As gestantes atendidas pelo programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha, da Secretaria Municipal de Saúde, têm agora acesso a um novo medicamento para tratar infecções urinárias. A fosfomicina trometamol passou a ser ofertada pela rede municipal em abril, somando-se a outros 154 fármacos disponibilizados à população pela Farmácia Curitibana.
A adoção do novo remédio contribui ainda mais com a redução da mortalidade infantil e materna no município, uma vez que a infecção urinária durante a gravidez é um problema frequente e pode trazer riscos à gestação. A doença aumenta a possibilidade de trabalho de parto prematuro e pode fazer com que a mulher evolua para infecções renal e generalizada.
A fosfomicina é um antibiótico solúvel e de dose única. “A grande vantagem é a maneira como é utilizada. O tratamento passa a ter mais eficácia por ser em dose única, sem depender que a paciente tome o medicamento em determinados horários”, explica o coordenador do programa Mãe Curitibana/Rede, Wagner Aparecido Barbosa Dias.
O medicamento é indicado para casos não complicados de contaminação pela bactéria Escherichia coli (E. coli), tem efeitos colaterais leves e o custo-benefício é melhor em relação à axetil-cefurima, droga que também é usada no tratamento de infecções urinárias mais graves. Enquanto o tratamento com axetil – que costuma ser feito durante uma semana – custa cerca de R$ 110, o procedimento com fosfomicina fica em torno de R$ 30. Em Curitiba, 82% dos casos são consequência de infecção por E. coli.
“Estamos realizando uma série de ações dentro do programa Mãe Curitibana para melhorar a assistência à gestante e ao bebê. Esses investimentos já mostraram resultado com a redução da mortalidade infantil nos últimos anos”, afirma o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda. De 2012 a 2014, o índice de óbitos de crianças com até um ano de idade foi reduzido em 20%. Além disso, a fila de cerca de 800 gestantes que aguardavam atendimento para avaliação de risco gestacional em janeiro de 2013 foi zerada em cinco meses. Hoje, as futuras mães não enfrentam fila para ter esse atendimento.
A doença
Estudos globais indicam que entre 5% e 15% das gestantes apresentam infecção no trato urinário e que de 1% a 1,5% evoluem para casos de infecção mais graves de pielonefrite. A fosfomicina é indicada para casos de bacteriúria assintomática (presença significativa de bactérias no trato urinário, sem apresentar sintomas) e cistite. Entre os sintomas da doença estão: vontade de urinar com frequência; ardor ao fazer xixi; e dores na bexiga, costas e baixo ventre; podendo provocar febre e até sangue na urina em casos mais graves.
Uma das mulheres que fez uso do novo medicamento pela rede municipal foi a atendente de telemarketing Rute Rodrigues Mendes, de 24 anos, paciente da unidade de saúde Trindade 1, no distrito Cajuru. A fosfomicina foi receitada no último mês de gravidez. “Eu sentia coceira e ardia quando ia urinar. Procurei o médico e, depois de dois dias que tomei o remédio, passou”, conta a mãe do recém-nascido Igor, que nasceu no final de abril com 3,725 quilos, após gestação de 39 semanas e 5 dias.
De acordo com Dias, após o tratamento com a fosfomicina, a paciente deve fazer novo exame de urina depois de uma semana para verificar o controle da doença. Para ter acesso ao medicamento gratuitamente na farmácia curitibana, a gestante deve estar inscrita no programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha e apresentar a receita médica.