A estátua de Enedina Alves Marques, primeira engenheira negra do Brasil, inaugurada na última segunda-feira (15/1) pelo prefeito Rafael Greca e pelo vice-prefeito Eduardo Pimentel, já se tornou um verdadeiro sucesso em Curitiba. A escultura, localizada no calçadão da Rua XV, em frente ao histórico edifício Moreira Garcez, tem atraído a atenção tanto de moradores locais quanto de turistas que passeiam pela região.
No dia seguinte à inauguração, mais de 30 pessoas interagiram com a obra em apenas uma hora em que essa reportagem estava no local, evidenciando o impacto imediato que a homenagem teve no cotidiano da população.
A história de Enedina, sendo contada na rua, torna-se mais acessível ao público. Patrícia Santos de Melo, 45 anos, ao tomar conhecimento da homenagem, decidiu, durante uma passagem pelo Centro, conhecer a história da engenheira negra junto com sua filha Bianca, de 10 anos. “Não conhecia a história dessa mulher, e quando soube, fiz questão de trazer minha filha também”, destacou Patrícia.
Esse exemplo reflete como a iniciativa não apenas atrai visitantes, mas também inspira o interesse de diferentes gerações, espalhando o legado de Enedina.
Zilda Aparecida Rodrigues, 56 anos, já conhecia a história de vida de Enedina e acompanhou a construção da escultura pelos portais de notícias da Prefeitura de Curitiba e da Fundação Cultural. Ela veio até o Centro especialmente para conhecer a escultura e destacou a importância de a obra ser instalada na Rua XV de Novembro, no coração da cidade. "Essa rua é a história de Curitiba; um bom curitibano vem passear aqui, tomar um chopp. Trazer Enedina para essa cena é resgatar a história dela e da cidade”, destacou.
De Salvador, Alexandra Torres, 40 anos, ao se deparar com a estátua de Enedina em Curitiba, compartilha seu sentimento. "É bom e interessante ver uma mulher negra sendo enaltecida nas ruas", disse.
A proximidade com o coração da cidade não apenas transformou a paisagem urbana, mas também redefiniu a relação de Curitiba com sua própria história. A iniciativa, fruto de uma colaboração entre a Prefeitura de Curitiba, o Centro Universitário Internacional Uninter e a agência OpusMúltipla, visa resgatar culturalmente as raízes que moldam a cidade, destacando e reconhecendo personalidades negras que contribuíram significativamente para a cidade.
A escultura, representando Enedina sentada segurando um livro, simbolizando sua dedicação à educação, é o resultado de seis meses de pesquisa e produção no Atelier de Esculturas do Memorial Paranista, sob a direção habilidosa do artista Rafael Sartori. A obra não apenas homenageia Enedina, mas serve como um marco para a cidade, resgatando a importância de suas raízes culturais.
Inspiração
A trajetória de Enedina inspirou e continua a inspirar milhares de pessoas. Enedina foi uma mulher negra, filha de escravos libertos, e formou-se em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná em 1945, em uma época em que a universidade não era pensada para mulheres ou pessoas negras. Suas contribuições notáveis abrangem toda a história de Curitiba e do Paraná, que incluem o desenvolvimento do Plano Hidrelétrico do Paraná, o projeto da Usina Capivari-Cachoeira no Litoral, o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba.
A estudante de Direito Kailani Vitoria de Oliveira, 21 anos, se emocionou ao conhecer a história de Enedina. “Achei impactante e muito importante essa homenagem. Não conhecia a história da Enedina e me emociona conhecê-la. A mulher era uma gênia. Também nos faz refletir sobre tudo o que ela viveu nas questões raciais e no que ainda enfrentamos hoje.”
Paula Sayuri, 36 anos, parou para observar a estátua com seu filho, e juntos leram o livro nas mãos de Enedina. Ela afirma que a figura de Enedina nas ruas é importante por isso, para mostrar aos pequenos uma mulher tão forte.