Ir para o conteúdo
Prefeitura Municipal de Curitiba Acessibilidade Curitiba-Ouve 156 Acesso à informação
Números da covid-19

Porque utilizar coeficientes para mensurar como a vacinação influencia na pandemia

Porque utilizar coeficientes para mensurar como a vacinação influencia na pandemia. Foto: Pedro Ribas/SMCS

Com o avanço da imunização contra a covid-19, entender como as vacinas estão influenciando na evolução da pandemia é crucial e, nesse sentido, comparar a incidência de novos casos, de internamentos e mortes entre os que estão completamente imunizados e que não se vacinaram é um indicador que aponta a efetividade das vacinas contra formas graves da doença.

Em Curitiba, por exemplo, é possível mensurar que o risco de morrer de covid-19 é 15 vezes maior entre idosos que não se vacinaram do que entre aqueles completamente protegidos (com esquema vacinal primário completo e dose de reforço há mais de 14 dias). 

Para chegar a essa conclusão sem gerar equívocos, a análise correta utiliza coeficientes (taxas), em vez de números absolutos, para chegar a um panorama correto da efetividade das vacinas 

“A comparação de número absoluto nos casos, internamentos ou óbitos não fornece informações suficientes para tirar conclusões. É necessário considerar esse dado dentro das populações de imunizados e não imunizados, que têm tamanhos muito discrepantes”, explica o epidemiologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) Diego Spinoza.

Estatisticamente, comparar os números absolutos, nesses casos, é um equívoco conhecido como “falácia da taxa básica”, que é a tendência de as pessoas julgarem erroneamente a probabilidade de uma situação, não levando em consideração todos os dados relevantes.

Evitando equívocos

Um artigo do site Our World in Data usa um exemplo fictício para demonstrar que há diferença na análise usando números absolutos ou coeficientes:

O exemplo supõe uma população fictícia de 60 pessoas: 

Nessa população, dez pessoas morreram de covid-19. Cinco estavam completamente imunizadas e outras cinco, não. 


Considerando apenas o número de mortes (número absoluto), pode-se ter a percepção precipitada de que, se metade dos que morrerem tinham tomado a vacina, o imunizante tem 50% de eficácia, quando, na realidade, essa informação nada diz sobre a eficácia da vacina. 

Para conclusões corretas sobre a eficiência do imunizante, deve-se olhar o número absoluto dentro do grupo em que ele pertence: quantos morreram entres todos os que estavam vacinados? E quantas mortes ocorreram entre os que estavam totalmente imunizados? 


Assim, tem-se que: 
- Entre as 50 pessoas vacinadas, cinco morreram, o coeficiente de mortalidade entre os totalmente imunizados é de 10%;
- Entre as dez pessoas não vacinadas, cinco morreram, o coeficiente de mortalidade é 50%;
Comparando os dois grupos em uma razão (divisão), chega-se à conclusão que a taxa de mortalidade entre os não-vacinados nessa população fictícia é cinco vezes maior que entre os não vacinados. 

Cálculo do coeficiente

Para que se possa comparar os coeficientes de locais com diferentes tamanhos de população, é necessário equiparar a um mesmo denominador, multiplicando por 100 mil habitantes. 
Assim, o cálculo de coeficientes de mortalidade é: 

- Entre não imunizados
Número total de mortes de pessoas não imunizadas / população total de pessoas não imunizadas) x 100 mil habitantes = coeficiente de mortalidade da população não-imunizada

- Entre pessoas imunizadas: 
(Número total de mortes de pessoas não imunizadas / população total de pessoas não imunizadas) x 100 mil habitantes = coeficiente de mortalidade da população imunizada

- Comparação 
A razão dos coeficientes permite ver a eficácia da vacina entre os dois grupos, calculado da seguinte forma: 
coeficiente de pessoas não imunizadas / coeficiente de pessoas imunizadas

O mesmo cálculo pode ser feito para outros coeficientes, como o de incidência (novos casos) e internamentos, ajustando-se as populações de cada situação. 

Em alta