O programa Mobiliza, desenvolvido pela Fundação de Ação Social (FAS), tem gerado impacto na vida de pessoas em situação de rua em Curitiba. Após participarem das oficinas do programa, que visa desenvolver habilidades sociais e competências pessoais, homens acolhidos pelo município criaram projetos voltados para o fortalecimento e a empregabilidade dessa população.
Durante um período de 30 dias, 54 pessoas passaram pelas oficinas do Mobiliza, divididas em três equipes para propor iniciativas que ajudem na inserção no mundo do trabalho. Os projetos incluíram a criação de um laboratório de informática exclusivo para pessoas em situação de rua, oferecendo cursos, facilidades para a confecção de currículos e agendamentos de entrevistas de emprego.
E, ainda, a oferta de programações de cursos de qualificação gratuitos adaptados aos interesses desse público e a presença de um técnico de referência para questões de emprego nos Centros de Referência Especializados para a População em Situação de Rua (Centros POP).
Banca avaliadora
A apresentação desses projetos foi feita nesta quarta-feira (3/4), diante de uma banca avaliadora composta por autoridades da FAS, incluindo a presidente Maria Alice Erthal, diretores e coordenadores da instituição.
“Desenvolvemos este projeto para fortalecer a empregabilidade e despertar o potencial de reflexão dos participantes, propondo novas soluções para desafios cotidianos e cursos para possibilitar o acesso, a permanência ou o reingresso dos cidadãos ao mundo do trabalho”, explicou a presidente da FAS, Maria Alice Erthal.
As oficinas do Mobiliza e a apresentação dos projetos foram realizadas no Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua, também chamado de FAS-SOS, nova unidade da FAS que desde janeiro oferta serviços de várias políticas públicas com objetivo de atender a todas as necessidades de população em situação de rua de Curitiba.
Sob a mentoria da gerente do Programa Mobiliza, Taciana de França, os participantes fizeram durante as oficinas análises sobre as dificuldades de se inserirem no mercado de trabalho, desafios e criaram projetos que acreditem serem importantes para esse objetivo.
Projetos
Participante da equipe Prime, Gesse Justino dos Santos, 52 anos, propôs a implantação do Cyber FAS, um laboratório de informática no Centro POP Dr. Faivre, que funciona dentro da FAS-SOS. Para o homem que vivia da locação de quartos e acabou em situação de rua durante a pandemia da covid-19, a oferta de um espaço com computadores e impressora poderia contribuir para a empregabilidade das pessoas em situação de rua.
“Neste local a gente poderia ter cursos de informática, fazer currículo e até se candidatar para alguma entrevista de emprego”, comentou Santos, que atualmente trabalha como freelancer em restaurantes e é acolhido em um dos hotéis sociais do município.
Para Gesse, o Mobiliza trouxe uma nova esperança de voltar ao mercado de trabalho. “Quando se está em situação de rua não temos acesso às empresas, de participar de uma entrevista. O Mobiliza trouxe essa confiança de novo, mostrou que temos capacidade e possibilidade de voltar ao convívio social.”
Único na segunda equipe, o cozinheiro e técnico agrícola Nivaldo Mariucci Filho, 62 anos, propôs a manutenção de um técnico de referência para ações do trabalho nos três Centros POP existentes em Curitiba. “O Mobiliza me surpreendeu, foi muito bom para mim e tenho certeza que será para todos os outros que venham participar”, disse. Mariucci passou por um processo de desintoxicação do uso de substâncias e atualmente trabalha como voluntário no Hospital do Trabalhador.
O terceiro projeto, chamado Motivar, foi apresentado pela equipe Flash Top. O grupo formado por quatro acolhidos propôs a oferta de mais cursos de qualificação profissional – o que é desenvolvido pelo programa Liceu de Ofícios e Inovação - que atendam as expectativas da população em situação de rua, além de ampliar o encaminhamento para vagas de emprego.
“Foi muito gratificante participar, pois pude aprender mais e agora sei onde posso mehorar e acertar”, disse Cosme Souza da Silva, 40 anos, que chegou há um ano em Curitiba, vindo de Manaus (AM).
Todos os participantes receberam medalhas, certificados e ainda como prêmio poderão fazer um passeio na Linha Turismo, que passa pelos principais pontos turísticos de Curitiba
Presenças
O evento contou ainda com a presença dos diretores de Atenção à População em Situação de Rua, Grace Puchetti Ferreira, e de Qualificação e Relações do Trabalho, Renan de Oliveira Rodrigues, além das coordenadoras de Qualificação, Zilá Quevedo, e de Serviços Especializados da fundação, Geane Bogo de Freitas dos Santos. E também da coordenadora do Centro Pop Dr. Faivre, Eridan Rocha, e do educador social para o mundo do trabalho Talles Juliano Yoshii de Freitas.