A Prefeitura de Curitiba faz um alerta para o crescimento dos casos de conduta perigosa de pedestres e ciclistas nas canaletas e demais áreas de circulação de ônibus da cidade. Levantamento realizado pela Urbanização de Curitiba (Urbs) mostra que, no ano passado, foram registrados 114 acidentes nestes locais, envolvendo ciclistas e pedestres, com um saldo 104 feridos e duas mortes. O volume é 21% superior ao de 2023, quando foram 94 acidentes, com 85 feridos e três mortes.
Os principais motivos de acidentes nesses espaços são a desatenção, causada principalmente pelo uso do celular ou fones de ouvido; atravessar a rua fora do local apropriado; e ações proibidas: caminhar, correr ou pedalar na canaleta e pegar “rabeira” nos veículos.
De 1 de janeiro a 10 de fevereiro deste ano, já foram dez acidentes, contra seis no mesmo período do ano passado. Do total de 114 ocorrências no ano passado, mais da metade foram nas canaletas, com 70 acidentes.
“Existe uma falsa ideia de que a canaleta é mais segura, o que faz com que as pessoas prefiram pedalar ou correr nesses espaços, mas isso não é verdade. O impacto de um ônibus expresso ou um biarticulado é brutal, mesmo em velocidade baixa. Nós controlamos a velocidade dos expressos a 30 km por hora nas saídas e terminais em frente às escolas, porém, ao longo da canaleta eles podem chegar até 50 km por hora. Então, as pessoas precisam evitar andar, caminhar ou se exercitar nas canaletas", diz o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto.
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Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbs.
Canaletas exclusivas
As canaletas exclusivas para o transporte coletivo desempenham um papel fundamental na melhoria da mobilidade urbana, garantindo maior fluidez ao transporte público e contribuindo para a redução do congestionamento nas vias da cidade. No entanto, conforme estabelece o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), elas são exclusivas para os ônibus. Somente veículos que realizam atendimentos de emergência em saúde e segurança pública estão autorizados a circular por essas vias. Ou seja, caminhar, pedalar ou praticar esportes nas canaletas é proibido e bastante perigoso.
“É necessário prestar atenção, buscar um local seguro para a travessia nos cruzamentos, de preferência na faixa de pedestres e no semáforo. Também é importante evitar distrações, como celular e fones de ouvido. Por vezes, a pessoa pode pensar que o ônibus está parado na estação, atravessar e ser atingida por outro veículo em ultrapassagem”, alerta o superintendente de trânsito, Bruno Pessuti.
Há ainda a conduta perigosa de pegar “rabeira” nos ônibus, como alguns ciclistas fazem. As fotos na canaleta também são outro perigo. No outono, por exemplo, muita gente vai para a Rua a Deputado Heitor Alencar Furtado, no bairro Mossunguê, para fazer registros das árvores avermelhadas, que são uma atração da capital. Só que algumas pessoas se deitam no asfalto do corredor dos biarticulados para fazer selfies.
Para tentar minimizar os riscos de acidentes, a URBS reforçou o treinamento de direção defensiva para os motoristas. Além das ações permanentes de reciclagem, eles recebem capacitação especial, que envolve todas as operadoras de ônibus da cidade e os seus 2,8 mil motoristas em atividade.
Ações educativas
Além disso, a Setran desenvolve ações e campanhas educativas periodicamente, com a distribuição de panfletos informativos para alertar ciclistas e pedestres sobre condutas perigosas no trânsito. Há também ações integradas dos agentes da ABC Trânsito (Escola Pública de Trânsito de Curitiba) com fiscais da Urbs e guardas municipais.
Em 2024, foram realizadas oito ações conjuntas nas canaletas, resultando na abordagem de 6.456 pessoas, entre pedestres, ciclistas e demais condutores. A ABC Trânsito, por sua vez, abordou 4.156 ciclistas em ações educativas ao longo do ano, além de realizar 156 abordagens voltadas para 12.566 pedestres. Em todas elas, a proibição do uso das canaletas é reforçada. De acordo com a diretora da ABC Trânsito, Melissa Puertas Sampaio, novos projetos estão sendo discutidos em parceria com a Urbs. “Estamos estudando novas ações que devem ser implantadas nos próximos 90 dias, com o objetivo de transformar esse cenário”, afirmou.
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Melissa Puertas Sampaio, diretora da ABC Trânsito.