Curitiba vai construir um Plano Diretor eficiente, para promover o desenvolvimento sustentável, com a participação da sociedade organizada. Essa foi a diretriz do prefeito Eduardo Pimentel no lançamento do processo de revisão do Plano Diretor, nesta sexta-feira (11/4), no Complexo Imap, no Parque Barigui. Mais de 350 pessoas, entre vereadores, secretários municipais, representantes de entidades de classe, conselhos profissionais, movimentos sociais e da sociedade civil, acompanharam o evento, que também foi transmitido pelo YouTube, no canal da Prefeitura de Curitiba.
“O poder público tem a responsabilidade de conduzir, mas se a sociedade não se envolver, não teremos os melhores resultados. O engajamento de todos é fundamental para o processo”, disse o prefeito Eduardo Pimentel.
Instituído em 1966, o Plano Diretor é revisado a cada dez anos, conforme exigência constitucional pelo Estatuto das Cidades. A atual versão está vigente pela Lei Municipal 14.771/2015. A presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Ana Zornig Jayme, fez o resgate do histórico do planejamento urbano e trouxe os principais desafios já identificados, como as questões climáticas, o envelhecimento da população e o impacto no desenvolvimento socioeconômico. “Não há um tema prioritário único que caminhe sozinho. Eles se interligam e exigem soluções integradas para que as ações do poder público tenham os melhores resultados para a cidade”, explicou.
Até junho de 2026, o processo de revisão do Plano Diretor será conduzido pelo Ippuc, com o apoio do comitê estratégico de gestão, em que fazem parte os secretários municipais de Governo, Comunicação, Meio Ambiente, Urbanismo, além do Instituto Municipal de Administração Pública (Imap) e da Procuradoria-Geral do Município. A metodologia foi desenhada com a participação da sociedade em diferentes etapas ao longo do processo, que deve ser concluído com o encaminhamento do texto da nova lei do Plano Diretor para a aprovação da Câmara Municipal. Ao longo desse período, serão realizadas oficinas comunitárias, técnicas e estratégicas, além de imersões, workshops e promoção de eventos de planejamento urbano.
O trabalho tem as diretrizes do desenvolvimento sustentável presentes na Agenda 2030, documento elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Durante o evento, foram detalhadas as principais ferramentas para engajamento social. O diretor de Planejamento do Ippuc, Thomaz Ramalho, explicou os princípios sobre os quais o processo está baseado, especialmente nas questões de visão de futuro e da orientação do desenvolvimento urbano norteado pela sustentabilidade.
“Aqui há uma importante inovação no Plano Diretor de Curitiba, que até então tinha a diretriz alinhada ao transporte e que agora incorpora um conceito mais amplo, de sustentabilidade, que também olha para outras necessidades, como a questão hídrica”, avalia Ana Zornig Jayme.
Para aproximar o tema da comunidade, foi desenvolvida uma cartilha ilustrada, em que as pautas foram organizadas por personas que representam as diferentes áreas de discussões comunitárias na fase de diagnóstico. “Essas personas vão ajudar a conectar a sociedade, ao criar identificação com questões do cotidiano que impactam na melhoria do ambiente urbano”, explicou Mônica Máximo da Silva, diretora de Pesquisa e Informações do Ippuc.
O leque vai desde temas ambientais, sociais, culturais, econômicos, entre outros, e abraça discussões sobre a cidade e a vida urbana, nomeados como Pessoas, Planeta, Paz, Prosperidade, Pertencimento e Patrimônio, Parcerias, Poder Público e Pesquisa e Planejamento. Quando as demandas forem transformadas em propostas, serão convertidas em eixo de desenvolvimento, como a economia, mobilidade, habitação, segurança pública e desenvolvimento social.
A estratégia de engajamento desdobrou a revisão em diferentes canais de comunicação. O site oficial do Plano Diretor concentra toda a documentação legal do processo, além de conteúdos como a cartilha, cronograma de ações e oficinas, estrutura de governança e de participação, como a possibilidade de agendamento de reuniões técnicas com a equipe do Ippuc, e o suporte do Conecta Curitiba, do Imap, com a expertise da escuta da população. Há ainda o acompanhamento do processo de Curitiba pela plataforma ReDus, rede de desenvolvimento urbano sustentável mantida pelo Ministério das Cidades, que também conecta comunidades envolvidas em ações de desenvolvimento urbano com iniciativas do governo federal e de cooperações técnicas internacionais.