Com 3.138 pacientes recuperados da covid-19, 76% do total, o Hospital Vitória encerrou nesta terça-feira (28/9) seu ciclo na pandemia. A unidade fora reaberta em caráter emergencial em 5 de junho de 2020.
A ala clínica vai passar por reforma antes de ser devolvida ao UnitedHealth Group Brasil, dono da operadora Amil, que cedera o prédio à Prefeitura de Curitiba em regime de comodato no ano passado.
A desativação é resultado da melhora nos indicadores da pandemia de covid-19, com queda consistente do número de casos e baixa ocupação de leitos em Curitiba.
“A equipe do Hospital Vitória está de parabéns porque cumpriu seu papel e demonstrou o acerto da nossa estratégia em não improvisar. Desde o início da pandemia ampliamos leitos nas estruturas hospitalares existentes, o que proporcionou às equipes segurança e aos pacientes qualidade no cuidado”, disse a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak.
Em quase 16 meses de funcionamento, o Hospital Vitória atendeu a 4.119 pacientes de Curitiba, da região metropolitana e de outros estados, como Rondônia e Mato Grosso, a quem o município foi solidário.
Resultados
O hospital foi administrado pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde. No auge do enfrentamento à pandemia, a unidade contou com 122 leitos, 64 deles de UTI. Mais de 550 profissionais trabalharam no local.
“O Hospital Vitória é um exemplo de como a fundação pode colaborar com a manutenção e a qualidade da assistência à saúde aos curitibanos”, avaliou o diretor-geral da Feas, Sezifredo Paz.
Para o gerente assistencial do hospital, Bruno Henrique de Mello, a desativação é uma boa notícia para a população porque significa que a situação melhorou.
“Os resultados foram construídos por muitos profissionais de diferentes áreas que entregaram o seu melhor. O número de recuperados e o reconhecimento dos pacientes e familiares são o nosso maior indicador”, comentou o enfermeiro.
Inovação
Aberto para atendimento exclusivo a pacientes com coronavírus, o Hospital Vitória implantou duas auditorias, de beira-leito e de prescrição, feitas por meio de aplicativo e com transmissão de dados em tempo real.
A auditoria à beira-leito era realizada desde fevereiro, diariamente, para verificar se procedimentos foram feitos e, nesse caso, da forma correta. Também checava a segurança de equipamentos usados no cuidado do paciente, como grade da cama travada ou monitores bem posicionados.
Foram realizadas mais de 6 mil auditorias à beira-leito desde o início do atendimento. O monitoramento dos cuidados permitia um diagnóstico dos pontos mais frágeis dos cuidados, importante para intervenções rápidas.
Identificar uma eventual falha no cuidado ou em um equipamento e buscar a solução com rapidez diminui o risco de agravamento do quadro do paciente. A equipe podia intervir imediatamente e não apenas quando ocorria um evento adverso ou uma infecção, por exemplo.
A tecnologia também ajudou a rever processos graças ao processamento instantâneo dos dados e a geração de gráficos e relatórios. Quando um procedimento recebia a classificação de “não conformidade” mais de uma vez, os gestores avaliavam se era necessário realizar treinamento ou reavaliar a metodologia.
Prescrição
A auditoria de prescrição era feita semanalmente em pacientes aleatórios, via sistema, cruzando dados da prescrição dos medicamentos com as anotações no prontuário. Isso garantia que o medicamento fosse dado e que a administração dele fosse registrada em prontuário do paciente.
Também realizada desde fevereiro, a auditoria de prescrição avaliou o prontuário de mais de 1,5 mil pacientes, reduzindo as inconformidades para 21,2% no primeiro mês e abaixo dos 15% nos meses seguintes.
A coleta desses dados de auditoria era realizada pelos enfermeiros hospitalistas por meio de um celular usado exclusivamente para este fim.
Videochamadas
O celular também aproximou pacientes dos familiares. Por se tratar de uma doença muito transmissível, a presença de acompanhantes durante o internamento não é permitida e as visitas acontecem em casos que a equipe do hospital considera necessárias.
Neste contexto, as videochamadas puderam levar a imagem e a voz do paciente aos familiares, amenizando a saudade. Entre janeiro e julho de 2021, foram mais de 3 mil ligações por vídeo.