Uma comitiva japonesa de especialistas em planejamento cumpre nesta semana, em Curitiba, a terceira e última etapa de visita técnica como parte do convênio da cidade com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e o Boston Consulting Group (BCG), com a participação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores.
O trabalho conjunto com representantes do município visa a elaboração de políticas públicas de prevenção a desastres vinculados às mudanças climáticas, projetos urbanos com foco no envelhecimento da população e inovação para a sustentabilidade.
As reuniões desta semana na cidade antecedem a terceira visita técnica de representantes de Curitiba ao Japão, com agenda prevista para o período de 2 a 6 de outubro, com a participação do prefeito Rafael Greca, do presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e secretário do Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur e da secretária Municipal do Meio Ambiente, Marilza Dias.
De parte da JICA, lidera a missão em Curitiba o diretor-geral adjunto do Departamento de Gestão de Infraestrutura, Naomichi Murooka. Acompanharam a reunião os representantes da agência japonesa no Brasil, Issei Aoki e Katsuya Ishihara, com o representante ABC, Josué Nunes. Também participaram técnicos de Himeji, cidade-irmã de Curitiba, acompanhados dos representantes do corpo diplomático, a vice-cônsul Misaki Shoji e Kumiko Abe, do staff do Consulado-Geral do Japão em Curitiba.
Compromisso
Nesta terça-feira (19/9) o grupo foi recebido no Ippuc por Jamur, Marilza e o coordenador da Defesa Civil de Curitiba, Nelson Ribeiro.
“Quero cumprimentar os técnicos do município pelo envolvimento no projeto. É muito importante termos o melhor aproveitamento dessa parceria, porque Curitiba está comprometida com o que é proposto no PlanClima no desenvolvimento de ações vinculadas às mudanças climáticas. O Japão tem muito a contribuir conosco neste campo e também em políticas voltadas à atenção ao envelhecimento da população, que fazem parte do escopo da cooperação”, afirmou Jamur.
Formalizada em 25 de fevereiro de 2022, a cooperação entre as partes tem vigência pelo período de dois anos, a contar da data de formalização, e prevê a capacitação de técnicos do Ippuc e da Prefeitura de Curitiba e a troca de experiências com equipes japonesas para a formulação de políticas públicas inovadoras, e o desenvolvimento de projetos orientados à sustentabilidade urbana.
Troca de experiências
A secretária do Meio Ambiente também ressaltou a expertise japonesa em projetos para a sustentabilidade e a importância da troca de experiências para Curitiba.
“Agradeço ao Ippuc por ter feito o resgate da cooperação técnica com a JICA. Tive a oportunidade de ir ao Japão há 29 anos para um curso de especialização, aprendi muito e isso contribuiu com minha carreira pública. É importante a cooperação para gerar oportunidades aos técnicos da nova geração que atuam no município”, disse Marilza.
Segundo o coordenador da Defesa Civil de Curitiba, que participou da visita técnica ao Japão em junho, Curitiba já está desenvolvendo um projeto inspirado em um modelo japonês. “Tive a oportunidade de conhecer as experiências deles em prevenção ante às mudanças climáticas. Com base no que vimos, começamos a desenvolver em Curitiba o programa que será chamado Família Resiliente, de orientar famílias de áreas de risco sobre como agir em situações de emergência”, explicou Ribeiro.
Sociedade 5.0
No encontro no Ippuc foi apresentada a palestra sobre a construção de uma smart city pelo doutor em Engenharia e professor emérito da Universidade de Tsukuba, Haruo Ishida. Ele também é integrante da comissão que orienta diretrizes de desenvolvimento no Ministério da Terra do Japão, presidente da comissão de Transporte e Trânsito do ministério e diretor do programa de desenvolvimento da plataforma de mobilidade inteligente daquele país.
Segundo o professor Ishida, é bastante significativo o projeto em andamento em Curitiba, coordenado pela JICA e o Ippuc. Para ele, no processo de construção de uma smart city são imprescindíveis a inclusão do planejamento urbano e a participação da comunidade.
“É importante a colaboração com a população para que o resultado possa ser compartilhado para outras cidades e países”, disse Ishida.
De acordo com o especialista, no Japão o processo de consolidação da cidade inteligentes está no contexto denominado de sociedade 5.0. A sociedade 1.0 se limitava às ações de caça e coleta; a 2.0 evoluiu para a agricultura; a 3.0 para a indústria; a 4.0 à construção de sistemas de informação e a 5.0 tem a Smart-City como uma das ações.
O caminho para a formatação de uma cidade inteligente de fato, segundo os apontamentos do professor, está em uma boa cooperação entre governos locais e federais com a identificação das demandas pelas administrações locais e a assistência técnico-financeira e de recursos humanos por parte do governo central e a criação de uma plataforma de compartilhamento e acompanhamento de ações pelas partes envolvidas.