Um espetáculo marcado pelo brilho dos solistas e pela participação de um coral de 200 vozes encerrou na noite deste domingo (5/2), no Teatro Guaíra, a 40ª Oficina de Música de Curitiba. Com recorde de público, estimado em aproximadamente 60 mil pessoas, a edição especial da Oficina marca as comemorações dos 50 anos da Fundação Cultural de Curitiba e dos 330 anos da cidade.
O prefeito em exercício Eduardo Pimentel assistiu à apresentação e comentou que a Oficina teve uma programação intensa, com mais de 200 shows e concertos, 1.600 alunos e 120 professores.
“Essa é a finalidade da Oficina de Música, promover o aprendizado, a troca de experiências e fazer a cultura reverberar em Curitiba”, disse Eduardo Pimentel.
O concerto
O Teatro Guaíra, que nesta edição teve programação em todas noites do festival, mais uma vez ficou lotado, com um público entusiasmado com cada performance.
O concerto começou com a orquestra de alunos executando obra de Radamés Gnattali e acompanhando o quarteto de cordas formado por professores da Oficina: Bettina Stegmann e Gabriela Queiroz (violinos), Pedro Visockas (viola) e Rafael Cesário (violoncelo). A regência foi do maestro Abel Rocha, diretor artístico de Música Erudita da Oficina.
Em seguida, o violinista Guido Felipe Sant’Anna executou a obra Tzigane, de Maurice Ravel. Aos 17 anos, Guido é um virtuose. Ele venceu em setembro do ano passado um concurso mundial, o Prêmio Internacional de Violino Fritz Kreisler, na Áustria. Sua apresentação, com orquestra sob regência de Natália Laranjeira, impressionou a plateia, que pediu bis e o fez retornar ao palco.
“Os solistas convidados representam os professores que estiveram, ao longo desses 11 dias, trabalhando com esses jovens, compartilhando suas experiências e competências artísticas", disse Abel Rocha.
Coro cidadão
Alguns minutos se passaram até que os 200 integrantes do coro entrassem um a um e assumissem suas posições no palco. Enquanto isso, a regente Mara Campos falou da importância da Oficina de Música como porta de acesso à cultura musical.
“Esse é o coro cidadão, porque a maior parte é formada por pessoas que não são musicistas, não têm a música como profissão, não são estudantes de música, estão aqui por amor ao canto”, explicou. Mara acompanha a Oficina há muitos anos e conhece bem a sua história.
“A Oficina começou com um coro de 20 e poucas vozes que ao longo das décadas foi crescendo, integrando, agregando e hoje é um espaço de diversidade e inclusão”, atestou a regente Mara Campos, citando a presença de Amora, o cão-guia de um dos integrantes cegos do coral.
Apenas com acompanhamento de Clenice Ortigara ao piano, o coro cantou um dos movimentos da composição “The Ground”, do compositor norueguês Ola Gjeilo, que fala sobre a paz.
Ponto alto
O ponto alto da espetáculo foi a união de coro e orquestra, primeiro para acompanhar a soprano Rosana Lamosa, professora da Oficina de Música, na ária Casta Diva da ópera Norma, de Vincenzo Bellini. Foi o momento de homenagem aos 100 anos da cantora lírica Maria Callas. Depois, vieram as Danças Polovtsianas, da ópera O Príncipe Igor, de Alexander Borodin.
Antes de iniciar a execução, Abel Rocha mostrou que a melodia seria reconhecida por grande parte do público. Foi projetado no telão o trecho de um filme em que Tony Benett canta a música Strangers in Paradise. É exatamente a mesma melodia cantada pelas sopranos na abertura da peça erudita escrita no século 19. “Seria plágio, apropriação? Prefiro chamar de homenagem”, afirmou o maestro.
A composição vibrante do compositor russo garantiu um final triunfante para o concerto e para a 40ª edição da Oficina de Música. “Foi uma edição bem celebrada, com música feita com o coração, alunos dispostos, professores dedicados, artistas nacionais e internacionais envolvidos e o público comparecendo de uma forma carinhosa”, avaliou o diretor de Música Popular Brasileira da Oficina, João Egashira.
Evento democrático
A presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Ana Cristina de Castro, destacou o papel do festival no aprendizado musical. “A Oficina é importante na formação dos nossos alunos que, em contato com professores do Brasil e de várias partes do mundo, podem vislumbrar uma carreira promissora. Todos os dias desde 25 de janeiro, em diversos locais, tivemos apresentações a preços populares ou gratuitas, movimentando a cidade com vários ritmos e estilos musicais, o que faz da nossa Oficina um grande evento democrático”, afirmou Ana Castro.
O entusiasmo com a Oficina também toma conta do público. As irmãs Elaine e Eliane Fidalgo Dino já pensam em se inscrever para o coro no próximo ano.
“Essa apresentação foi sensacional, nunca tinha visto algo assim ao vivo. Tem uma vibração, até chorei”, confessou Elaine, que, como a irmã, é artista gráfica.
Elas foram incentivadas pela amiga Micheline Alves dos Santos, professora de artes visuais que cantou no coro da Oficina. “Para mim, já se tornou uma tradição. Participo do coro há quatro anos e amo a Oficina de Música”, declarou Micheline.
A 40ª Oficina de Música de Curitiba é uma realização do Instituto Curitiba de Arte e Cultura, Fundação Cultural de Curitiba, Prefeitura de Curitiba, Ministério da Cultura, Governo Federal, com apoio master da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e patrocínio da Volvo do Brasil Veículos e Copel Distribuição. Também apoiam o evento: Camões - Centro Cultural Português, Embaixada de Portugal no Brasil, Teatro Colón, Centro Cultural Teatro Guaíra, Escola de Música e Belas Artes do Paraná – Campus Curitiba I da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Universidade Federal do Paraná – Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), Sistema Fiep/Sesi Cultura, Família Farinha, Hard Rock Cafe Curitiba, LAMUSA – Laboratório de Música Antiga, Rádio Educativa 97.1 FM, TV Paraná Turismo, Teatro Regina Casillo e Bicicletaria Cultural.
Projeto realizado com o apoio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice) – Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Estado do Paraná.