Faltou muito pouco para a paratleta Mari Cristina Santilli carimbar o passaporte para as Paralimpíadas do Japão em 2020. Ela ficou em 8° lugar no Campeonato Mundial de Canoagem e Paracanoagem, disputado na Hungria este ano.
Bastava o sétimo lugar para ela garantir a vaga nos jogos. “A modalidade evoluiu muito, tem gente mais jovem e equipamento moderno também”, comentou Mari, enquanto colocava seu barco nas águas do Parque Náutico, no Boqueirão, seu local de treinamento.
Mari Santilli compete na categoria KL3 Feminina, na prova de velocidade de 200 metros, remando sozinha em caiaque de duas pás.
Remadas no Parque Náutico
Ela trabalha no Clube da Gente do Tatuquara e todo o tempo livre dedica aos treinamentos.
“Felizmente, não preciso sair de Curitiba para treinar porque o Parque Náutico tem as condições ideais de dificuldade para a prática do esporte”, explicou.
Numa competição como o Mundial da Hungria se classificam os seis primeiros atletas. Em 2019, teve duas inglesas entre as oito colocadas e apenas uma delas será designada a representar o país. Por esta razão, que o sétimo lugar garantiria vaga para Mari.
49 segundos
Para conseguir ir para as Paralimpíadas precisa completar o percurso de 200 metros em 49 segundos. “Este é o tempo ideal de uma atleta de ponta como a Mari”, diz o técnico Cleverson Silva dos Santos.
O treinador elogia a dedicação de Mari ao esporte:
“Ela é um exemplo para todos aqui”, comentou.
Acidente e títulos
Mari Santili teve perna esquerda amputada há 13 anos, após ter sofrido um acidente de moto. Ela havia recém ingressado no magistério municipal por meio de concurso público, e estava lecionando havia 48 dias.
Praticante de triatlon desde os 20 anos, o revés não a afastou do esporte, só provocou a mudança para a paracanoagem, onde acumula títulos como o de bicampeã brasileira de canoagem de velocidade, campeã sul e pan-americana em 2019, além de figurar entre as oito melhores em mundiais da Alemanha, República Tcheca e Rio de Janeiro.
Barco novo
Agora, Mari briga para ir para os jogos do Japão em 2020 e investe tudo no sonho. “Estou até trazendo um barco novo do exterior. Tem que ter equipamento de ponta para brigar de igual para igual”, diz a atleta.
O barco que ela está importando e deve chegar até o final de novembro é feito de plastex, um tipo de fibra de plástico que garante alta performance para embarcação.
“Quero botar este barco na água e arrancar o máximo dele para estar pronta para alcançar o índice olímpico em maio de 2020”, planeja.
Trajetória inspiradora
Com tanta determinação, Mari inspira os colegas de remo que fazem aulas pelo Clube de Regatas Curitiba. Agora, por exemplo, estão saindo do Parque Náutico dois atletas para a Seleção Brasileira de Canoagem: Patrick Faustino, 20 anos, e Pedro Costa, de 21, o que mostra que a canoagem em Curitiba vai de vento em popa.