Planejada para produzir cerca de 20 mil quilos de hortaliças orgânicas por ano, a horta comunitária urbana Augusta B, na Regional CIC, garante mais que alimentação fresca, de qualidade e sem custo na mesa. Os beneficiados são as 49 pessoas que trabalham no cultivo dos canteiros e mais 200 pessoas da comunidade.
“Eu penso que foi um dos melhores projetos que a Prefeitura poderia trazer pra cá, principalmente por causa dos idosos. É um remédio muito eficiente contra depressão e falta de atividade de quem fica em casa”, opina a líder comunitária Maria Aparecida da Silva Ferreira, a Mara, que participa de uma das duas associações de moradores parceiras da administração municipal e da Copel na iniciativa.
A companhia de energia cedeu o terreno de 6,9 mil metros quadrados por onde passam linhões de energia e não poderiam ser edificados. A Secretaria Municipal da Segurança Alimentar e Nutricional (SMSAN) oferece suporte técnico e insumos para a manutenção dos canteiros para o espaço – que é uma das 145 hortas comunitárias urbanas mantidas em parceria com a Prefeitura.
Pés na terra
Os agricultores urbanos concordam. “Isso aqui restaura a vida, é felicidade, o lugar onde a gente esquece dos problemas. Sem falar que a gente só precisa ir no comércio comprar frutas”, conta a aposentada Clara Veiga do Prado, de 71 anos, sobre o antigo depósito de lixo informal e que hoje é sinônimo de saúde mental, principalmente para os mais velhos.
Clara e o marido, Antenor, também aposentado e com a mesma idade, estão entre os dez idosos que pegam na enxada. Há 25 anos morando no bairro, eles ficaram felizes quando, há cerca de 2 anos e meio, a horta foi implantada pela Prefeitura. Para o casal, foi a oportunidade de se reconectar com as origens rurais herdadas da família de cada um – a dela de Guarapuava, no sul do Paraná, e a dele, do interior de São Paulo.
“O prazer de cuidar do nosso alimento e ver ele na mesa, fresquinho, até melhora a saúde da gente”, conclui Clara, que convive com a hipertensão arterial. Antenor tem diabete. Ambos fazem acompanhamento médico na Unidade de Saúde Augusta.
Atenção permanente
A horta fica a cinco quadras da residência do casal. Quando não está cuidando do irmão doente, Clara procura ir até lá pelo menos duas vezes por semana. “Mas o Antenor vai todo santo dia, de domingo a domingo. Quando não é pra colher ou plantar, é pra adubar a terra e tirar o mato do nosso canteiro”, diz.
A rotina só muda por conta do clima adverso do fim da primavera, prejudicial ao cultivo. “A chuva de pedra moeu a alface e a couve. Uma pena: preteou tudo”, lamenta. Apesar disso, Clara já tem olhos para a colheita próxima de repolho, escarola, cebolinha e quiabo, entre outros presentes da natureza.