Desde o começo do ano, os mutirões contra a dengue realizados pela Prefeitura de Curitiba já retiraram 127 toneladas de entulhos que estavam acumulados nas casas e em áreas de descarte irregulares nos bairros da cidade.
De acordo com a coordenadora municipal de controle do Aedes, Tatiana Faraco, até agora foram realizados 22 mutirões em bairros de todas as administrações regionais da cidade: Cajuru, Pinheirinho, Matriz, Portão, Boa Vista, Boqueirão, CIC, Tatuquara, Bairro Novo e Santa Felicidade, trabalho realizado por agentes comunitários e de endemias da Secretaria Municipal da Saúde e equipes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
As ações integram o Mutirão Curitiba Sem Mosquito, que tem o objetivo de combater focos do Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Mantenha o quintal limpo
Além de ter o caráter preventivo de evitar a proliferação do mosquito, Tatiana explicou que os mutirões também orientam a população a fazer o acondicionamento correto dos resíduos e evitar de deixar coisas em desuso no quintal.
Tatiana Faraco, coordenadora municipal de controle do Aedes.
“O nosso objetivo é que os entulhos saiam principalmente de dentro das casas, porque mais de 70% dos focos encontrados do mosquito estão dentro da casa das pessoas, em coisas que elas guardam no fundo do quintal, que não têm uso”, alertou Tatiana.
Inscrevem-se nessa lista vários tipos de objetos inservíveis, como pneus velhos, restos de reforma, latas de tinta, baldes, além dos vasos da planta e brinquedos de criança que ficam muitos dias jogados no quintal.
Parceria com a população
Para coordenadora do programa do Aedes, todo este esforço tem valido a pena e a maior prova está nas 127 toneladas de entulhos recolhidas em tão pouco tempo.
Tatiana Faraco, coordenadora municipal de controle do Aedes.
“A gente tem trabalhado muito isso com a população porque o controle da doença só vai acontecer com o controle do vetor. E para que isso ocorra a gente precisa do apoio de todos os curitibanos. O setor público sozinho não consegue estar 100% do tempo em todos os lugares. A gente faz muitas atividades de enfrentamento ao vetor, mas se não há colaboração do cidadão comum, mantendo os seus espaços sem locais com água acumulada, o controle do vetor fica muito difícil”, esclareceu.
Não dá para baixar a guarda para o mosquito e o número de casos da doença mostra isso claramente. De acordo com o Painel de Monitoramento da Dengue, em 2025 Curitiba registrou 214 pessoas com casos confirmados e outros 686 em investigação.
O mosquito se ambientou
Com as mudanças climáticas, o combate à dengue se reveste ainda de maior importância. Isso porque o vetor acabou se adaptando ao clima curitibano, que passou a ser mais quente.
As mesmas mudanças climáticas que causaram a estiagem prolongada dos anos de 2021 e 2022 também contribuíram para a proliferação do mosquito da dengue, pois as pessoas armazenavam água da chuva para suprir a falta de abastecimento.
Tatiana Faraco, coordenadora municipal de controle do Aedes.
“O vetor se adaptou ao nosso clima, que está mais quente. Nós agora temos uma temperatura mínima mais alta e isso é comprovado. E somado a isso nós passamos por uma estiagem muito grande e as pessoas criaram esse hábito de acumular água da chuva em Curitiba, que era uma realidade que não existia aqui. Tudo isso favoreceu muito a proliferação do mosquito”, disse.
Cuidados para armazenar água
Tatiana explicou que o trabalho dos agentes é o de orientar os moradores para evitar que este tonel de água, que normalmente fica ao ar livre e com falta de vedação adequada, se torne um criadouro do mosquito da dengue. A água parada nesses recipientes, que recebem a incidência de raios solares, são berços propícios para a criação dos mosquitos da dengue.
Para evitar isso, o cidadão precisa fazer a vedação adequada do recipiente.
“Existem maneiras de deixar esses tonéis adequados. Precisa colocar uma tela milimetrada, bem ajustada, não pode deixar nenhuma abertura. Se a água for recolhida da calha, ele pode ser vedado com uma tampa e todas as aberturas devem ser fechadas, deixando somente o cano que vem da calha e uma torneirinha no tonel para que a pessoa possa retirar a água”, ensinou.
Vistorias estratégicas
Além das residências, os agentes de endemias também visitam os comércios e empresas da cidade e locais de maior risco que reúnem condições para o vetor se proliferar, como cemitérios, ferros-velhos, pátios de veículos sinistrados, borracharias, etc.
“As equipes dos distritos percorrem estes locais, que são em torno de 500 pontos na cidade. As vistorias são realizadas mensalmente e o proprietário pode ser responsabilizado, se forem encontradas condições inadequadas. Nesses locais também é feito um tratamento químico, que a gente chama de borrifação, se houver a presença do vetor”, explicou Tatiana.
Armadilhas espalhadas
Outra forma de enfrentamento à dengue é o monitoramento do vetor através de duas mil armadilhas instaladas em toda a cidade. Essas armadilhas são vistoriadas semanalmente e quando é detectada a presença do vetor, medidas de controle serão realizadas pelos Agentes de Combate às Endemias.
Cada um faz a sua parte
Todo mundo pode se engajar no combate ao mosquito e isso pode ser feito com ações simples em casa, explicou Tatiana. A primeira providência é remover todo e qualquer local com água acumulada em sua residência, sejam pequenos ou grandes depósitos.
Tatiana Faraco, coordenadora municipal de controle do Aedes.
“É preciso fazer uma vistoria semanal do espaço. A gente pede semanal porque o ciclo do vetor é em média sete dias, de ovo até alado. Então, semanalmente a pessoa deve percorrer o espaço, seja sua residência ou local de trabalho, e remover toda e qualquer quantidade de água acumulada, destine esses objetos para um lugar coberto, mantenham esses objetos secos e cobertos”, orientou.
A colaboração de cada um também pode acontecer nas vias públicas e praças. Quando encontrar um copo ou qualquer coisa que esteja acumulando água, o ideal é juntar e destinar corretamente aquele resíduo nas muitas lixeiras públicas que o município disponibiliza em vários espaços da cidade.
O autocuidado com uso de repelente é uma forma importante de se prevenir da dengue. O repelente também protege a família da pessoa que está com dengue para que não seja contaminada.
“Se todos nós tivermos essa consciência, se o cidadão conseguir nos ajudar nesse sentido, é muito importante e é o que vai fazer toda a diferença”, finalizou.