Os dois se conhecem bem, estão juntos desde 2016, mas admitem o nervosismo. A calmaria vem com o resultado do teste de HIV: negativo. “É um alívio, por mais que se tenha confiança”, diz a empreendedora Amanda Kissula, 28 anos.
Ela e o companheiro, o designer gráfico Teddy Tchogninou, 28, ambos africanos radicados em Curitiba há dez anos, fizeram os testes nesta quarta-feira (29/11), em uma tenda na Boca Maldita, no Centro. A iniciativa faz parte da luta contra a aids.
Ao longo do dia, profissionais de saúde distribuíram material informativo e orientaram as pessoas sobre prevenção e tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de oferecer testes rápidos para HIV.
“É uma ação que deve ser sempre realizada porque permite o acesso das pessoas ao serviço de saúde”, afirmou Tchogninou, natural do Benim, país da região ocidental da África. Amanda é angolana.
Realizada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS), a mobilização deu início à campanha Dezembro Vermelho e contou com as parcerias da Secretaria Estadual da Saúde do Paraná (Sesa), Fecomércio e Serviço Social do Comércio (Sesc).
Por causa da chuva, o movimento foi considerado tranquilo pelas equipes que passaram o dia na tenda. A maioria das pessoas abordadas no calçadão da Rua XV de Novembro e trazidas para o teste já tinha feito o exame pelo menos uma vez.
Muitos jovens, no entanto, não quiseram fazer os testes no local. “Eles preferem levar os autotestes para casa”, informou a enfermeira Katiuska Negrello, do Centro de Epidemiologia da SMS.
Foram realizados 125 testes rápidos de HIV na tenda, com dois resultados positivos. Também foram distribuídos 85 autotestes.
Boletim epidemiológico
Nesta quarta-feira também foi lançado o Boletim Epidemiológico de Curitiba. O relatório traz dados de ISTs do ano de 2021 na população de Curitiba. A versão digital do documento será disponibilizada no site da SMS, na área "Vigilância de A a Z".
De acordo com as notificações, há 18.165 pessoas que vivem com HIV/aids em Curitiba – 13.101 homens (72%) e 5.064 mulheres (28%).
Com intensificação das políticas de prevenção, testagem e tratamento, Curitiba evolui na redução de casos. Entre 2015 e 2021 a queda de novos casos de aids foi de 41,9% entre os homens e 59,5% entre as mulheres.
Com relação à taxa de infecção pelo vírus HIV, a queda no mesmo período foi de 39,4% no público masculino e 38,3% de redução no público feminino.
O diagnóstico das ISTs, inclusive HIV, está disponível em todas as 108 unidades de saúde de Curitiba. O acompanhamento das pessoas que vivem com o vírus da aids também é realizado na Atenção Primária à Saúde (APS).
O teste rápido para HIV, sífilis e hepatites virais está disponível no Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), no São Francisco.