Facilitar o diálogo com as empresas no momento de definir a contratação de trabalhadores com deficiência é o objetivo do médico do trabalho Humberto Bohn Nunes, há quatro anos voluntário do Departamento dos Direitos da Pessoa com Deficiência (DPCD) da Prefeitura. Desde então, ele estima ter ajudado cerca de 90 pessoas a conquistar lugar no disputado mercado de trabalho.
Em consultas individuais, agendadas pelo DPCD de acordo com a demanda, Nunes avalia os trabalhadores e emite laudos detalhados sobre cada um. Nesse documento, informa sobre a condição da pessoa e as características indicativas das atribuições que ela pode desempenhar.
“É mais que simplesmente atestar um CID, que pode não dizer muita coisa para quem está entrevistando o candidato”, explica o médico, referindo-se à sigla da Classificação Internacional de Doenças, que lista sinais e sintomas de doenças e de causas de danos.
Uma benção
“Esse médico é uma benção. Ele é muito atencioso, humano, não tem pressa de atender”, elogia Dalines Pertile, do Boqueirão, que foi renovar o laudo médico nesta terça-feira (8/8), na hora do almoço. Seu objetivo é conseguir emprego em uma atividade que possa desempenhar em casa, on-line.
Atropelada em 2018, ela machucou gravemente o tornozelo esquerdo e sofre com dores, o que dificulta seu deslocamento. “Mas posso, quero e preciso trabalhar”, contou. Ela chegou à consulta com a ajuda da irmã, a professora aposentada Débora Pertile, que soube do serviço voluntário de Nunes no DPCD por meio de uma colega da escola de educação especial onde trabalhava.
Morador do Bairro Alto, o comerciário Alexandre de Quadros foi à consulta com Nunes pela primeira vez, encaminhado por uma unidade do Sine (Sistema Nacional de Emprego) municipal. “Estou para ser contratado por uma empresa do ramo de alimentos e preciso levar o laudo explicando sobre uma doença neurológica que começou a me afetar há sete anos. Com esse documento na mão, minha chance é maior”, contou, animado.
Conexão com o outro
Para Humberto Nunes, catarinense de Balneário Camboriú e formado há 16 anos, o voluntariado é muito importante. “É necessário ajudar, mas não só isso: é preciso ter empatia para que o trabalho dê um bom resultado”, explica ele, que buscou entidades para trabalhar como voluntário até encontrar o DPCD.
Há 13 anos ele escolheu Curitiba para viver e aqui viu a família crescer. Seus dois filhos, curitibanos, participam dessa forma solidária de viver. “Há algum tempo, quando cidades próximas foram afetadas pela chuva forte, conversamos com eles sobre a importância de – mais que ajudar com doações – ir até lá e saber como as pessoas vivem e do que elas precisam”, justificou.