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Consciência Negra

O que você sabe sobre a presença negra em Curitiba? Ciclo de debates e livro contam

Vista interna do edifício onde funcionou, a partir de janeiro de 1910, a Escola de Aprendizes Artífices do Paraná, junto à Praça Carlos Gomes. Na foto, alunos de várias idades, com forte presença negra. Coleçaõ UTFPR. Acervo: DPC/FCC

 

Conhece João Pedro, o Mulato? E os irmãos Paulo e Pamphilo D´Assumpção? Os engenheiros Rebouças são mais famosos, nome de rua grande na capital; sabe o que fizeram? E a Sociedade 13 de Maio, ícone do movimento negro curitibano, como e por que foi criada? Sabia que Maria Nicola foi a primeira professora negra do Paraná e Enedina Alves Marques a primeira engenheira?

O que os negros faziam para estudar, como era a luta por liberdade, como as famílias se organizavam no período da escravidão e quando os atletas começaram a atuar nos times de futebol?

Corta para anos mais recentes. Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, sambista, tocou com Paulinho da Viola, Jorge Benjor e Eliana Pittman. Waltel Branco é um dos grandes da MPB, Saul Trumpet marcou época no jazz curitibano. E Karol Conká é jovem curitibana ativa no atual show business nacional.

As respostas para aquelas e outras perguntas, além de registro de dezenas de personagens (históricos e atuais), estão reunidas no livro A Presença Negra em Curitiba e serão discutidas no Ciclo de Debates Sobre a População Negra de Curitiba, durante o qual ocorre o lançamento da versão impressa da obra, como parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, celebrado neste domingo (20/11)

Em 2020, o livro foi lançado apenas no formato digital em decorrência da pandemia de covid-19, na sequência de uma bem sucedida exposição de mesmo nome realizada na Casa Romário Martins desde março de 2018.

Com coordenação dos historiadores Maria Luiza Gonçalves Baracho e Marcelo Saldanha Sutil, a obra conta também com nove artigos de especialistas na História negra.

Construção

“A construção do Brasil se deu com três populações: índios, brancos e negros. Nossa diversidade racial, à luz do bem realizado e nas sombras de todos os dramas e dores, escreveu a História. O que somos não pode excluir nenhuma das vertentes da expressiva e bela alma brasileira. Nela pulsam os atabaques e agogôs, nela se ouvem as vozes da África”, escreve o prefeito Rafael Greca na apresentação do livro.

“Em Curitiba não se passou diferente de toda a História do Brasil”, completa.

Primórdios

Os negros fazem parte da construção de Curitiba desde seus primórdios.

“Estão presentes desde o início do povoado que deu origem à cidade”, diz a historiadora Maria Luiza Baracho. “Procuramos nesta obra mostrar o protagonismo dos negros.”

O protagonismo que se reflete em várias áreas: trabalho, locais emblemáticos, personalidades, cultura, associativismo e outras manifestações.

Estratégia

Baracho e Sutil destacam que a documentação reunida, em sua maioria do século 19, evidencia as lutas e estratégias da população negra para manterem suas famílias, na dedicação a diferentes trabalhos e formação, nas lutas diárias por respeito e direitos.

Segundo os coordenadores, os textos do livro dão ao leitor uma visão do que foi viver e lutar por liberdade e afirmação numa sociedade em que o trabalho de pessoas escravizadas e de gente livre e pobre representava importante força de trabalho na formação de Curitiba.

Especialistas

Os artigos dos especialistas se debruçam em temas específicos.

Joseli Maria Nunes Mendonça, professora do Departamento de História da UFPR, trata de experiências na escravidão; Ana Carolina Gesse, mestra, aborda a busca por liberdade no século 18; Sara Vitória Silva Monteiro, historiadora, escreve sobre a família escrava; Noemi Santos da Silva, doutorada, põe foco na escolarização de negros durante a escravidão; Luiz Geraldo Silva, historiador, aborda o período 1853 até 1888; Thiago de Azevedo Pinheiro Hoshino, doutor, Nei Luiz Moreira de Freitas, presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-PR, e Carolina Simões Pacheco, doutora, escrevem sobres os caminhos da presença negra na capital; Pamela Beltramim Fabris, doutora, trata do associativismo negro; Clarissa Grassi, mestra, explica a hierarquização nos sepultamentos; e Jhonatan Uewerton Souza, mestre, fala sobre os atletas negros no começo do século 20.

Histórias

Pelas páginas do livro descobre-se, por exemplo, que João Pedro, o Mulato, foi pioneiro do humor satírico do Brasil (não só do Paraná), que os irmãos D´Assumpção faziam parte da elite intelectual no fim do século 19 e que os irmãos Rebouças, engenheiros negros baianos, tiveram atuação marcante em obras importantes no Paraná (Estrada da Graciosa e linha férrea Antonina-Curitiba, por exemplo).

Para acessar a obra em formato digital, clique aqui.

Serviço

Ciclo de Debates sobre a População Negra e lançamento da versão impressa do livro A Presença Negra em Curitiba

  • 20/11/22, domingo.
  • 9h às 12h.
  • Solar da Cultura. Rua Dr. Claudino dos Santos, 142. São Francisco.
  • Entrada gratuita.
  • Participantes: Joseli Maria Nunes Mendonça, Ana Carolina Gesser, Noemi Santos da Silva, Thiago de Azevedo Pinheiro Hoshino, Nei Luiz Moreira de Freitas, Clarissa Grassi e Jhonatan Uewerton Souza.

 

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