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Novas oportunidades

Juliana supera a violência doméstica e restaura a autoestima

Obras de restauração na Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas, requerem materiais e mão de obra especializada. Na imagem, a restauradora Juliana da Silva Antunes. Curitiba, 04/08/2023. Foto: José Fernando Ogura/SMCS.

Um curso de restauro apoiado pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Prefeitura, em 2018, mudou completamente a vida de Juliana da Silva Antunes, que integra a equipe responsável pela reforma da secular Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Chagas, a mais antiga de Curitiba

Com 32 anos e mãe de 3 filhos, Juliana passava por recorrentes abusos psicológicos e físicos pelo ex-marido, até que um dia resolveu dar um basta. Ligou para a Guarda Municipal pedindo ajuda e foi encaminhada para a Casa da Mulher Brasileira de Curitiba.

Ela conta que, além do apoio legal e psicológico na Casa, foi convidada a participar de uma seleção para um curso de restauro. “Eu tenho habilidades manuais, sempre gostei, faço crochê, macramê, fui selecionada e me encontrei no restauro. Já fiz outros três cursos na área e pretendo me especializar ainda mais”, conta.

Antes, Juliana não tinha uma profissão, fazia trabalhos aleatórios que não traziam alegria nem independência financeira. Atualmente vive exclusivamente do ofício do restauro e, além de se sustentar, vive em paz com os filhos.

Autoestima restaurada

Juliana iniciou o trabalho no local em janeiro de 2023, que foi interrompido no fim de maio para o nascimento do filho. Atualmente está em licença maternidade para cuidar do caçula, mas não vê a hora de recomeçar os trabalhos no ofício que transformou a vida dela.

Ela deixa um recado para outras mulheres que estão passando por abusos e salienta que na época em que estava vivenciando uma série de violências ela não tinha muito amor-próprio. 

“Muitas mulheres não cortam o ciclo de violência por causa dos filhos, mas um dia eles crescem e não vão entender por qual motivo continuamos naquela situação. Precisamos ter autoestima e eu conquistei a minha, hoje sou uma nova mulher”, alerta e comemora Juliana.

A simbologia do ofício

Para Tatiana Zanelatto, artista plástica, proponente do curso e dona da empresa de restauro, o ofício é altamente simbólico para ela, que também vem de um relacionamento violento e relata que já sofreu abusos psicológico e financeiro. 

Tatiana conta que é recompensador compartilhar a arte do restauro com outras mulheres que viveram histórias semelhantes à dela e ver cada uma se reerguer. Ainda segundo ela, durante o curso Juliana mostrou talento, acabou sendo contratada e além de integrar a equipe desde 2018, virou uma amiga. 

“Tem toda uma simbologia que se encaixa no processo de restauro. Descascando uma parede ou uma obra e arte, a gente vai revelando as várias camadas que sofreram a ação do tempo. Há uma beleza que surge e tudo é passível de ser restaurado, tudo”, afirma Tatiana.

O projeto RestaurAÇÃO foi uma iniciativa dela em parceria com a ONG Unicultura.

“É importante as mulheres saberem que existem alternativas, leis e políticas públicas. A Casa da Mulher Brasileira de Curitiba está de portas abertas para todas e é muito gratificante testemunhar o empoderamento dessas mulheres ao refazerem suas vidas”, declara Sandra Praddo, coordenadora geral da Casa.

Restauro da Igreja da Ordem

A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Chagas foi edificada em 1737. O emblemático edifício abriga o Museu de Arte Sacra, cuja restauração é a primeira etapa do projeto a ser entregue. 

A igreja já passou por três grandes intervenções, sendo uma delas em 1880, quando recebeu a visita do imperador Dom Pedro II. Agora, a equipe de restauradores fez uma importante descoberta, pinturas murais decorativas datadas do final do século 19, possivelmente realizadas para a ocasião da visita imperial. O achado histórico levou ao reposicionamento do projeto de mobiliário do Museu de Arte Sacra, garantindo que as pinturas restauradas fiquem à mostra para o público.

Canais de denúncias 

Patrulha Maria da Penha (para mulheres com medida protetiva) – 153
Emergência - 190
Denúncia – 180

Casa da Mulher Brasileira – (41) 3221-2701 | (41) 3221-2710
Endereço: Avenida Paraná, 870 – Cabral
E-mail: cmb@curitiba.pr.gov.br

Patrulha Maria da Penha e a Casa da Mulher Brasileira possuem atendimento 24 horas.