Desempregado desde o início da pandemia, no ano passado, o pizzaiolo Fernando Rocha Pinheiro, 36 anos, almoça e janta todos os dias em um dos três pontos do Mesa Solidária, programa da Prefeitura que vem dando mais dignidade durante as refeições à população em risco social.
“Se não tivesse a comida do Mesa Solidária, eu ia estar pedindo no semáforo e comendo na rua”, garante ele, que veio de Maringá há cinco anos.
Em pouco mais de um ano de lançamento, o Mesa Solidária já distribuiu 286 mil refeições gratuitas em espaços limpos e mais confortáveis, como os restaurantes populares do Capanema e Matriz e o Centro POP Plínio Tourinho (Rebouças).
O programa começou no fim de 2019 e é uma ação conjunta de órgãos da Prefeitura - como Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN), Fundação de Ação Social (FAS) e Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, que cedem locais e apoio logístico – com 40 entidades parceiras - instituições religiosas, organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos de apoio às pessoas em situação de rua, que adquirem, preparam e servem os alimentos.
Com a chegada da pandemia de covid-19, o Mesa Solidária foi ampliado.
Claudineia França de Paula, 35 anos, almoça diariamente no Mesa Solidária do Centro POP Plínio Tourinho e janta no local ou no Restaurante Popular do Capanema. “A comida é muito boa e a gente é bem tratado”, afirma ela.
Natural de Bandeirantes, no norte do Paraná, o ajudante de serviços gerais Eder Luiz Rosário, 37 anos, está há dois anos em Curitiba. Ele dorme no Centro POP Plínio Tourinho e faz suas refeições no Mesa Solidária do local.
“Eu não estou conseguindo emprego e tudo ficou pior com a pandemia. Aqui é o único lugar que consigo comer direito”, salienta ele.
Marco regulatório
Luiz Gusi, secretário municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, conta que, atualmente, o Mesa Solidária distribui, em média, 700 refeições por dia nos três espaços do programa.
“Estamos dando mais dignidade às pessoas em situação de risco social, em especial aos moradores de rua, pois nos locais do Mesa Solidária as equipes seguem as boas práticas de segurança alimentar para evitar riscos biológicos, químicos e físicos a um grupo populacional já bastante exposto”, diz ele.
Gusi lembra também que a preocupação de estender a eficiência e a adequação sanitária do Mesa Solidária ao trabalho realizado por entidades que distribuem alimentos levou a Prefeitura a encaminhar à Câmara Municipal projeto de lei que cria um marco regulatório para as ações de segurança alimentar voltadas à população mais vulnerável. “As propostas são baseadas em práticas já adotadas pelo Mesa Solidária”, reforça ele.
O secretário observa ainda que o marco regulatório propõe coordenar melhor as ações na área, mapeamento e cadastro de entidades fora do poder público que integram o “ecossistema social de segurança alimentar” de Curitiba.
“A participação da sociedade civil organizada é assegurada, mas precisa ser regulamentada”, acrescenta ele.