Tampinhas de caixas de sucos, papelão e pedaços de madeira são os materiais usados por homens acolhidos pela Fundação de Ação Social (FAS) que participam do projeto Reciclar, Reaproveitar, Criar e Doar. A ação socioeducativa transforma materiais recicláveis em jogos educativos, para depois serem doados a unidades da instituição que atendem principalmente crianças e adolescentes.
Entre os jogos confeccionados estão os de tabuleiros, como xadrez, dominó, jogo da velha, além de pebolim e jogo da memória.
O projeto teve início em janeiro deste ano no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) Doutor Faivre, instalado dentro do Centro Intersetorial de Atenção a Pessoas em Situação de Rua (FAS SOS), em frente à Rodoviária. A ação acontece toda quarta à tarde e, atualmente, os participantes estão na fase de confecção da primeira leva dos jogos.
Sustentabilidade e interação
A coordenadora do Centro POP Doutor Faivre, Eridan Rocha, explica que o projeto surgiu com o objetivo de despertar nos acolhidos a consciência ambiental e promover a socialização. “Além de estimular o reaproveitamento de materiais, a iniciativa promove interação entre os participantes e reforça o senso de pertencimento e cidadania”, destaca.
De acordo com o educador social Edson Biano, todos os materiais usados são adquiridos a partir de reaproveitamento.
“As tampinhas são de garrafas de suco consumidas na unidade, os papelões são recolhidos de descartes e os pedaços de madeira são doados pela Marcenaria da FAS”, diz Biano. Os participantes sugeriram quais jogos seriam produzidos, de acordo com o material disponível.
Coordenadora do projeto, a educadora social Elenir Araújo conta que a atividade nasceu de forma espontânea e logo conquistou os atendidos. “Começamos como uma brincadeira, mas logo o grupo passou a se dedicar cada vez mais. Muitas vezes, mesmo após o tempo previsto, eles querem continuar produzindo os jogos”, diz.
“É gratificante ver o resultado”
Para Alexandre Rosa, 39 anos, natural do Rio de Janeiro e em Curitiba há três anos, o projeto tem sido uma experiência transformadora. "Essa atividade ocupa minha mente e me ajuda a não pensar em outras coisas. Se tivesse todos os dias, seria uma verdadeira terapia para todos nós”, explica. "Aqui, convivemos, damos força uns aos outros e percebemos que não estamos sozinhos na busca por uma vida melhor.”
Enquanto pinta um tabuleiro de damas, Alexandre fala da participação no projeto. “Já ajudei a recolher tampinhas para o jogo e pintei palitinhos para o jogo da velha. É gratificante ver o resultado final e saber que nosso trabalho vai beneficiar outras pessoas", diz.
Para Alexandre, além da ação socioeducativa, a FAS SOS oferece muitos outros serviços importantes para quem estava em situação de rua. “Aqui a gente tem suporte e acolhimento. Fiz meus documentos, ligo para minha família e sinto que tenho apoio para seguir em frente. É um espaço de crescimento, não só para mim, mas para todos que participam."