Um jeito criativo e atrativo de incentivar o hábito de ler e emprestar livros da biblioteca está rendendo bons frutos na Escola Municipal Linneu Ferreira do Amaral, que possui 29 estudantes, distribuídos nas duas turmas da EJA. De 2013 para cá, a média de empréstimos de títulos por mês aumentou entre os estudantes dessas turmas da Educação de Jovens e Adultos. “Nós emprestamos para essas duas turmas da EJA na escola 120 livros por mês, de vários gêneros textuais. Isso representa em torno de 50 livros por mês a mais que nos anos anteriores”, informa a articuladora Cláudia Nunes.
As estudantes Anita Rosália Freire e Cléia Fátima Mendes foram as recordistas individuais de empréstimos na biblioteca Monteiro Lobato no mês de agosto: oito e sete títulos, respectivamente.
As professoras da escola dedicam um olhar todo especial e cuidadoso para sugerir e orientar sobre o acervo literário, com a sensibilidade de não interferir no que há de mais importante nas escolhas: o gosto e o prazer da leitura. “Muitas vezes vemos alunos emprestando livros infantis com a justificativa de que vão levar a obra para ler para os netos em casa – quando, na verdade, o empréstimo é fruto de um desejo antigo e reprimido de ler aquele livro ou aquela história em particular”, diz a professora Cláudia Nunes.
Ler é brincar
“Um livro é um brinquedo, feito com letras. Ler é brincar.” Este pensamento do educador Rubem Alves decora a parede da Biblioteca Monteiro Lobato na escola Linneu do Amaral. Quem aprendeu desde muito cedo a “brincar” com os livros e não largou mais foi a Maria da Conceição Santos Ribeiro, de 49 anos. Ela diz que estudou pouco, mas que gosta de ler. De auto-ajuda aos clássicos como a Dama das Camélias. Seu favorito é Capitães da Areia, de Jorge Amado. “Gostei especialmente da história dos meninos, do Pedro Bala, do Gato. Tem muito a ver com a realidade!”, disse. Agora, Conceição vai ler “O Velho Pássaro da Lua”. E sua colega, Antônia Pereira dos Santos, de 63 anos, diz que começou a ver o mundo diferente depois que aprendeu a ler.
EJA Indica
Aos poucos, os corredores e murais das escolas municipais, que em outros períodos são frequentadas pelas crianças, vão ganhando as expressões e produções também das turmas da Educação de Jovens e Adultos. Essa visibilidade é mais um elemento que reforça o vínculo dos estudantes da EJA com as escolas, pois transmite a mensagem de que aquele espaço pertence a todos.
O mural “EJA Indica”, que existe nas escolas com turmas da regional Cajuru, é ao mesmo tempo uma forma de valorizar a opinião dos estudantes, dar visibilidade aos seus trabalhos e também fortalecer o hábito de ler e o gosto pela leitura. Depois que o estudante devolve um título, ele escreve sua opinião a respeito. Essa opinião, acompanhada da imagem da capa do livro, é afixada no mural EJA Indica para ser compartilhada com os demais estudantes da escola.
A Escola Municipal Irati é a única da regional Cajuru que tem como biblioteca um Farol do Saber. As atividades na biblioteca são sempre sinônimo de momentos prazerosos e criativos para os estudantes de todas as idades, mas muito especialmente para jovens e adultos. A equipe do Farol do Saber Emiliano Pernetta está constantemente inventando atividades e formas criativas de fazer do espaço em si, da acolhida e do aconchego no local, uma chama e um atrativo a mais para se gostar de ler. No cartaz, o poema Dom, de Helena Kolody, resume e.ssa dedicação e compromisso: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um Sol. Outros nem conseguem vê-la”.