Já estão em Santa Catarina mais dois papagaios-de-peito-roxo nascidos no Zoológico do Alto Boqueirão. Lá, no Parque Nacional das Araucárias, eles vão se unir a outros nove animais da espécie que também são fruto do sucesso do Programa de Reprodução de Psitacídeos do zoo de Curitiba.
O projeto catarinense, coordenado pelo Instituto Espaço Silvestre, promove repovoamento de papagaios-de-peito-roxo (Amazona vinacea) nesta região, onde a espécie havia sido declarada extinta, entre os municípios de Passos Maia e Ponte Serrada.
Após um período de adaptação em um viveiro, os animais destinados ao Parque Nacional das Araucárias são inseridos na natureza. “É a nossa contribuição como instituição de pesquisa e buscando atuar cada vez mais como centro de conservação de espécies”, explica o diretor de Pesquisa e Conservação da Fauna, Edson Evaristo, referindo-se ao Zoológico de Curitiba que, além dos psitacídeos, promove a reprodução fora da natureza de outras espécies ameaçadas.
Filhotes
Santa Catarina também poderá ser o destino, em um futuro próximo, de mais quatro filhotes da espécie ameaçada de extinção, que tiveram o nascimento registrado no Zoo de Curitiba nos últimos dias. “Esse sucesso é um grande indicador de que estamos no caminho certo e dos bons cuidados que esses animais recebem por aqui”, destaca o diretor.
Os mais novos filhotes nasceram de um casal vítimas do tráfico de animais silvestres e, impossibilitados de retornar à natureza, agora contribuem para a conservação da espécie com os novos nascimentos.
O programa
Há no Zoo, ainda, em local próprio fora da área de visitação, casais de papagaios-da-cara-roxa, papagaios-chauás, papagaios-charão e papagaios-moleiros, além de araras-azuis e ararajubas, que estão em atividade reprodutiva e compõem o Programa de Reprodução de Psitacídeos da instituição.
Em 2021, nasceram no zoo 32 indivíduos de 11 espécies, inclusive pelo programa. A instituição comemora também o nascimento de um filhote de papagaio cara-roxa, o segundo da espécie cujo sucesso reprodutivo foi esperado por muito anos pelas equipes do Zoológico.
Foram os papagaios-cara-roxa que deram origem ao projeto de reprodução, em 2002. O ornitólogo Pedro Scherer, hoje voluntário no Zoológico, foi quem começou os estudos. Em 1982, quando era funcionário da Prefeitura no Museu de História Natural do Capão da Imbuia, iniciou o trabalho de campo para coletar informações sobre a população dos cara-roxa na natureza.
Endêmicos do Litoral do Paraná, Sul de São Paulo e Norte de Santa Catarina, na época muitos deles eram retirados do seu habitat natural para o tráfego. As apreensões acabaram levando os papagaios para o Zoológico, o que incentivou o trabalho de reprodução para recuperar a população.
Os primeiros recintos para a reprodução em cativeiro foram construídos em 2002 com o apoio da SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental).