A entrada em operação do novo Ligeirão na Linha Verde Norte marca uma década da entrada da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) no Brasil com o financiamento de projetos urbanos sustentáveis, viabilizada a partir de uma parceria com a Prefeitura de Curitiba.
O contrato de € 36.150.000,00, da primeira linha de crédito do organismo francês em nosso país, foi firmado com município de Curitiba em 19 de julho de 2011, como parte do Programa de Recuperação Ambiental e Ampliação da Capacidade da RIT (Rede Integrada de Transporte). A lei que autorizou a operação de crédito entre a Prefeitura e a AFD data de 2007, tendo sido o contrato firmado quatro anos depois, após o cumprimento de todos os trâmites exigidos pela União.
Com a finalização do Lote 3.1 da Linha Verde, a Prefeitura colocou em funcionamento, no último sábado (17/7), o Ligeirão Fagundes Varela/Pinheirinho, dando início à ligação inédita entre o Norte e o Sul da cidade pelo eixo da Linha Verde (BR-476). A nova linha tem capacidade para atender até oito mil pessoas por dia e vai permitir a integração de 18 linhas pelas estações-tubo, sem contar as conexões que podem ser feitas no Terminal do Pinheirinho, o maior da cidade, por onde circulam 38 linhas, sendo quatro metropolitanas. Com a integração, o passageiro pode trocar de ônibus nas estações-tubo ou no terminal sem pagar outra passagem.
“Curitiba tem honrado seus compromissos com vistas a um grande legado de estruturação urbana. O ajuste fiscal e a retomada de projetos e obras feitos pelo prefeito Rafael Greca renovaram a confiança no potencial da nossa cidade”, afirma o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur.
Outro lote de obras na Linha Verde, o 3.2, também financiado pela AFD para o corredor de transporte, tem previsão de entrega para setembro deste ano. Fazem parte deste lote a trincheira da rua Fulvio Alice, que forma o binário com a Gustavo Rattman/José Zgoda, na ligação com o Bairro Alto por baixo da Linha Verde.
Sustentabilidade urbana
Pelo programa de Recuperação Ambiental e Ampliação da Capacidade da RIT, além das melhorias na área do transporte, foram finalizados projetos e obras ambientais e de regularização fundiária, com a participação do Ippuc e das secretarias municipais do Meio Ambiente, de Obras Públicas (SMOP), do Urbanismo (SMU), da Educação (SME), além da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab-CT).
Os investimentos da AFD na área do Meio Ambiente integraram o projeto Viva Barigui, de implantação de parques lineares, recuperação das margens do rio e integração dos conjuntos dos parques Tanguá, Tingui, Barigui, Cambuí, Guairacá, Mané Garrincha e Paulo Roberto Biscaia. O projeto tem ações de médio e longo prazos para infraestrutura, fiscalização, educação ambiental e mobilização social, tendo participação do município e de parceiros da sociedade civil organizada.
Com 60 quilômetros de extensão, o Rio Barigui nasce em Almirante Tamandaré, a 15 quilômetros de Curitiba, e atravessa a capital do Paraná até desaguar no Iguaçu, na divisa com Araucária. Percorre 45 quilômetros em Curitiba. A Bacia do Barigüi banha 144 quilômetros quadrados do território em 25 dos 75 bairros do município.
Ao longo da bacia vivem 30% da população de Curitiba. Os principais afluentes do Barigüi são os rios Uvu, Campo Comprido, Vila Formosa, Cascatinha, Campo de Santana, o Ribeirão do França, Ribeirão dos Müller, o córrego Vista Alegre e os arroios do Pulador e do Andrade.
Bairro Novo do Caximba
“O empenho de nossa cidade na implantação de projetos sustentáveis fez com que a AFD renovasse a parceria num empreendimento ainda maior, o Projeto Gestão de Risco Climático Bairro Novo do Caximba”, ressalta Jamur.
O projeto do Bairro Novo do Caximba é a maior intervenção socioambiental da história recente de Curitiba. São € 47,6 milhões (de euros) em investimentos, formalizados em agosto de 2020, pela Prefeitura com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD).
As obras necessárias para o projeto deverão gerar 14 mil empregos em Curitiba, entre diretos (4.380), indiretos (2.336) e induzidos (7.300). Com a intervenção no Caximba, Curitiba busca garantir a moradia digna, e a urbanização sustentável com infraestrutura de transporte e lazer e a implantação de um grande parque linear para a conservação da Área de Proteção Ambiental (APA) no encontro das Bacias dos Rios Barigui e Iguaçu, no extremo sul de Curitiba.