Desde 2013, 139 mil árvores foram plantadas em vias públicas, parques, praças e em outras áreas públicas de Curitiba. Apenas em arborização viária e mata ciliar foram mais de 87 mil mudas, além de 5 mil árvores em dez áreas públicas superiores a 500 metros quadrados, formando mini bosques - que, mais que embelezar a cidade, contribuem para melhorar a qualidade de vida e do meio ambiente.
As áreas verdes reduzem os impactos da chuva, a poluição sonora e atmosférica, auxiliando também no sombreamento e estabilização da temperatura, promoção de bem-estar psicológico e físico das pessoas e ainda contribuem na alimentação da fauna local.
A diretora de Produção Vegetal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Erica Mielke, que é doutora em produção vegetal pela UFPR, explica que há um planejamento criterioso da arborização em Curitiba, aliado a um manejo eficaz e adequado à realidade urbana. Esse trabalho é feito por especialistas e técnicos da área, com base em critérios técnicos e científicos. “A estratégia baseia-se na escolha da espécie adequada ao ambiente do plantio. Assim, há mais de cinco anos Curitiba não utiliza espécies de grande porte na arborização de ruas e avenidas. Algumas, como angico e monjoleiros, deixaram inclusive de ser produzidas no Horto Municipal”.
As mudas para plantio em vias públicas são selecionadas de acordo com os seguintes critérios: porte – são sempre de pequeno e médio porte (por exemplo, extremosa, ipês, dedaleiros); pela arquitetura de copa; resistência a pragas e doenças; adaptabilidade ao clima; pelo sistema radicular; pela presença de flores ou frutos (exemplo dos ipês e cerejeiras do Japão). Como precaução, também são descartadas na escolha espécies que possuem espinhos (pata de vaca, paineira), frutos grandes e carnosos (como os abacates) e substâncias tóxicas (espirradeiras).
As mudas de espécies de grande porte ainda produzidas no Horto Municipal são destinadas apenas ao plantio em parques. Nos últimos três anos foram plantadas mais de 11,3 mil árvores nos parques da cidade. Na região sul, o Parque Mané Garrincha recebeu mais de 3,8 mil mudas e 2,8 mil foram para o Parque Gauiracá.
Um exemplo de árvore de grande porte é a araucária, que não é destinada ao plantio em vias públicas por ter porte incompatível com elementos urbanos, como fiação elétrica e calçadas. Além disso, sua raiz é pivotante, podendo interferir na rede de esgoto e outros cabeamentos. Por outro lado, a araucária é essencial para enriquecimento de nossos bosques e parques.
Outra precaução do planejamento é evitar espécies exóticas invasoras. Hoje, 80% das árvores plantadas na cidade são de espécies nativas. As campeãs na linha de produção do Horto da Barreirinha são os ipês, de cores diversas; a quaresmeira e a aroeira.
“Cabe lembrar que os processos de urbanização são dinâmicos e o Horto da Barreirinha, onde são produzidas as mudas para as vias públicas, busca adaptar-se a esses processos, inclusive com pesquisa de novas espécies, preferencialmente nativas, que possam proporcionar conforto estético, climático e ambiental necessário, conforme avaliação e experiência de mais de 30 anos do nosso corpo técnico”, enfatiza Érica.
Após selecionadas, as árvores mais representativas da espécie escolhida são identificadas para que, no momento oportuno de sua reprodução, a equipe da Prefeitura colete as sementes, iniciando o um novo ciclo produtivo para a cidade.
Não é à toa que Curitiba foi apontada pelo Green City Index, elaborado pela Siemens e Economist Intelligence Unit, como a cidade mais verde de América Latina.
Mini bosques
Entre 2013 e 2015, foram criados dez mini bosques na cidade. Eram áreas públicas, superiores a 500 metros quadrados, antes degradadas e que agora estão sendo recuperadas. “Damos prioridade para espécies frutíferas como a pitanga, araçá, guabiroba, cereja, além do timbó, araucária, pinheiro bravo, canjarana e branquilio”, explica Roberto Larini Salgueiro, técnico responsável pelo Horto da Barreirinha. “Observamos que não ocorrem atos de vandalismo quando o plantio é feito em blocos como nos mini bosques”, complementa.
Planejados pelo Departamento de Produção Vegetal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, os mini bosques recebem mudas de árvores com altura mínima de 1m80. A Linha Verde recebeu 1.140 mil mudas, a Avenida das Torres, 1.470 mudas, e o Parque Mané Garrincha, 1 mil mudas.
Os mini bosques também podem ser observados na Avenida Marechal Floriano Peixoto, Avenida da Integração, Avenida Wenceslau Brás, Rua Dário Lopes, Rua Omar Sabbag, Rua Enet Dubart, Rua Konrad Adenauer, Rua Benvindo Valente, Rua Quari, entre outras vias públicas.
“São necessários anos de estudos para que uma espécie seja considerada adequada ao paisagismo urbano da cidade. Na formação destes pequenos bosques, não é necessária tanta rigidez como no caso da escolha para as plantas da arborização viária”, explica Erica.
Monitoramento
Para evitar danos e acidentes, o departamento de Produção Vegetal realiza monitoramento permanente das árvores plantadas em espaços públicos da cidade. Por ano, são recebidos 15 mil pedidos de corte ou poda de árvores em vias públicas. Em média, 25% são liberados. Nos últimos três anos foram autorizadas a remoção de 10.925 árvores.
O engenheiro florestal Alfredo de Castro Trindade, superintendente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, explica que a retirada de uma árvore só é aprovada em situação de risco ou de queda e outras devem ser repostas no lugar. “Quando uma remoção é autorizada, no mínimo outras duas árvores são plantadas. Buscamos encontrar harmonia entre a natureza e o homem no meio urbano”, afirma.
A reposição florestal é realizada de acordo com o Código Florestal Municipal (Lei n 9.806), que estabelece que toda árvore a ser suprimida deve ser reposta. Cada árvore deve ser substituída por duas. A conta dobra no corte de um pinheiro-do-paraná. Neste caso, o responsável deve replantar quatro mudas da espécie. O Código Florestal Municipal estabelece também duas opções de local de plantio, que poderá ser em área própria ou em locais indicados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
Produção
Cerca de 50 mil mudas de árvores saem todos os anos do Horto Municipal da Barreirinha e vão direto para as ruas, avenidas, praças e parques de Curitiba. Para produzi-las, é preciso investir em um trabalho especializado, que chega há cinco anos.
O Horto Municipal da Barreirinha está abrigado numa área de 125 mil metros quadrados, ao lado do Parque da Barreirinha. Fundado em 1959, funciona atualmente como berçário de 142 mil mudas de árvores, em vários estágios da produção. Embora não esteja aberto à visitação pública, o Horto recebe grupos escolares e visitas técnicas, mediante agendamento prévio.