A Prefeitura de Curitiba inicia nesta sexta-feira (28/4) os testes com o ônibus elétrico da chinesa BYD no transporte coletivo. O modelo articulado vai circular, sem passageiros, pelas rotas das linhas Interbairros II, Inter 2 e no Eixo Leste/Oeste. O prefeito em exercício Eduardo Pimentel vistoriou e deu uma volta no veículo na manhã desta quinta-feira (27/4).
“Os testes técnicos dos ônibus elétricos representam o início de um salto tecnológico e de inovação no transporte coletivo. Curitiba, dentro da meta reduzir emissões de gases de efeito estufa, está fazendo uma transição gradativa e organizada para a matriz elétrica no transporte coletivo”, disse Eduardo Pimentel.
Sem emissão de CO2 e ruídos, o ônibus elétrico é considerado o futuro da mobilidade nas grandes cidades e é uma das principais agendas do município para os próximos anos, dentro do compromisso de reduzir a emissão de poluentes. O prefeito Rafael Greca já anunciou R$ 200 milhões para a compra dos primeiros ônibus elétricos da capital em 2024.
No médio prazo, até 2030, 33% da frota de ônibus de Curitiba deverá operar com emissão zero; alcançando 100% até 2050, como parte do Plano de Ação Climática (PlanClima), alinhado às ações globais de sustentabilidade.
O objetivo é melhorar a qualidade de vida do morador de Curitiba, com um transporte coletivo eficiente, sem emissões, que percorra os trajetos em menos tempo e com uma tarifa justa, segundo o prefeito em exercício.
“Uma das linhas em que os ônibus elétricos vão rodar é a do novo Inter 2, para a qual eu tive a oportunidade de assinar os editais de R$ 863,7 milhões em obras, com financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)”, destacou Eduardo Pimentel.
Linhas
O teste da BYD marca o início da série de avaliações técnicas que servirão de base para a elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal, em 2024. Os ônibus vão trafegar nas linhas Inter II, Interbairros 2 e Eixo Leste Oeste, que transportam cerca de 370 mil pessoas por dia. A ideia inicial é comprar 70 veículos elétricos.
Segundo o presidente da Urbanização de Curitiba (Urbs), Ogeny Pedro Maia Neto, os primeiros ônibus elétricos adquiridos deverão trafegar na linha Interbairros II. O formato de aquisição ainda será definido.
Além dos ônibus, a migração energética vai necessitar de infraestrutura de apoio, como pontos de recarga dos veículos.
Sem passageiros
O ônibus BYD vai circular sem passageiros porque o posicionamento das suas portas de embarque é do lado esquerdo e não direito, como pede a operação no transporte coletivo. “Se for aprovado nos testes, no entanto, o ônibus terá que ser produzido dentro das especificações do município”, acrescenta Celso Lucio, gestor da área de especificação e inspeção de frota da Urbs.
Para simular o peso equivalente ao de passageiros, o veículo vai ser carregado com bombonas de água. O modelo D11B é um ônibus articulado, de piso baixo, tem carroceria Marcopolo, capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 quilômetros e carregamento de bateria em quatro horas.
A Enel X, parceira da BYD no projeto, é a responsável pela infraestrutura de energia. As baterias do veículo são carregadas no período noturno na garagem da empresa Glória. Quinze motoristas, dois quais duas mulheres, foram treinados para dirigir o ônibus da BYD durante o período de testes.
A ideia é avaliar a performance do ônibus em diferentes características e condições viárias, com a variação de carga a partir do carregamento das bombonas com mais ou menos água por determinados períodos.
Na circulação do carro serão avaliados itens como o consumo de energia, cumprimento da autonomia preconizada, níveis de ruídos e o desempenho do ônibus em variadas topografias (aclives, declives e plano).
A chinesa BYD está no Brasil desde 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos, em Campinas (SP). Segundo a empresa, o ônibus elétrico em teste evita, em média, a emissão de 184 toneladas de CO2 ao ano na atmosfera, o equivalente ao plantio de 1.311 árvores.
Outros testes
Além da BYD, as empresas Eletra, Volvo, Mercedes, Higer e Marcopolo farão testes - e oito veículos que serão testados até outubro.
Em setembro do ano passado, outra montadora chinesa, a Higer, fez uma demonstração do seu ônibus elétrico em cinco linhas do transporte coletivo de Curitiba. Na ocasião, 3.923 pessoas utilizaram o veículo. A Higer deve voltar a fazer testes nesse ano, dessa vez já dentro do edital de chamamento público para avaliação técnica.
O propósito de Curitiba de reduzir emissão de poluentes inclui ainda testes com ônibus a gás natural. Desde 17/4 está sendo testado um veículo a gás natural da Scania está circulando na linha Cabral/Portão.