Metade dos pacientes com diabetes tratados na Unidade de Saúde Xaxim, na Regional Boqueirão, está reduzindo as aplicações de insulina por conta dos bons resultados no tratamento da doença. O quadro favorável foi apresentado, na semana passada, no primeiro encontro do ano das reuniões trimestrais dos grupos de diabéticos.
O grupo que recebe o tratamento na Unidade de Saúde Xaxim tem 100 pacientes e metade deste total está em condições de diminuir as aplicações diárias do hormônio.
A redução da dosagem do produto, que só pode ser decidida pelos médicos responsáveis pelo acompanhamento, está relacionada às principais condutas orientadas pelos profissionais de saúde: alimentação balanceada, prática de atividade física, uso correto dos medicamentos e controle da taxa de glicemia em casa, necessárias para o controle dessa doença crônica.
O cobrador de ônibus aposentado Maurílio Francisco Bastos, de 51 anos, é um dos pacientes com diabetes cadastrados na Unidade Xaxim que conseguiu reduzir a dosagem de hormônio. Bastos foi diagnosticado diabético em 2006, quando a doença o fez entrar em coma e passar 12 dias em uma unidade de terapia intensiva (UTI).
Os motivos do adoecimento são hoje conhecidos e combatidos: alimentação rica em gordura e açúcar, sedentarismo e cigarro. “Estou indo tão bem que a minha médica disse que vai tirar a insulina e me dar um outro medicamento”, conta Maurílio, que acaba de se submeter a uma angioplastia, necessária para tratar uma cardiopatia que se desenvolveu em decorrência da diabetes.
Qualidade de vida - Se Maurílio perdeu peso – já teve 94 quilos e está com 77 - e ganhou qualidade de vida, divide a conquista com a esposa, Mariza, a filha Karoline e a equipe de saúde. “Elas me ajudam muito em casa, preparando a comida certa e me incentivando. E na unidade o pessoal é dez, fica em cima”, resume.
Mais importante do que diminuir a dosagem de insulina, chama a atenção o endocrinologista Alexei Volaco, do Programa de Saúde do Adulto da Secretaria Municipal da Saúde, é usá-la de acordo com a dosagem e a regularidade indicadas por médicos. “As pessoas precisam entender que usar insulina não é um problema, mas uma solução segura para uma doença que vai acompanhar o paciente vida afora e que pode se agravar sem ela”, observa.
Cuidados - Volaco também chama a atenção para o fato de as pessoas responderem de forma diferente aos mesmos cuidados. “Pode ser que outras pessoas façam exatamente como Maurílio e, no entanto, apresentem taxas superiores de açúcar no sangue e não possam prescindir da insulina”, diz. Além disso, frisa o médico, o fato de alguém ter a dosagem do hormônio reduzida não significa que ele nunca mais precisará usá-lo novamente. “Se houver uma descompensação, o médico pode e deve prescrever novamente ou aumentar a dosagem”, explica.
Cadastrados - Curitiba tem cerca de 40 mil pacientes cadastrados nos grupos de controle da diabetes, existentes em todas as unidades básicas e de Saúde da Família. Além de fazer consultas, exames e retirar medicamentos, os pacientes que frequentam esses grupos têm acesso a acompanhamento nutricional, indispensável para a reeducação alimentar e reelaboração da dieta; educador físico, para orientar a prática física regular e monitorada; farmacêutico, para auxiliar na medicação correta; psicólogo, para ajudar na aceitação da doença e nas responsabilidades que ela implica por parte do paciente; e fisioterapeuta, que ensinam os pacientes a cuidar dos pés, que podem ser afetados pela perda de sensibilidade e, ao sofrer lesões, favorecer a instalação de infecções. Esses profissionais, que também prestam atendimento a outros pacientes usuários da rede municipal de saúde, fazem parte dos 29 Núcleos de Apoio em Atenção Primária à Saúde (Naaps).