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Um artista completo

João Turin, idealizador e expoente do Paranismo

João Turin, idealizador e expoente do Paranismo. Foto: Arquivo

Um dos criadores e principal expoente do Movimento Paranista, exaltado no mais novo memorial de Curitiba, o artista plástico João Turin nasceu em Porto de Cima (Morretes, litoral do Paraná), em 21 de setembro de 1878. Um ano antes, seus pais chegavam ao Porto de Paranaguá, vindos da Itália.

A partir dos 12 anos, órfão de mãe e para ajudar no sustento da família numerosa, o futuro artista trabalhou como ferreiro e, a seguir, como entalhador em uma fábrica de móveis. Nessa atividade, começou a descoberta de sua aptidão para a escultura.

Em 1896, em Curitiba, foi aluno e professor na Escola de Artes e Indústrias, do pintor Antônio Mariano de Lima. Até então um autodidata, decidiu se matricular no Seminário Menor Arquidiocesano São José em 1904.

Com o aprendizado concluído e disposto a investir na carreira de escultor, seguiu para a Academia Real de Belas Artes de Bruxelas (Bélgica). Lá se apresentou em 1906, com pouco dinheiro e a promessa de uma subvenção pública que começou a receber cinco meses depois. Seu principal mentor foi Charles Van der Stappen – um dos renovadores da arte belga de então.

Paris

De Bruxelas, seguiu para Paris (França) em 1911. A ideia era ficar um ano, mas sua estada se prolongou até 1923. Nesse período, manteve ateliê no bairro Montparnasse – ponto da capital francesa que reunia a nova geração de artistas plásticos, escritores e poetas.

São dessa época os bustos - encomendados do Brasil - de Emiliano Perneta, Emilio de Menezes e Domingos Nascimento. As peças foram instaladas na Praça Osório, em Curitiba. Também se destaca o baixo-relevo Pietà – esculpido para uma igreja na Normandia (França), em homenagem aos mortos da Primeira Guerra Mundial. A peça sobreviveu ao bombardeio do templo e sua réplica integra o novo Memorial Paranista.

A obra mais importante dessa fase, porém, foi a estátua de Tiradentes, exposta no Salon des Artistes Français e responsável pela volta do artista ao Brasil. O objetivo inicial da viagem era, com sua obra, apenas participar das comemorações do Centenário da Independência, na Escola Nacional de Belas Artes. No entanto, Turin voltou a Curitiba e jamais retornou à capital francesa.

Era a época da renovação estética empreendida pelo Modernismo e, em seu estado natal, pelo Movimento Paranista. Sua casa-ateliê, na esquina das ruas Sete de Setembro com Coronel Dulcídio, sintetizava a estética por ele proposta. O prédio era ornamentado com elementos decorativos inspirados no indígena, na fauna e na flora paranaenses no portão, muro e na fachada. Foi demolido logo após sua morte.

Paranismo

Turin idealizou a Ordem Paranaense – o modelo de coluna arquitetônica inspirada na coluna grega da ordem jônica e adornado com elementos que remetem à natureza e ao homem paranaense.

Além disso, destacou-se pela escultura animalista e de temática indígena, conferindo dramaticidade e movimento às peças. Suas onças, que agora podem ser observadas no Memorial Paranista, nasceram da paciente observação noturna dos animais então mantidos no zoológico do Passeio Público – o período do dia em que elas estavam em atividade.

Artista completo

Além de escultor, Turin trabalhou elementos da arte paranista em pinturas, peças utilitárias, arquitetura e moda.

Fumante e com problemas cardíacos, o artista faleceu em 9 de julho de 1949, no Hospital da Cruz Vermelha, em Curitiba, pouco antes de completar 71 anos.

Deixou uma variada produção artística que integra o acervo do Museu Municipal de Arte (MuMA), da Fundação Cultural, além de bustos, hermas e esculturas instaladas em logradouros públicos. Além do Paraná, deixou obras no Rio de Janeiro e na França.