo do percurso. “O problema era maior ainda para as pessoas com deficiência visual, que caíam por causa da precariedade das calçadas. Agora ficou bem melhor para chegar ao mercado, ao posto de saúde e para caminhar pelo bairro”, afirma Ana.
O superintendente de Manutenção Urbana da Secretaria do Governo Municipal, João Carlos Vidal Filho, ressalta que as calçadas com elementos de acessibilidade garantem o direito que todos têm de caminhar com segurança.
"As novas calçadas possibilitam o deslocamento com autonomia, assegurando o direito de ir e vir. Com a conclusão da obra, todos vão ter mais qualidade de vida e poderão caminhar até os equipamentos públicos e pontos de ônibus com independência,” concluiu Vidal.
A aposentada Wilma Joana Bassi destaca a acessibilidade do passeio com ponto principal de melhoria para os moradores da vila. “Ficou muito bom, antes só havia terra e buracos. A gente caminhava pela rua e agora temos como referência o piso tátil e direcional e podemos ir até a unidade de saúde , aos ponto de ônibus. Bem melhor que bater a bengala no meio-fio da rua para conseguir chegar aos locais,” relatou.