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A FAS não desiste

Monitoramento constante convence morador de rua a aceitar acolhimento em Curitiba

Equipes da FAS ajudam a transformar a vida de homem abordado em noite gelada. Foto: Sandra Lima

Entre as 108 solicitações para atendimento a pessoas em situação de rua que chegaram à Fundação de Ação Social (FAS) na noite de sexta-feira (14/7), uma ajudou a resgatar Luiz Alberto Rodrigues, 58 anos.

O pedido de atendimento para o homem chegou às 19h33 à Central 156 e foi prontamente respondido por uma das equipes da ação intensificada realizada pela fundação sempre que há previsão de temperaturas iguais ou abaixo de 8ºC.

Luiz foi encontrado deitado na Rua Coronel Dulcídio, no Água Verde, em uma situação degradante. Apesar de reclamar do frio e de dores, não aceitou acolhimento. Diante da recusa, a equipe de abordagem da FAS atendeu ao pedido do homem de tomar uma sopa, além de acionar a equipe do Samu para atendimento de saúde.

“Como a FAS não pode forçar as pessoas a aceitar seguir com a equipe, Luiz permaneceu na rua, mas foi monitorado durante toda a noite, até que no dia seguinte mais servidores voltassem ao local para novamente oferecer atendimento”, explica a presidente da FAS. Maria Alice Erthal, que participou da abordagem durante a noite.

No segundo atendimento, Luiz aceitou seguir com a equipe até uma casa de passagem para que pudesse tomar banho e trocar de roupa. Depois de fazer a higiene, pediu para cortar o cabelo, até que foi convencido a permanecer acolhido.

Desde sábado (15/7), Luiz está na Casa de Passagem Rebouças, onde tem acesso à cama, alimentação e banheiros. Ele passou por avaliação social e será encaminhado para atendimento de saúde, documentação, inserção do Cadastro Único e futuramente para uma unidade de acolhimento onde poderá ser atendido de acordo com um plano que visa sua saída das ruas.

Tímido e reservado disse estar mais feliz. “Agora estou bem, tomei banho, comi, cortei o cabelo e troquei de roupa”, contou ele, ao lado dos educadores sociais que o abordaram e o convenceram a deixar a rua.

Conhecido

Luiz é conhecido das equipes de abordagem social da FAS. Seu primeiro atendimento foi em outubro de 2018 e, desde então, já foi abordado várias vezes pelos educadores sociais. Mas as tentativas de acolhimento foram sempre sem sucesso.

Somente em março de 2022, Luiz aceitou ser encaminhado para uma unidade da FAS onde poderia tomar banho e se alimentar. Ele permaneceu no local por seis meses, mas retornando para as ruas até que foi novamente acolhido neste fim de semana.

Convencimento

A diretora de Atenção à População em Situação de Rua, Grace Puchetti, explica que o trabalho das equipes de abordagem social é baseado no convencimento.

“Nós ouvimos muitos nãos, mas este é o papel da FAS, de não desistir. Por isso temos as equipes, 24 horas por dia, todos os dias da semana, para justamente em algum momento conseguir o sim e fazer o encaminhamento das pessoas abordadas”, diz.

Grace destaca que muitas pessoas não aderem aos serviços da assistência social e que a FAS precisa respeitar o direito de opinião e decisão de cada um, além de cumprir o que determina o artigo 5º da Constituição Federal, que trata da liberdade de locomoção de todo o cidadão brasileiro.

 

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