A retomada do cuidado com a cidade, ainda em 2017, foi apenas o começo do trabalho da Secretaria Municipal do Meio Ambiente em Curitiba nesta gestão. Os últimos quatro anos foram de reforço da zeladoria, com limpeza e manutenção intensa dos espaços urbanos; da preservação de áreas verdes; e do plantio de árvores em vias públicas e unidades de conservação.
Também chamam a atenção as ações preventivas e de resiliência em relação às mudanças climáticas, como a adoção da energia limpa e renovável em prédios e locais públicos, dentro do programa Curitiba Mais Energia e a elaboração do Plano de Ação Climática.
Exemplos disso são a instalação dos painéis solares no telhado do Palácio 29 de Março - por meio de Chamada Pública da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - e a CGH Nicolau Kluppel, no Parque Barigui, com doação da Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (Abrapch).
Além do início do reaproveitamento dos rejeitos da triagem dos recicláveis dos barracões do Ecocidadão como CDR (combustível derivado de resíduo), nos fornos das cimenteiras da Região Metropolitana.
Revolução solar
A cidade trabalha também – com apoio e recursos de US$ 1 milhão da C40, rede de cidades unidas no combate às mudanças climáticas – na estruturação de projetos para a implantação de usinas fotovoltaicas no bairro Caximba - a pirâmide solar no aterro sanitário desativado, na Rodoviária e nos Terminais Pinheirinho, Santa Cândida e Boqueirão.
Os projetos foram selecionados durante conferência em Berlim. Curitiba foi uma das nove cidades escolhidas em uma concorrência que envolveu 120 municípios de todo o planeta.
Para a secretária municipal do Meio Ambiente, Marilza Oliveira Dias, um dos objetivos é incentivar a população a adotar estas modalidades de geração de energia, em especial a solar - o que pode trazer não apenas economia, mas também redução de emissões de gases do efeito estufa.
“Vemos essa tendência entre os curitibanos”, afirma. “Também entre outros órgãos da administração municipal, como é o caso do Imap, que neste ano instalou painéis em seu complexo localizado no Parque Barigui”, completa.
Comprometimento da população
Muito além da adoção da energia limpa, o curitibano mostrou, ao longo dos últimos anos, o comprometimento com o Meio Ambiente. A participação popular - principalmente antes do início da pandemia do novo coronavírus, em março - foi fundamental para o sucesso de programas como o Amigo dos Rios, 100 Mil Árvores e os já tradicionais Câmbio Verde e Lixo Que Não É Lixo.
Mais de 150 mil pessoas passaram pelas atividades de Educação Ambiental apenas dentro do Amigo dos Rios, sobre a importância da preservação dos corpos hídricos, separação e destinação correta de resíduos e plantios de árvore nas margens de rios.
Plantios comunitários, de alunos de escolas municipais e particulares da cidade, mutirões de empresas, e do exército foram os grandes responsáveis pelas mais de 100 mil novas árvores nativas em Curitiba, de setembro de 2019 a setembro de 2020.
Reforço no saneamento
Um dos grandes desafios do país é ampliar o saneamento básico. “Nós temos 96% de rede de esgoto, somos uma cidade considerada rumo à universalização por rankings nacionais, mas não nos acomodamos”, reforça a secretária Marilza.
Firmado ainda em 2018, o novo contrato com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) foi o ponto de partida do programa Amigo dos Rios, que conta com diversos departamentos da Secretaria do Meio Ambiente, Secretaria de Obras Públicas e Governo do Estado.
Já foram mais de 139 mil vistorias hidrossanitárias realizadas pelo município e pela Sanepar para verificação das ligações de rede de esgoto e mais de 15 mil famílias beneficiadas pela ampliação das redes coletoras.
Ações de limpeza e plantio de árvores, além de obras de perfilamento, muros de contenção, drenagem, dragagem e desassoreamento foram fundamentais para a recuperação dos rios, que ganharam novas identificações e sinalizações.
Por tudo isso, Curitiba garantiu, por quatro anos seguidos o índice de melhor capital em saneamento básico do país pelo ranking da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES). Cidade também foi destaque em pesquisas do Instituto Trata Brasil.
Poços artesianos
Com o mais recente desafio de enfrentar uma crise hídrica, o município deu início no final de 2020 à perfuração de poços artesianos para, inicialmente, atender a demanda dos próprios municipais e desafogar a rede de abastecimento para a população.
A longo prazo, o abastecimento de água da cidade pode contar com a Reserva Hídrica do Futuro, idealizada pelo prefeito Rafael Greca, em estudos junto à Sanepar. A ideia é promover a interligação das cavas do Rio Iguaçu, o que pode garantir capacidade de reserva de 42 bilhões de litros d’água.
Rosto da Cidade preserva o patrimônio
Nas áreas urbanas, a limpeza e o cuidado passam por prédios históricos e patrimônios sem pichação, por onde a população não tenha receio de circular. Essa é a premissa do programa Rosto da Cidade, que promoveu limpeza e aplicação de resina antipichação em 26 imóveis públicos e 80 particulares até o mês de novembro de 2020.
Para a professora Adélia Kalluf Koury, moradora da região da Praça João Cândido desde a década de 1950, muito mais do que recuperar os imóveis, o programa foi responsável pelo resgate do Centro Histórico.
“Eu e meus irmãos brincamos muito na praça João Cândido, temos diversas fotos, mas algum tempo atrás ninguém nem atravessava a praça, era um caos”, recordou. “Hoje nos sentimos privilegiados novamente em ver o local iluminado, limpo e seguro”, completou. O prédio onde mora foi um dos particulares revitalizados.
Com seis etapas, o programa é desenvolvido em conjunto com o Ippuc, Fundação Cultural de Curitiba e Secretaria de Obras Públicas; e prevê melhorias na iluminação e acessibilidade em todo o perímetro dos imóveis do setor histórico da cidade.
O mais antigo parque de Curitiba, o Passeio Público, faz parte dessa rota e ganhou um grande trabalho de revitalização. Mais bancos foram colocados para maior conforto e apreciação do público e toda a grama foi recuperada. Foram plantadas 150 mil mudas de flores e 133 mudas de árvores nativas.
No lago, entre a nova praça do Passeio e a Ilha da Ilusão, foi instalado um deck de madeira. O trabalho teve ainda pintura e reforma dos banheiros, mudanças nos recintos de animais, restauração de bustos e placas e podas de árvores.
A revitalização do Passeio Público atendeu ao objetivo de promover a integração visual do parque, favorecer a circulação de pessoas e resgatar a identidade e o valor histórico do local.
Resgate que também acontece no Jardim Botânico de Curitiba. A revitalização, que contempla um espaço cultural, a Galeria das Quatro Estações, começou com uma reforma completa na estrutura da estufa que abriga plantas da Mata Atlântica, um trabalho que durou dez meses e foi a primeira grande intervenção desde a inauguração da unidade de conservação.
No São Lourenço, além da renovação do parque, a população vai contar com o novíssimo Memorial Paranista e Jardim das Esculturas de João Turin, um espaço de turismo e cultura para a cidade.
A Secretaria do Meio Ambiente foi responsável, ainda, pela restauração do Palácio Belvedere, na Praça João Cândido, no São Francisco. O prédio histórico agora abriga a Academia Paranaense de Letras e um café.
A preservação do patrimônio passou também pelo reforço nas medidas de segurança do mais antigo cemitério da cidade, o Cemitério Municipal São Francisco de Paula, que teve os muros ampliados e a instalação de concertinas (rede laminada) para dificultar a ação de criminosos.
As intervenções começaram no início de 2020 e são fruto de estudos feitos pela Superintendência de Obras e Serviços da Secretaria do Meio Ambiente, com a intenção de aumentar a segurança, preservando as características originais do cemitério, que data de 1854.
Além do aumento dos muros e reforço da segurança com o dispositivo laminado sobre eles, os portões laterais tiveram os vãos superiores fechados com a colocação de grades fixas.
O cemitério guarda a história da cidade e é palco das visitas guiadas, da pesquisadora e diretora de Serviços Especiais da Secretaria, Clarissa Grassi. Desde que foram incorporadas pela Prefeitura de Curitiba, em 2017, foram realizadas 161 edições, somando um público de quase oito mil pessoas.
O projeto das visitas está, ainda, entre os finalistas do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Proteção animal e biodiversidade
A parceria da Rede de Proteção Animal com as ONGs e protetores de animais foi reforçada em 2019 com a implantação do Banco de Ração que já distribuiu 350 mil refeições (ou 105 toneladas de ração) a nove ONGs e 145 protetores de animais cadastrados no programa.
O Banco foi instituído pela Lei Municipal 15.449 e regulamentada pelo Decreto 1.226/2019, que autorizou o recebimento dos insumos de estabelecimentos comerciais e industriais, apreensões e doações.
Para o coordenador de uma das entidades atendidas, o Projeto Ajudei, Aurélio Aguiar, a saúde e a consequente aparência saudável são fatores que favorecem a adoção dos animais resgatados. Hoje a ONG promove a adoção de cerca de 18 animais por mês.
“É a melhoria da saúde dos animais que atendemos com a padronização e a qualidade da ração que nos chama mais a atenção”, diz. “Mas o número de resgates ainda é grande, especialmente nos meses de férias (de dezembro a fevereiro)”, pondera Aguiar. “Por isso, o Banco também ajuda a equilibrar as nossas contas”, completa.
Um novo site, com ferramentas mais modernas para cadastro e inscrição para os eventos de castração foi outra grande conquista. A castração gratuita chegou a 60 mil atendimentos a cães e gatos desde que o programa foi iniciado.
Biodiversidade
Com um convênio firmado com o Instituto Água e Terra (IAT), o cuidado com a fauna silvestre foi reforçado em 2019. O Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS) fez o atendimento e o acolhimento a mais de 4 mil animais, vindos de fiscalização ou encontrados em risco pela população.
E o Jardins de Mel, programa que busca recuperar a população de abelhas sem ferrão, polinizadoras de 90% das plantas brasileiras, chegou a 54 espaços públicos ao longo dos últimos quatro anos. O destaque é a ampliação das caixas para as escolas da rede municipal e hortas urbanas.
Serviços online
A Secretaria do Meio Ambiente fechou o ano de 2020, um período em que foi extremamente necessário tornar a vida do cidadão mais prática e online, com seu sistema de emissão de licenças ambientais modernizado. Os documentos, que já eram emitidos eletronicamente desde agosto de 2019, puderam ser solicitados também remotamente.
Ao ano, são efetuados 25 mil procedimentos de autorização e licenciamento ambiental, distribuídos entre 24 serviços. Cerca de 15 mil autorizações, licenças ambientais e pareceres já podem ser impressos pelo próprio interessado, sem necessidade de deslocamento às unidades da Secretaria de Meio Ambiente.