No julho amarelo, campanha nacional de prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais, Curitiba reforça a necessidade de imunização contra a Hepatite B, vacina disponível no sistema público de saúde e que ainda tem baixa adesão da população adulta. A vacina é aplicada em três doses e está disponível nas Unidades de Saúde da capital paranaense.
“A vacina é a melhor prevenção contra a hepatite B, uma doença silenciosa que pode levar à cirrose e câncer se não tratada”, diz a secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella.
Ela ressalta que atualmente existe vacina contra a Hepatite B no calendário de imunização da criança, mas os adultos que não foram vacinados na infância não estão protegidos contra a doença e precisam buscar a aplicação nas Unidades de Saúde. (Veja os endereços e horários de atendimento no site Imuniza Já Curitiba).
As pessoas que não sabem se foram imunizadas contra a Hepaite B podem verificar no aplicativo Saúde Já Curitiba se está em dia com a vacinação. Basta acessar o app e clicar em ‘carteira de vacinação’ e depois na aba ‘pendentes’.
“Caso não tenha tomado as três doses, haverá a indicação de procurar sua Unidade de Saúde para se imunizar”, destaca a secretária com um alerta importante. Quem não sabe se já tomou alguma dose da vacina contra hepatite B deve buscar a imunização.
A Secretaria Municipal da Saúde está enviando mensagens pelo aplicativo para todas as pessoas acima de 30 anos que estão com a vacina contra a Hepatite B pendente.
Se a pessoa perdeu o prazo de aplicação entre as doses, pode retomar o esquema vacinal para completar as três aplicações necessárias para garantir a imunidade contra a doença. O intervalo recomendado é de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entra a primeira e a terceira dose.
Características
A hepatite é uma inflamação do fígado e pode ser causada tanto por vírus quanto pelo uso de medicamentos, álcool e outras drogas, bem como por doenças autoimunes. As hepatites virais são classificadas pelas letras A, B, C, D e E. As mais comuns são as Hepatites A, B e C.
Para as hepatites A e B existem vacinas disponíveis no sistema público, que estão incluídas no calendário de imunização da criança definido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.
A vacina contra a Hepatite A é aplicada em apenas uma dose, aos 15 meses de idade da criança. Entre as hepatites, é a que tem o maior número de casos e a contaminação está diretamente relacionada às condições de saneamento básico e de higiene. É uma infecção leve e tem cura.
Já a transmissão da Hepatite B se dá por via sexual e contato sanguíneo. A melhor forma de prevenção é a vacina, associada ao uso do preservativo. No calendário vacinal da criança a vacina da Hepatite B tem o esquema de quatro doses: ao nascimento e aos 2, 4 e 6 meses de vida. Nos demais públicos são três doses para garantir a imunidade.
A Hepatite C tem como principal forma de transmissão o contato com sangue. Não existe vacina contra a doença, mas há tratamento e cura, com medicamentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde. A doença pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a forma mais comum, de caráter silencioso, sem sintomas, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tronam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo.
O Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas acima de 40 anos façam o exame para detecção da Hepatite C, tendo em vista que o controle sobre o sangue, como em transfusões, é relativamente recente.
“A doença pode evoluir durante décadas sem que haja suspeita. Por isso, a importância da testagem nas Unidades de Saúde. Se o diagnóstico for positivo, é possível tratar com medicamentos, até a cura”, afirma a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids e Hepatites Virais da SMS, Liza Rosso.
Sintomas
Nem sempre as hepatites virais apresentam sintomas, mas quando aparecem, eles se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Série histórica
No período de 2000 a 2022, foram diagnosticados, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, 750.651 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 169.094 (22,5%) são referentes aos casos de hepatite A, 276.646 (36,9%) aos de hepatite B, 298.738 (39,8%) aos de hepatite C.
Na série histórica de vigilância dos casos de hepatites virais em Curitiba, foram identificadas em 2007, 140 pessoas com Hepatite B, 207 casos em 2017 e 285 diagnósticos positivos em 2022.
Na Hepatite C, foram 209 casos confirmados em 2007, 396 em 2017 e 269 casos positivos em 2022.
Campanha
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em estudo publicado em 2015, aproximadamente 257 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 71 milhões viviam com hepatite C no mundo naquele ano, sendo que 1,34 milhão de pessoas morreram em decorrência dessas doenças, um número comparável aos óbitos por tuberculose e superior aos óbitos por aids. Esses números motivaram a OMS a propor estratégias para a eliminação das hepatites virais como problema de saúde pública.
Desde 2019, foi instituído no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 a campanha Julho Amarelo com o objetivo de alertar sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento das hepatites virais. O mês foi escolhido em decorrência do Dia Mundial das Hepatites Virais, comemorado em 28 de julho, data criada em 2010 pela OMS.
Para comemorar o Dia Mundial das Hepatites Virais, em 28 de julho, a Secretaria Municipal da Saúde participa de evento em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde e o Serviço Social do Comércio (Sesc-PR). A equipe do Centro de Orientação e Aconselhamento de Curitiba (COA) vai oferecer testes rápidos de Hepatites B e C e HIV. Os casos positivos serão acolhidos pela equipe e encaminhados ao tratamento imediato.
A ação, aberta ao público, acontecerá das 9 às 16 horas, no Sesc da Esquina, na rua Visconde do Rio Branco, 969 – Mercês.